28.2.05

Porto - Benfica

Impressionante! Nos últimos 14 anos apenas há um jogo entre Porto e Benfica que a comunicação social consegue recordar: a longínqua vitória dos benfiquistas por 2-0. É o único jogo a que todos (televisão e jornais) fazem referência.
Esperemos que para o ano tenham de recuar um pouco mais. Sim, porque a memória é o que lhes resta...

Crime organizado

A ANMP pretende processar Saldanha Sanches por ter afirmado numa entrevista ao DN que «o número de autarcas que exigem luvas é assustador».

O regresso de Marcelo

Não achei particularmente entusiasmante o regresso de MRS ao comentário.
A jornalista que o acompanhou não conseguiu transmitir entusiasmo e a escolha dos temas não foi a melhor. Acho, aliás, que o formato, sem trazer nada de novo em relação ao da TVI, e falando basicamente do mesmo do que se falava nos seus telejornais de Domingo, é francamente pior.
O próprio cenário não ajuda, escuro e triste, dando um ar demasiado intimista e fechado a um programa que se quer aberto e abrangente no que toca ao seu público. Parece mais feito para a 2 do que para a RTP1.
O professor não esteve ao seu nível, mas a culpa não foi só sua. Faltou-lhe alguém que estimulasse o seu discurso e conduzisse o programa. Acabou por ter de acumular as funções de apresentador com as de comentador.

25.2.05

Calma

Concordo com aqueles que dizem que o PSD precisa de ter calma e ponderar bem o seu futuro. Apesar de haver dois actos eleitorais relativamente próximos, o partido não deve precipitar-se na escolha do novo líder e, acima de tudo, na definição de um novo projecto político.
É necessário que se dê espaço e tempo para que surjam o maior número possível de candidaturas. Se se procurar o novo líder em estilo de "contra-relógio", apenas se está a favorecer o aparecimento das figuras que sempre fizeram da política o seu modo de vida, já a tendo estruturada para isso mesmo, não se dando oportunidade àqueles que se fizeram na sociedade civil e aí granjearam o seu prestígio e competência, necessitando, por isso, de mais preparação e ponderação para avançar.
Obviamente que ninguém deverá estar à espera que alguém compre um carro novo para se marcar o congresso, mas penso que ninguém perde nada por haver um pouco de serenidade.

24.2.05

Transparente como a água que bebemos

Uma questão que tem passado relativamente despercebida na comunicação social é a privatização de algumas empresas municipais ligadas à água e à recolha de resíduos urbanos.
O primeiro município a avançar com tal medida foi Braga, lançando a câmara um processo de privatização de 49% do capital social da AGERE, a empresa de águas, efluentes e resíduos da cidade.
Esta é uma questão que merece toda a nossa atenção, já que essas empresas encarregam-se da satisfação de necessidades básicas da população, como o abastecimento de água e a recolha de lixo nas cidades. Exercem, portanto, uma actividade extremamente apetecível, e, por consequência, com uma enorme facilidade de atracção de investimento privado, devido aos lucros potenciais que esse mesmo investimento pode gerar.
Exsitem, assim, uma série de questões que importa esclarecer, sob pena de o processo favorecer situações um pouco obscuras e de duvidoso interesse público.
Em primeiro lugar, interessa justificar convenientemente essa privatização. São das poucas empresas municipais que apresentam lucros, não se percebendo, facilmente, o interesse das câmaras em alienarem activos tão preciosos.
Praticamente toda a população de determinada cidade se vê na contingência de recorrer aos seus serviços, não se percebendo porque é que deverão ser dois ou três grandes investidores privados a lucrar com o exercício das funções públicas dessas empresas, sempre em situação de monopólio. Neste aspecto, ao invés de se ter feito um concurso público, como se fez em Braga, seria mais justo, transparente e democrático recorrer à cotação dos 49% do capital da empresa a privatizar em bolsa, como fez a administração central na privatização de algumas empresas públicas nacionais. Inserir-se-ia o capital a privatizar num mercado aberto, e em que aquele ficaria disponível para ser adquirido por qualquer interessado.
Essas empresas aplicam coimas (por vezes manifestamente exageradas), sendo necessário explicar qual o destino do dinheiro que a sua aplicação origina.
Aliás, não deixa de ser suspeito que o consórcio vencedor do concurso realizado pela Câmara Municipal de Braga, sob a superior supervisão do seu presidente, Mesquita Machado, seja composto por empresas ligadas à construção civil e obras públicas na cidade (DST - Domingos da Silva Teixeira, SA, ABB - Alexandre Barbosa Borges, SA e BragaParques, SA ). Tal facto ainda se torna mais nebuloso se pensarmos que actividade de construção civil se encontra em forte recessão, devido à construção selvagem permitida por quase todos os municípios portugueses, necessitando as empresas desse ramo de novas fontes de lucros.


