30.6.06

Tempo de remodelar

Sexta-feira, estamos no Verão, véspera de um importante jogo da selecção portuguesa no mundial de futebol. José Socrates decide remodelar o governo, saindo Freitas do Amaral do ministério dos Negócios Estrangeiros, para lá transitando Luís Amado e entrando Nuno Severiano Teixeira para o ministério da Defesa.
Acautelem-se, porque se Portugal chegar à final mais cadeiras dançarão...

Dormir no armário

É inevitável. Sempre que um qualquer agente imobiliário olha para a minha cara depois de eu ter visto o tamanho do quarto do apartamento que me está a mostrar e que mais parece um armário prestes a ser engolido pelas paredes, sai-se com esta:

“O quarto é jeitoso! Sabe como é, hoje em dia, os quartos são só para dormir!”

Pois é, são para dormir, para acordar, para nos vestirmos, para nos despirmos, ouvir música, ler, falar ao telefone, ver televisão, jogar playstation, estudar, brincar, conversar, enfim…

Aliás, se é só para dormir, não percebo o fútil capricho das janelas e varandas.

29.6.06

Ainda o Portugal Vs Holanda

Apesar de tudo o que já foi dito sobre este jogo, não vou conseguir passar sem partilhar a minha opinião com os leitores deste blog.
O mais importante é reconhecer a intensidade do jogo e a forma agressiva com que foi disputado. Não vale a pena culpar o árbitro porque num jogo com tantos casos e tão dificultado pelos jogadores era impossível ele não errar. Nem dizer que nos prejudicou, porque isso é falso. Podemos apenas supor que, com um bocado mais de classe, tinham-se evitado certos comportamentos. Mas isso seria sempre uma suposição porque os comportamentos mais recrimináveis nem sequer foram dele!
Quanto aos holandeses, têm as mesmas responsabilidades que nós na agressividade do jogo. Talvez com duas agravantes: foram os primeiros a abusar da impetuosidade (que o diga Ronaldo) e a simular faltas (casos do Robben no início da partida).
Tudo o resto faz parte: fair play ninguém teve - nem Robben, nem Kadhim, nem Heitinga, nem Figo, nem Nuno Valente, nem Deco.
Daí também o descontentamento de alguns (poucos) - que eu partilho - com a desresponsabilização do comportamento dos jogadores portugueses. Se tem havido evolução na disciplina da nossa selecção, até nas equipas do nosso campeonato, essa é que deve ser louvada e incentivada, em vez de andarmos ao colo com aqueles que agridem (verbal e fisicamente) treinadores, colegas ou árbitros.
Senão continuaremos a ficar admirados, com pose de virgens ofendidas, cada vez que nos lembrem o nosso passado (que nós continuamos ainda a agravar) de "caceteiros e farsantes" - mas também não vale a pena perder muito tempo a analisar os constantes chorrilhos da "imprensa" britânica, cuja idoneidade e imparcialidade todos conhecemos bem...
Eu devo dizer que sou um admirador dos jogos com nervos à flor da pele. Não só, mas também. E já tou a esfregar as mãos para sábado... Agora é que isto começa a ter piada. Para mim basta haver lealdade (que nem sempre houve dia 24) na disputa, que a agressividade eu admiro. Se até entre amigos, a feijões, é possível perder as estribeiras e não controlar emoções... Não é pelo facto de ganharem mundos e fundos que as pessoas passam a ter auto-controlo - o contrário é até bem mais verdade.

Plano tecnológico

Após ter lançado uma modalidade de comunicação via CTT que consegue juntar o que de mais incómodo tem o correio tradicional com o que de mais inacessível e complexo (para os mais velhos) tem o correio electrónico, o governo anunciou ontem, mais uma vez com enorme pompa e circunstância, o portal Net-Emprego, que pretende ajudar aqueles que necessitam a encontrar mais rapidamente o emprego desejado.

Os militantes do PS aguardam ansiosamente pelo Net-Boys.

Mais três

O FC Porto, inexplicavelmente (ou talvez não) a viver dificuldades de tesouraria, comprou Ezequias, ao (adivinhem) Corinthians Alagoano, depois deste jogador ter passado sem grande glória pelo Marítimo e pela Académica. O Jogo descreve-o da seguinte forma:

Habitualmente usado no centro ou do lado esquerdo da defesa, também aparece com regularidade em funções de meio-campo.

