O anúncio de Paulo Rangel como cabeça de lista do PSD para as eleições para o parlamento europeu demonstra o estado do partido e da política em Portugal.
Em primeiro lugar, devo dizer que Paulo Rangel é um político cheio de valor e substância e um dos melhores parlamentares da Assembleia da República.
Dito isto, penso que seria muito mais útil cá, na batalha do dia a dia, do que em Bruxelas, onde a relevância das suas intervenções será inevitavelmente secada pela distância e a falta de imediatismo.
A dificuldade do PSD em arranjar um cabeça de lista credível mostra, obviamente, a pobreza que o rodeia. Não por culpa da sua actual líder, como se diz por aí, mas por culpa das anteriores lideranças e do fascínio que o poder suscita no nosso país.
Após a saída de Durão Barroso, o partido perdeu-se em lideranças estéreis, primeiro com os devaneios de Santana Lopes, seguidos da menoridade de Marques Mendes e que terminaram em histeria com Menezes.
Com isto, conseguiu-se descredibilizar o partido e, a pouco e pouco, afastar grande parte das pessoas que ainda podiam marcar a diferença.
Junte-se a cultura portuguesa da atracção pelo poder. No nosso país, quem manda adquire imediatamente uma aura de credibilidade e respeitabilidade que nunca teve até essa data. Foi assim com Durão Barroso e é assim com Sócrates.
Surgem sempre uma série de sabujos e mangas de alpaca prontos a apoiar tudo o que vem de cima, ao mesmo tempo que os clientes do regime se escondem, incapazes de afrontar quem pode decidir o destino dos seus negócios.
Resultado: quem está na oposição tem fatalmente uma extrema dificuldade em aliciar pessoas.