Court de ténis no heliporto do hotel Burj Al Arab no Dubai (via Boing Boing).

23.2.05

"A vida como ela é"

Excelente texto de F.J.Viegas no Aviz.

Triste realidade

Apesar de não ser situação exclusiva do PSD, ler o editorial de Eduardo Dâmaso no Público de hoje.

Assim não

Já descontando o facto de Menezes não ser uma hipótese minimamente credível para líder do PSD, não será certamente uma personalidade como Marques Mendes que realizará qualquer renovação neste partido. Aliás tem-se assistido a uma clara sobrevalorização da personagem na imprensa. Verdadeiramente, qual é o currículo de M. Mendes?

Sol na eira e chuva no nabal

Mário Soares defendeu ontem na SIC Notícias que o PS necessita, como "de pão para a boca", de governar em permanente diálogo com os partidos à sua esquerda. Segundo o ex-presidente só assim se pode impedir que esses partidos cresçam em consequência da contestação ao PS, se José Sócrates ignorar as suas propostas. De facto, Mário Soares tem razão numa coisa: se o PS governar com políticas de esquerda próximas do PCP e do BE pode evitar muitas manifestações incómodas. Esquece-se é que o PS ganhou estas eleições com o eleitorado do centro que não hesitaria, nesse caso, em mudar o seu voto para o PSD, nas próximas eleições.

Pacheco Pereira

Para quem critica Pacheco Pereira pela sua posição contra o líder demissionário do PSD, acusando-o de falta de lealdade ao partido que apenas soube utilizar para sua promoção pessoal, queria apenas lembrar que o mesmo Pacheco Pereira recusou o apetecível e prestigiante cargo de embaixador português na UNESCO, para poder gozar dessa mesma liberdade crítica.
Se isto não é pôr os interesses do partido à frente dos seus próprios interesses pessoais, o que será?

Freitas do Amaral

Freitas do Amaral apoiou Durão Barroso quando este foi eleito primeiro-ministro. Defendeu mesmo a maioria absoluta do PSD nessas eleições. Como prémio, ou apenas pela sua competência, foi indicado pelo governo (em representação do accionista Estado português) para presidente da assembleia geral da Caixa Geral de Depósitos.
Tal facto, no entanto, não o inibiu de elaborar um parecer jurídico contra o governo e Estado português (ou seja, contra o accionista que o indicou), em favor dos trabalhadores da Caixa, a propósito da célebre transferência do fundo de pensões dos seus trabalhadores para a Caixa Geral de Aposentações. Não viu aqui o professor qualquer conflito de interesses, mas que, certamente, levaria ao chumbo qualquer advogado-estagiário (por grave ignorância das normas deontológicas) que, sequer, admitisse essa hipótese academicamente.
Entretanto, Freitas do Amaral havia declarado o seu apoio incondicional a Sócrates e a uma eventual maioria absoluta do PS, falando-se, agora, insistentemente, no seu nome como ministeriável.
Oportunismo político? Não, certamente apenas um apurado sentido patriótico e de clarividência.