Ou seja, tanta polivalência já é meio caminho andado para não ser bom em lado nenhum…

28.6.06

Sentido figurado

Fernando Ruas, incitou anteontem a população da cidade a "correr à pedrada" os inspectores do Ministério do Ambiente.
As suas palavras: "Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo".

São declarações responsáveis e próprias de um líder local de um estado de Direito e que demonstram a inteligência de quem as proferiu.

No entanto, o mesmo Fernando Ruas veio agora dizer que "estava a falar em sentido figurado" e que, por isso, as suas afirmações "não deveriam ter tido uma interpretação literal".

Isto, apesar de na altura ter dito que estava a medir bem aquilo que dizia.

De notar que, como exemplo, o autarca não hesitou em citar Scolari, certamente por se identificar com o nosso seleccionador no que toca à urbanidade e respeito pelo trabalho alheio.

27.6.06

Last update...

A Bragatel, empresa de TV por cabo de Braga, tem a página com os canais disponíveis em manutenção há anos. Aliás, todo o site é uma vergonha, de um amadorismo confrangedor, para uma empresa que também oferece soluções de internet.

Ele vive

Tribunais liquidatários

O governo prepara-se para criar dois tribunais, um em Lisboa e outro no Porto, para despacharem os processos pendentes nos tribunais administrativos e fiscais.
Segundo a mesma notícia, os tribunais administrativos e fiscais que já existem apenas se irão ocupar dos processos novos.
É uma medida que se saúda. Actualmente, no TAF de Braga, a simples citação do Réu leva cerca de cinco meses e, num processo de oposição a uma execução fiscal, leva-se mais de um ano a notificar o oponente da contestação da fazenda pública.
Além disso, servirá para aquilatar da real capacidade dos tribunais existentes para enfrentarem o expediente normal, sem desculpas ou subterfúgios para nenhuma das partes.

Outros Horizontes

Ler, n' O Jogo, Desaprender no Mundial, por José Manuel Ribeiro.

26.6.06

Seriedade acima de tudo

Após uma exaustiva análise ao Código de Procedimento e Processo Tributário, não encontrei nenhuma disposição que impeça os funcionários das repartições de finanças de sorrir.
Será que existe alguma circular emitida pelo ministério?

O quarto jogo

25.6.06

Prof. Peseiro

Estou a gostar muito de ouvir o Prof. Peseiro falar sobre fisiologia...

Outros Horizontes

Leitura obrigatória de Hannibal Lecter na Parvónia, por Filipe Nunes Vicente, no Mar Salgado.

Diamante

A ouvir o genial Diamantino na Sport TV. O jogo vai cumprindo as suas profecias...

"(...) este jogo confirma o que eu estava a dizer (...)"

"(...) os jogadores parece que ouviram o que eu estava falar (...)"

Tudo o que é demais é erro

É praticamente consensual que os media portugueses são nauseantes com a história do Mundial. Mas também já não há paciência para os comentários de JPP sobre futebol...

24.6.06

A grande revelação deste Mundial

Sem querer reinvindicar qualquer mérito pela descoberta, até porque já tinha sido avisado por um dos colegas deste blogue, o João Pedro Martins, e por uma crónica de Tavares Telles, a grande revelação do Alemanha 2006 é, sem dúvida, André Vilas Boas, o fiel espião de Mourinho, no FC Porto e no Chelsea.
Explica-nos, como poucos, o que está por detrás das fintas e dos golos que fazem levantar os estádios, sem complexos de inferioridade intelectual e sem tiques de mestre de uma qualquer ciência oculta.
E como o bom filho à casa torna...

23.6.06

The Divine Comedy


O regresso de Neil Hannon. Ainda não ouvi...