Eles acordaram...

E, repentinamente, o jornal A Bola descobriu que há demasiados processos sumaríssimos, no nosso campeonato. Porque será?

22.2.05

Santana Lopes: inocente ou culpado?

A determinação do grau de responsabilidade de Santana Lopes na derrota eleitoral do PSD é uma questão que tem dividido profundamente os eleitores do partido. Quanto aos apoiantes dos outros partidos, a sua opinião parece consensual quanto à desastrosa prestação do ainda Primeiro-Ministro e à justiça do resultado obtido. Resta saber se não diriam o mesmo de qualquer outro que tivesse sucedido a Durão Barroso...
É no interior do PSD que as divergências se tornam evidentes e se apresentam como uma confrontação assumida entre dois polos opostos: os que consideram Santana Lopes como grande responsável pela calamidade eleitoral, devido à sua incapacidade para liderar o Governo e aos episódios tristes que se sucederam; e os que consideram Santana Lopes vítima de múltiplas adversidades, incluindo críticas cerradas de figuras do próprio partido, que o deixaram isolado ao comando de um barco que não era o seu e que já se estava a afundar com Durão Barroso (nas eleições europeias).
Numa situação de normalidade era, de facto, impensável e inadmissível que personalidades como Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira e tantos outros não se associassem de forma empenhada ao combate político, em defesa dos interesses do partido, unindo-se em torno do líder. A sua não disponibilidade seria encarada certamente com estranheza pela grande maioria dos apoiantes do partido. Nos últimos meses, pelo contrário, assistiu-se dentro do partido a uma adesão significativa à posição destas figuras, e a um repúdio de Santana Lopes. Esta falta de coesão partidária, que seria facilmente classificada como traição numa análise superficial, compreende-se plenamente pelo tipo de relação que Santana Lopes desde sempre estabeleceu com o partido. De facto, desde os tempos de Cavaco Silva, Santana Lopes tem desempenhado o papel de animador e desestabilizador do partido, marcando constantemente a sua posição com o anúncio de intenções ameaçadoras para os líderes em exercício, e modulando a sua estratégia consoante as oportunidades de ascenção. A sua disponibilidade para combates eleitorais, muitas vezes por ele referida, nunca teve como objectivo colocar-se ao serviço do partido mas sim disputar, por esse meio, um espaço de sobrevivência no interior do PSD. De cargo em cargo, sem qualquer fio condutor coerente, foi construindo a sua carreira política à margem dos líderes. Como podia querer o Dr. Santana Lopes ter o apoio do partido se ele próprio sempre viveu em confronto com os seus dirigentes?

Tempos que se avizinham

Depois de ouvir hoje no Fórum TSF o discurso boçal do líder da distrital de Braga, Vrgílio Costa, não vão ser fáceis os próximos tempos do PSD. Infelizmente ele é o retrato triste e deprimente das actuais lideranças neste partido.

Um mínimo de lucidez

Segundo a SIC-Notícias, afinal Santana Lopes não se recandidatará à liderança do PSD. É uma boa notícia para um partido que não necessita (nem se pode dar ao luxo) de uma guerra interna.

Bom dia! A chuva voltou!

21.2.05

Indiferença de Santana Lopes

Santana Lopes protagonizou ontem, durante a noite eleitoral, mais um momento surpreendente (ou talvez não). Quando se esperava, no mínimo, uma pose séria, de consternação e tristeza devido à sua responsabilidade no embate sofrido, eis que surge um líder do PSD sorridente e com um ar despreocupado, agradecendo aos seus fiéis e ruidosos apoiantes.
O conteúdo do discurso veio depois justificar esta postura quando, com uma filosofia barata, Santana Lopes provou que as derrotas eleitorais são até proveitosas na medida em que permitem saborear melhor as vitórias.
Se o estilo desinibido e inconsequente de Santana era por todos bem conhecido e não constituiu surpresa, já a sua total indiferença afectiva perante um acontecimento tão marcante como foi esta derrota eleitoral chega a ser patológica. A postura inadequada do líder do PSD revela uma incapacidade de envolvimento emocional e pessoal na situação vergonhosa que o partido ontem viveu, que foi uma das mais negras páginas da sua história eleitoral, e que todos os seus militantes e simpatizantes viveram com angústia. Qualquer líder político, ainda que frio e insensível, teria ontem sentido claramente que a sua continuidade seria indesejável para a recuperação do partido nos próximos tempos. Ainda que Santana Lopes considere que tem condições para continuar, por uma questão de dignidade pessoal era obrigado a demitir-se ontem, nem que fosse para se recandidatar no próximo congresso.