Opel da Azambuja

Sem ser perito em economia, apenas me baseando no que tenho lido e ouvido, penso que o encerramento da fábrica da GM na Azambuja não tem nada que ver nem com a incompetência do nosso Estado em formar quadros competitivos ou com uma qualquer deslocalização, fruto do mundo global em que vivemos.
A transferência da produção da fábrica portuguesa para Espanha é apenas um acto racional de gestão, de uma empresa que se encontra com algumas dificuldades financeiras e que, por via disso, necessita fechar algumas unidades.
E, avaliando essa fatalidade, a sua administração decidiu que o fecho da unidade portuguesa seria a que envolveria menos custos e melhor potenciaria os restantes activos da empresa.
Repare-se que a GM não pretende, nem vai, criar novos postos de trabalho num outro país. Trata-se de um corte puro e simples no seu número de trabalhadores.
Por muito que Portugal seja um país moderno e tecnologicamente avançado, este tipo de indústria tem sempre interesse e nenhum outro país a desdenharia. O único óbice que esta fábrica possui é que é mais pequena do que outras do mesmo dono, traduzindo-se, por isso, o seu fecho em menores sacrifícios.
Penso que, neste caso, e sem querer menorizar o drama social, o Estado português, através do seu governo, pouco poderia fazer para evitar este encerramento, já que se tratam apenas de vicissitudes no ciclo natural de uma empresa.
Outra questão é a culpa dos sucessivos governos pelo facto de dificilmente aqueles trabalhadores encontrarem emprego a curto ou médio prazo.

Holmes vs. House

Desde que comecei a acompanhar a série que pensava o mesmo, Mário Almeida, no A Fonte, expressou-o de forma exemplar (via http://www.housemd-guide.com/holmesian.php).

As suas deduções baseavam-se em grande parte em apenas olhar para uma pessoa
Os seus diagnósticos baseiam-se em grande parte em apenas olhar para uma pessoa

O criador de Holmes baseou-o num médico
Greg House é médico

O seu nome soa a “Homes”
O seu nome é um sinónimo de Homes

Sherlock Holmes lutava contra crimes mortais
House luta contra vírus, doenças e problemas médicos mortais

Usava cocaína para escapar ao tédio
Usa Vicodin para a dor na perna e escapar ao tédio

O assistente de Holmes chamava-se Watson
O amigo de House chama-se Wilson

Arrogante. Dizia que a humildade seria uma mentira
House é extremamente arrogante

A música era importante para Holmes e tocava violino
A música é importante para House e toca piano

Sherlock Holmes vivia em 221B Baker St.
O número da porta de house é 221B

O arqui-inimigo de Holmes era Moriaty
Moriaty é o nome do personagem que …

22.6.06

O terceiro jogo

Portugal voltou a cumprir a obrigação e ganhou ao México.
Os primeiros trinta minutos foram de muito boa qualidade, com a equipa a ser carregada por Maniche (grande golo) e guiada a alta velocidade por Simão Sabrosa (muita classe na assistência).
Incompreensível o pânico que se instalou na equipa a partir do primeiro lance de bola parada mexicano. Nunca mais conseguiu controlar o meio-campo, jogando aos repelões e deixando-se encostar pelo adversário. Valeu a sorte do jogo, com o perdão de expulsão a Miguel e o pénalti falhado por Bravo.
Apesar de ter deixado algumas boas indicações, como o grande momento de Maniche (sempre presente nas grandes ocasiões) e a boa forma de Simão, a equipa portuguesa demonstrou, uma vez mais, que a defesa continua muito permissível, com Meira à cabeça.
O central do Estugarda não acerta nos tempos de entrada à bola e está cada vez mais nervoso, colocando os colegas em permanente sobressalto.
É verdade que Miguel tem feito uma bom torneio, mas com a instabilidade defensiva que se vive, talvez Paulo Ferreira seja mais útil, principalmente nas bolas altas.
Figo esteve 45 minutos a mais em campo. Ele bem se encostou à linha, mas Scolari só o deixou sair a dez minutos do fim.
Penso que entre a Holanda e a Argentina, é preferível a primeira, mas sem entrar em grandes optimismos, muito menos alardear qualquer favoritismo, até porque a Holanda, ontem à noite, esteve longe de se mostrar aterrorizada com a hipótese de nos defrontar.