Vencedores

PS - Foi, indubitavelmente, o grande vencedor da noite. Conseguiu retirar o poder ao PSD, e com maioria absoluta. Foi o grande beneficiado do descontentamento dos portugueses. Com a votação de ontem alcançou um resultado histórico, mas também tem sobre si enormes responsabilidades. Não terá desculpa para não governar e proceder às reformas necessárias. Terá contra si a própria lógica do partido e os seus vícios. Veremos se voltamos aos tempos de Guterres, em que admitiu cerca de 200 mil pessoas na função pública.

Sócrates - E o poder caiu-lhe mesmo nos braços. Mostrou-se um líder pouco carismático e sem audácia. Mas soube, de algum modo, capitalizar o mau momento que o país atravessa. Veremos como se porta como primeiro-ministro. O seu primeiro discurso foi fraco, demasiado vazio, eufórico e arrogante. Não o esperam facilidades, e já deu para ver que convive muito mal com a crítica, que costuma ser particularmente violenta contra o primeiro-ministro no poder.

PCP - Não só estancou a descida, como conseguiu mesmo subir. Uma das surpresas da noite. Poucos o esperariam, quando Jerónimo foi empossado como líder. No entanto, não conseguiu impedir a maioria absoluta do PS, o que diminui muito a sua importância real.

BE - Outro dos vencedores (como toda a esquerda). Não impediram a maioria absoluta do PS, mas lá lograram a anunciada duplicação da votação e, por consequência, o espaço que ocupam no parlamento. Não são necessários, mas isso até é bom para um partido de protesto, que vive de fait-divers e do show-off na comunicação social. Mais uma vez não poderão ser responsabilizados por nada. Algum exagero nos festejos leva a crer que, na sede, já estava em vigor uma das suas apregoadas liberalizações (a que Louçã, ele assim o confirmou, não sabe dizer que não)...

Jorge Sampaio - Os portugueses deram-lhe razão e o que ele queria. Uma maioria forte, com condições de estabilidade, evitando que a sua dissolução agravasse ainda mais o problema, em vez de o resolver. Deve ter suspirado de alívio...

Ortografia da verdade

O Público de hoje escreve citando Jorge Coelho que o PS vai "ejectar sangue novo". O problema deve ser mesmo esse, vai ejectar em vez de injectar...

Hipocrisia

Santana tem a memória curta, ele que se queixa da falta de união, das punhaladas nas costas, esquece-se que no passado sempre foi um factor de divisão, que sempre reclamou espaço para criticar tudo e todos (era a versão enfant terrible que se transforma em menino-guerreiro) e chegando ao cúmulo (como a memória pode ser mesmo selectiva) de ameaçar fundar um novo partido.
Depois deste passado movido pela mais pura ambição pessoal vem agora preparado para queimar tudo à sua volta, um ajuste de contas contra os que não lhe reconheceram as virtudes que ele julga ter.
Acompanhado pelo que há de mais medíocre no PSD, o menino-guerreiro vai fazer a última (espero) birra que pode sair muito caro ao futuro do partido. Os ressentimentos estão à flôr-da-pele.

Mas o problema do PSD não se resume a Santana, o partido profissionalizou-se politicamente, no pior sentido da palavra. Marcos Antónios, Antónios Pretos tornaram-se paradigmas de um novo PSD, dependente do lobby autárquico, das jotas, em que a política se torna um objectivo per si, um modo de subsistência, um eufemismo para "arranjar um tacho". Personalidades sem qualquer relevo na vida civil, mesmo exemplos de mediocridade e de falta de honestidade, tornam-se reconhecidas e autorizadas vozes partidárias.
Claro que isto não é um problema individual do PSD e ameaça a vida de todos os partidos do arco do poder.
Está a atingir-se a ironia suprema, os cargos mais difíceis e exigentes vão sendo ocupados pelos menos capazes.

Vencidos

PSD - Foi, sem dúvida, o grande derrotado das eleições. Os portugueses penalizaram os governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Terá, agora, de saber revitalizar-se, procurando no seu interior, mas também fora dele, soluções para a crise. Não pode cair na tentação de encontrar respostas fáceis e indolores. É a altura de se voltar a assumir como o partido reformador de referência da democracia portuguesa.

Santana Lopes - Outro grande derrotado das eleições. é um homem só, dentro e fora do partido. Não consegue encontrar à sua volta pontos de sustentação ou de apoio realmente credíveis. Aqueles que o rodeiam primam pela mediocridade e pela lógica dos interesses pessoais. Levou o PSD a um dos piores resultados de sempre. Não é o único culpado, mas é um dos maiores. Não só não trouxe qualquer valor acrescentado, como ainda afundou mais o partido. Incompreensível, a sua atitude kamikaze, procurando incendiar e lançar o caos em todo o partido.

PP - Chegou-se a pensar que iria escapar à hecatombe do governo que sai. Foi notório o esforço de Portas em tentar capitalizar para si o lado mais positivo da governação. Mas a verdade é que também caiu. Apesar de não ter descido aos níveis de tempos não muito longínquos, fica numa posição incómoda, num parlamento em que, com a relação de forças existente, vai ter muita dificuldade em se fazer ouvir.

Paulo Portas - A derrota é maior porque dramatizou e pessoalizou demasiadamente a campanha, na sua recta final. Foi ele quem lançou como obrigatória a fasquia dos 10% e a posição de 3ª força política. Foi ambicioso e isso acabou por penalizá-lo pessoalmente. Ao contrário de Santana, teve dignidade na derrota, fazendo um discurso de demissão ao seu melhor nível, recheado de emoção, drama e teatralidade. Ainda não me convenci do seu verdadeiro afastamento, podendo estar em marcha mais um golpe de teatro.

Durão Barroso - Ao aceitar o cargo de presidente da Comissão Europeia, lançou-se numa fascinante e prestigiante aventura pessoal, mas lançou também o país e o seu partido para uma crise profunda. A solução que encontrou para a sua substituição foi ruinosa e, cada vez mais, incompreensível. Melhor que ninguém, ele deveria conhecer Santana e aqueles que o rodeavam. É outro que foi fortemente penalizado nas eleições de ontem, mas, sorte sua, está demasiado longe, para que se sinta verdadeiramente afectado.

Terramoto político

Os resultados destas eleições foram, de certa maneira, surpreendentes. Se já era certa a vitória do PS, a confortável maioria absoluta atingida juntamente com a subida significativa do BE e CDU constituem uma deslocação em massa do eleitorado, nunca antes vista em Portugal, e que altera, de forma relevante, o jogo de forças no espectro político com representação parlamentar. O PSD, que sempre disputou as eleições para vencer, foi ontem totalmente arrasado, mesmo em regiões onde no passado sempre resistiu aos avanços do PS. O CDS não escapou à catástrofe, embora conseguindo conter as perdas para um nível não escandaloso. Por outro lado, o PS obtém, com um líder aparentemente pouco entusiasmante, e depois de uma campanha neutra e à defesa, um resultado histórico. A subida do BE e CDU era um facto previsível, mas difícil de conciliar, à partida, com uma maioria absoluta do PS. O que acabou por acontecer representa, a meu ver, um autêntico terramoto político que abriu fendas profundas nos partidos à direita do PS, em especial no PSD. Na análise desta situação não podemos deixar de incluir a figura do Presidente da República que, apesar de não ter um papel activo nestas eleições, esteve sempre presente (inclusivamente nos discursos de Santana Lopes).