21.6.06

S. João em Braga

Como certamente acontece em muitas outras cidades, a festa do S. João é desculpa, em Braga, para tentar enfeitar e animar o centro histórico.
Não sei se o responsável é a Câmara Municipal, a Associação Comercial ou ambos, mas a verdade é que esta semana que anunciam de festa transforma-se num verdadeiro martírio para quem tem de trabalhar e frequentar esta zona da cidade.
Além de terem decorado as ruas com iluminação de gosto muito discutível, as barracas que, ano após ano, se instalam por toda a Avenida da Liberdade mais não servem do que impedir as pessoas de circularem livremente pelos passeios e para vender material muitas vezes contrafeito.
Mas, pior que tudo isto, durante todo o dia, de manhã até ao anoitecer, alguém se lembrou de trazer animação sonora às ruas. Animação essa que é protagonizada por uma voz off gravada que dedica todo o seu tempo a publicitar alguns estabelecimentos da região utilizando slogans de criatividade muito duvidosa e num tom que coraria de vergonha qualquer locutor de rádio de sótão.
Para piorar a situação, quando essa voz se cala surge aquilo a que alguns portugueses chamam condescendentemente de música popular.
É algo que não se entende no nosso país. Porque é que as festas populares têm de ser sempre sinónimo de boçalidade, confundindo-se sempre o típico com o piroso?

20.6.06

Recuperando uma nota perdida

E contrariando o que aqui tinha escrito, Marcos Senna, ontem, exibiu-se tão mal que nem que se naturalizasse saudita teria lugar neste mundial…

Novas competências

Li hoje na capa do Público (link indisponível) que a nova lei das autarquias locais prevê, em nome da competitividade fiscal entre os municípios, que estes possam baixar até 3% a taxa do IRS.
À partida, parece-me uma boa medida, já que, ao mesmo tempo que traz uma maior responsabilidade fiscal e social aos municípios, serve para os contribuintes terem uma melhor noção sobre o que é que cada autarquia faz (ou desfaz) com o seu dinheiro.
No entanto, penso que, com esta novidade, é imperativo que surja um travão nas transferências das receitas do IMI e do IMT para os municípios. Caso contrário, já todos sabemos como é que cada autarca vai compensar a via tão popular de baixar a taxa de IRS aos seus queridos munícipes.

19.6.06

O segundo jogo

Portugal jogou bem contra o Irão, por muito que se possa desvalorizar o adversário. E jogar bem, seja contra que equipa for, é sempre positivo (olhe-se para o Brasil ou Inglaterra).
Deco foi o melhor em campo. O patrão do meio-campo mostrou (como já se sabia) que a sua presença é crucial para elevar a equipa ao patamar de potência do futebol.
Figo está de facto a fazer um grande torneio. Confesso que fui dos que duvidei do seu regresso à selecção. Mas ele bem merece mais este sucesso. Pela carreira que fez e continua a fazer, merecia deixar vincada a sua presença num evento destes. Foi uma injustiça não lhe terem pedido para marcar o pénalti.
Cristiano Ronaldo é daqueles jogadores que nos faz sempre ansiar pelo próximo jogo. Continua o excesso de individualismo, mas, quem o vê jogar, sabe que está ali um dos melhores do mundo que só não será o melhor se não quiser aprender o pouco que o seu talento não dá para resolver. Não merecia marcar o pénalti.
Por último, uma palavra para Maniche. Não entendi a sua substituição (mais uma vez, peço desculpa ao infalível seleccionador). Não me lembro de falhar um passe. Trouxe objectividade e profundidade ao jogo de Portugal e só se os grandes da Europa andarem cegos é que não deixará o dourado exílio russo.
Pela negativa, viu-se Fernando Meira. Jorge Andrade faz muita falta e Ricardo Carvalho (ao contrário de Pepe, no nosso campeonato) ainda não é capaz de jogar por dois.
Contra o México, como não se pode esperar para ver o que faz a Argentina, é ganhar, poupando-se Figo e quem mais se puder.

16.6.06

Uma nota perdida do Mundial

Quando se vê Zé Roberto a jogar ao lado de Emerson, constata-se que nem mesmo o Brasil se pode dar ao luxo de expatriar Deco e Marcos Senna.

O que verdadeiramente interessa...