O futuro do PSD

O PSD não pode entrar na guerra que Santana deseja. É altura de o partido se unir.
O que os santanistas querem é entrar na lógica de que os votos que obtiveram são todos de apoio a Santana, o que, apesar do fracasso do partido, poderia transformá-lo, sozinho, numa força temível. Nada mais falso!
O que se deve retirar é que Santana levou o PSD a mínimos de votação históricos. E apenas isso. Ninguém duvide que, mesmo com o partido dividido, houve muitos que votaram PSD, mesmo não apoiando Santana. Só por brincadeira, ou manifesta má-fé, se pode dizer que esta votação representa um qualquer apoio a Santana.
A grandeza do PSD sempre esteve no facto de ter uma consciência crítica que nenhum partido em Portugal apresenta. O poder, só pelo poder, não interessa. É preciso ter condições e qualidades para o exercer. E foi isso que vários membros do partido viram que Santana não tinha. Um membro de um partido deve-lhe alguma fidelidade, mas não pode ser cego, sob pena de o levar à sua própria destruição.
Não duvido que o universo de apoio de Santana, a nível de congresso, até pode ser algum, devido às lógicas partidárias e aos seus interesses, mas ao nível de militantes ele é inexistente.
E acredito que Santana vai ver isso, agora ou mais tarde...

"Advogado do Diabo"

Não querendo parecer o "Advogado do Diabo", penso que os militantes do PSD deverão preocupar-se com o futuro congresso do seu Partido político. As ilações dos resultados eleitorais, certas ou erradas, já foram tiradas por todos, inclusivamente pelo Dr. Santana Lopes. Acredito que haja muitas opiniões, e respeito-as! É minha convicção que o resultado obtido pelo PSD corresponde, na sua maioria , aos "Santanistas"! Não são suficientes, é um facto! Mas as vitórias só se atingem com união! É triste pensar que certas figuras do Partido só "aparecem" quando "gostam" do seu líder. Dá ideia que o Partido é apenas um veículo de promoção pessoal. É muito fácil comentar, criticando tudo e todos. Existem argumentos válidos para julgar negativamente o ainda, e quem sabe futuro, Presidente eleito do PSD. Quem for justo, deverá não esquecer que os principais opositores eleitorais do Dr. Santana Lopes estiveram dentro do seu próprio Partido. Se as convicções dos seus rivais forem assim tão fortes e coerentes, não haverá falta de candidatos para ocupar o seu lugar!...

Quando?

Quando é que nos livramos dessa figura patética que é Santana Lopes?
Santana está a ver se implode o partido, motivado apenas pela pura ambição pessoal, é o poder pelo poder.
De salientar a elevada qualidade dos apoiantes de Santana visíveis no seu triste discurso de derrota.
O PS agredece, não lhe bastava a maioria absoluta, ainda vai ter Santana a promover a auto-flagelação do PSD, não se avizinhando oposição para os próximos tempos.
Santana queixa-se de ter estado sozinho, não tem ele a dignidade para constatar que o defeito é seu e há quem não goste de andar mal acompanhado e de caucionar disparates?

20.2.05

Um partido em guerra

Santana vai obrigar o partido à mais traumática das guerras, a guerra interna. Viu-se a cara dos que estavam com Santana, hoje à noite. Era a face do ódio e do ressentimento pessoal.
Tempos muitos difíceis se avizinham, e espero, para bem da democracia, que o PSD não se deixe afundar com Santana Lopes.

Braga

PS - 45,42%, 9 deputados
PSD - 32,88%, 7 deputados
CDS/PP - 7,82%, 1 deputado
CDU - 4,78%, 1 deputado
BE - 4,61%

Derrotados da noite

São para já, de forma esmagadora, o PSD (pelo resultado) e a RTP/Universidade Católica (pela projecção).

Eleições

Adivinham-se tempos difíceis para José Magalhães, que não poderá mais funcionar como mero eco de Pacheco Pereira.

Fantástica campanha

Vai ser cansativo ouvir esta noite os dirigentes do PS a falar numa pretensa fantástica campanha do PS (que não existiu).
Acima de tudo, o PS tem que agradecer a Santana Lopes a primeira maioria absoluta da sua história.

Esquerda

Independentemente da inequívoca (a crer nas projecções) vitória da esquerda não se deve exagerar na ideologia. O centro, que decide as eleições, não vota ideologicamente.

Santana

Estas eleições representam a mais personalizada derrota de sempre. Não há dúvidas, mais do que tudo, houve uma clara rejeição de Santana.

Méritos

O PS não terá ganho estas eleições por mérito próprio mas sim pela total incapacidade de Santana Lopes. Aliás fica desfeito este estúpido mito (em que nunca acreditei) que Santana era temível em campanha eleitoral. Santana ofereceu de bandeja esta vitória ao PS.
Nestas eleições havia a particularidade de um líder afastar o eleitorado do seu próprio partido e não há desculpas para o PSD não ter previsto isto.
Esperemos que o PSD tenha aprendido com os erros que não serão resolvidos por pessoas como Meneses ou Marques Mendes.
Sócrates teve a sorte (e nós o infortúnio) de ter vencido estas eleições por falta de comparência do adversário.

19.2.05

O costume

Quando o FC Porto perdeu com o Braga, no Dragão, por 3-1, o segundo golo dos bracarenses (quando o jogo se encontrava empatado) foi marcado com o avançado do Braga em flagrante posição de fora-de-jogo. Nem uma palavra na 1ª página dos jornais, na altura. E poucos falaram desse caso.
Ontem o Porto venceu o Belenenses, por 1-0. Não vi o jogo, mas, pelos vistos, há um lance duvidoso, na área dos portistas, no final do jogo. A ser penalti (não sei) terá sido o único erro do árbitro durante todo o jogo. O jornal A Bola, no entanto, não se exime a fazer disso o grande tema da sua 1ª página (pena o Simão ter o cabelo rapado...).
É o costume...

18.2.05

Aproveitamentos políticos...

A atitude da cabeça de lista do PS por Coimbra durante toda a campanha eleitoral é digna de nota: faltou a todos os debates com os seus opositores, sem qualquer justificação, enviando sempre alguém em seu nome (normalmente o número 2 da lista, Vitor Batista). Esta recusa, totalmente inédita na história da democracia e inqualificável, foi encarada como normal pelo PS que, viu nas críticas de Zita Seabra uma postura "ditatorial" inaceitável por parte da cabeça de lista do PSD.
É triste que o PS demonstre, de uma forma tão grosseira, a falta de respeito que tem pelos eleitores de Coimbra, ao apresentar-se a estas eleições sem um cabeça de lista digno desse nome. Quando, ainda há poucos dias, o PS acusava outros partidos de aproveitamento político pela morte da irmã Lúcia, deveria lembrar-se que a trágica escolha de Matilde Sousa Franco para as suas listas constitui um aproveitamento político premeditado e oportunista que usa a figura de uma frágil viúva decadente para despertar caridade eleitoral.

O meu balanço da campanha III

Paulo Portas também acabou por sair beneficiado da vontade em afastar Santana do poder. Não há dúvida que fez um bom trabalho à frente do Minitério da Defesa, mas quem o ouvisse julgava que tinha sido esse o único ministério do PP e que tudo de bom foi da sua responsabilidade.
Durante a campanha ninguém lhe lembrou a nódoa na justiça que foi Celeste Cardona.
Portas é também um líder que aposta forte na demagogia, falando muitas vezes para franjas de elitorado que sabe que lhe podem dar votos significativos, num universo eleitoral pequeno, como fez com os ex-combatentes. Aliás, viu-se como no debate a cinco fugiu do tema da segurança social como o diabo da cruz.
Foi ele, e os seus ministros, quem, acima de todos, misturaram os cargos no governo com a campanha partidária, mas disso quase ninguém falou.