A prova de que em Portugal apenas se gosta da discussão estéril está no tratamento que foi dado aos dois últimos livros editados sobre os meandros da política portuguesa.
O livro de Carrilho, apenas feito de conjecturas e teorias delirantes do autor, provocou uma imensa histeria e comoção, com debates acalorados e intensos, que da mesma forma que surgiram logo desapareceram.
O livro de Paulo Morais, baseado em factos concretos e que colocam em causa o funcionamento de todo o poder autárquico português, não mereceu mais do que umas referências pelas agências noticiosas. Salve-se apenas a competente e interessante (como sempre) entrevista de Mário Crespo ao antigo vereador.

14.6.06

A Bola e o SLB e prof. Marcelo II

Quando se consulta a lista dos jogadores do Mundial mais pontuados pelo jornal A Bola e constatamos o 8/10 do Simão Sabrosa, temos finalmente certeza do que há muito se suspeitava, grande parte da transmissão televisiva dos jogos fica por mostrar!

Ainda no mesmo jornal, sem qualquer ponta de interesse os inenarráveis postais do prof. Marcelo!

13.6.06

O maná da medicina

A propósito da (débil) liberalização das farmácias, têm surgido opiniões que defendem um aumento do número de vagas nos cursos de medicina, sugerindo, para isso, a abertura de novas faculdades.
Penso que em Portugal faz falta uma mentalidade economicamente mais liberal. No entanto, existem sectores em que avançar cegamente nesse sentido pode ser perigoso. E o sector do ensino universitário é um deles.
É verdade que aí se movem interesses, por vezes totalmente escondidos, que detêm uma grande força económica. Porém, acho que abrir totalmente as portas de alguns cursos apenas serve para levar ao engano centenas ou milhares de jovens que passam anos a estudar para uma profissão que nunca terão condições de exercer. Facto ainda mais grave se pensarmos que muitos deles, quando escolhem o curso a que se candidatam, ainda estão muito longe do seu processo de amadurecimento e, portanto, sem grande capacidade ou lucidez para tomar uma decisão com tanto peso no seu futuro.
No caso da medicina, penso que se deve aguardar pelos resultados dos aumentos de vagas que têm sido feitos sucessivamente pelos governos nos últimos anos e da criação dos cursos nas Universidades do Minho e da Beira Interior. Resultados esses que só se farão sentir plenamente daqui a três ou quatro anos.
Basta vermos o que se passa com o Direito, em que o Estado autorizou a abertura de cursos em qualquer vão de escada. Ano após ano, milhares de pessoas deixam as universidades habilitadas para exercer funções sem que a sociedade delas necessite. Como resultado, temos jovens desesperados, sem outra solução que não voltar-se para outras direcções, dando praticamente como perdido o tempo que passaram nos bancos das faculdades. Tempo perdido esse que representa um desperdício de recursos, não só deles, mas também do próprio Estado.
Dir-me-ão que é isso mesmo que defende a sociedade liberal, a selecção dos melhores. No entanto, numa sociedade saudável, essa solução nunca poderá implicar tamanho desperdício.
Por último, da mesma forma que existem interesses que impedem a abertura de faculdades, também existem outros que vêem nessa mesma abertura a oportunidade para florescer, nem que seja à custa de meras ilusões.

12.6.06

Prof. Marcelo

No que diz respeito a futebol tenho tanto interesse em ouvir a audiência senil da Bancada Central como o novo comentador futebolístico da RTP, o prof. Marcelo! É este opinar desenfreado que descredibiliza os super-comentadores.

No País das Maravilhas


Num dos últimos episódios a que assisti, House, o médico descendente directo de Sherlock Holmes, ensinava alunos de medicina relatando experiências anteriores e questionando-os sobre qual seria a cura para os sintomas apresentados.
Com a sua habitual sagacidade e sarcasmo, o genial doutor humilhava os discípulos que falhavam na cura ou na percepção correcta da causa da maleita.
No entanto, houve algo particularmente fantasioso (se é que se pode pedir algum realismo numa série televisiva deste género) neste último episódio, e demasiado favorável ao método pedagógico utilizado. É que por cada insulto com que House brindava o anfiteatro por cada resposta mal dada, surgiam logo duas mais, sempre prontas a ser achincalhadas.

Ministro providencial

E, de providência em providência, talvez, um dia, se consiga fechar alguma maternidade deste país.

O primeiro jogo

Correndo o risco (como se eles me lessem) de irritar alguns verdadeiros intelectuais deste país (e que muito admiro), juntamente com Luís Figo e Scolari, deixem-me dizer.
Pobrezinha a exibição da selecção portuguesa contra Angola. Foi um início de noite de serviços mínimos, contra uma das três piores equipas da prova, juntamente com Trinidad e Tobago e Togo (esta é mais um palpite do que real conhecimento).
Apenas Figo (a pagar juros do que nos deve desde a Coreia), Tiago e Miguel conseguiram subir um pouco além da mediania. Pauleta marcou um golo, mas depois atrapalhou mais do que ajudou.
Além disso, o jogo serviu para mostrar, mais uma vez, que a naturalização de Deco foi providencial e que o que Cristiano Ronaldo verdadeiramente gostaria era de ver bandeiras com a fotografia dele.

11.6.06

Mundial

Que mal fizemos a Deus para ter que levar com estes comentadores nos jogos do Mundial? Neste momento ouço os delírios do saudoso Diamantino sobre o Irão...

9.6.06

O meu onze


Agora que o Mundial está a começar, aqui vai o melhor onze que já vi jogar em todos os campeonatos que acompanhei.

8.6.06

Prioridade

Se fosse Pacheco Pereira ou António Lobo Xavier, quando tivesse de comentar alguma medida do governo, na Quadratura do Círculo, exigiria falar sempre antes de Jorge Coelho.
É que depois de ouvir o tom e as palavras de Coelho, qualquer vontade que se tenha de elogiar um acto governativo dá imediatamente lugar à náusea.

6.6.06

Outros Horizontes

Ler "Promessa Não Cumprida", no esplanar, por João Pedro George.

5.6.06

Até já...

Durante os últimos meses, o ministro António Costa apareceu por várias vezes nas televisões, apresentando e demonstrando a bondade das suas medidas contra os incêndios. Estava determinado a acabar com esse flagelo que todos os anos leva parte da nossa reduzida riqueza natural.
Contou até com a (desinteressada) ajuda da RTP que, em nome do interesse público, emitiu um Jornal da Tarde em directo de um quartel de bombeiros, devidamente apetrechado com os melhores meios no combate aos fogos florestais.
Ou muito me engano, ou só vamos voltar a ver e ouvir o senhor ministro lá para meados de Outubro…

Sugestão

2.6.06

Outros horizontes

“Mal Amados”, no Abrupto, por José Pacheco Pereira (artigo publicado no Público, de ontem).

1.6.06

Novo Código Penal

A perspectiva, prevista no novo Código Penal, de alargar o que deve ser considerado como crime de maus-tratos cometido contra uma criança parece-me perigosa e exagerada.
Penso que uma sociedade só deve considerar crime a prática de actos que sejam unanimemente vistos pela sua população como censuráveis e condenáveis. E, mesmo dentro destes, apenas aqueles que atinjam um desvalor considerável.
Considerar que qualquer tipo de castigo corporal a uma criança (apesar do peso psicológico da expressão) é crime não me parece justificável. E ainda mais incompreensível se torna quando nos lembramos que há muito pouco tempo foi elaborado um acórdão, muito polémico, é certo, que até o defendia.
Sem subscrever o referido acórdão e não me considerando, nem de longe nem de perto, defensor ou condescendente com qualquer tipo de violência, parece-me que uma palmada a uma criança, dada pela pessoa certa, na altura certa e no local certo, não lhe faz mal nenhum, bem pelo contrário.
Mas, independentemente de se concordar ou não com essa corrente de pensamento, parece-me abusivo do legislador querer impor a sua concepção pessoal, quanto a uma questão que está longe de ser pacífica no interior da nossa sociedade, mesmo entre os magistrados judiciais.
Penso que o problema deveria ser resolvido através de uma cláusula geral (dentro dos limites da constitucionalidade), que deixaria a solução casuisticamente nas mãos dos juízes e no amadurecimento da comunidade.