Quanto a Jerónimo de Sousa, poucas vezes se terá visto tantos elogios a um politico por não fazer passar a sua mensagem, limitando-se a sorrir e a apertar mãos. O líder do PCP não apareceu na campanha eleitoral, limitando-se a gerir a sua imagem.
Sempre que apareceu em debates foi devorado pelo opositor, e foi salvo (em minha opinião) pela sua afonia no debate a cinco.
É verdade que conseguiu afastar aquela imagem antipática e truculenta, mas isso não justifica tanto elogio. É a prova que as baixas expectativas podem favorecer um candidato, pois sempre que falava repetia a velha ladaínha comunista e os seus ultrapassados dogmas.

O meu balanço da campanha II

Em relação a Sócrates, não vi nele o líder que alguns apregoam e o país precisava. Têm razão aqueles que o comparam a um robô, previamente programado. Não foi capaz de um golpe de asa, de um acto espontâneo que levasse as pessoas a acreditar nele. Não parece minimamente convicto do que diz e procurou não se comprometer com nada, dando a ideia de não dominar os assuntos de que falava. É demasiado cinzento e falta-lhe carisma. E a verdade é que se prepara para nos voltar a presentear com a velha "tralha guterrsita".
E se vai reagir com o já conhecido "ridículo" quando for interpelado como primeiro-ministro, rapidamente sairá das boas-graças dos jornalistas. Vai ser primeiro-ministro porque concorre contra Santana e a maioria absoluta será uma dádiva que nada fez por merecer.

Francisco Louçã parece cada vez mais aqueles líderes evangelistas. É o dono da moral, da razão e da seriedade. É o único fiel aos seus eleitores e que nunca errou na vida. É verdade que estuda os dossiers e que até dá vida ao parlamento, mas o seu ar superior não se coaduna com os ideais que estão por detrás do seu partido.
Aquele caso da isenção à banca que apresentou no debate (que devia vir em todos os manuais de boa demagogia) foi o exemplo do quão baixo pode descer, utilizando todos os truques e expedientes para aparecer com o seu ar iluminado.
Irrita a protecção que lhe é feita. Cometeu gaffes tão ou mais graves do que as de Santana (a legitimidade de gerar vida e a isenção fiscal), mas tudo é amortecido por uma imprensa que não poupa esforços na ajuda à subida eleitoral do BE.

(continua)

O meu balanço da campanha

Para se fazer um balanço desta campanha eleitoral temos de partir de uma premissa prévia: todos os líderes partidários eram melhores que Santana Lopes. Pelo menos foi o que toda a comunicação social se esforçou por mostrar. Talvez por isso, e apesar do leque de opções ser muito pobre, todos os líderes, à excepção de Santana, tiveram a sua quota de elogios, mesmo não fazendo grande coisa para isso, gozando de alguma benevolência na apreciação do que faziam, para contrapor aos ataques cerrados a Santana, em nome dos superiores interesses do país.

E começando por Santana Lopes, penso que esta campanha serviu para desfazer o mito de que era imbatível a esse nível. Ouvia-se frequentemente que era aí que Santana se sentia como peixe na água, sendo muito difícil fazer-lhe frente. A verdade é que nem foi preciso surgir alguém que lhe fizesse realmente frente, já que ele próprio se encarregou de desmentir essa ideia. Foi caindo em contradições, demasiado errante e aquela imagem de abandono a que foi votado pelas figuras do seu partido (por não acreditarem nele) também não ajudou. Santana é demasiado populista e as suas políticas não têm substância, por isso, num cargo como o de primeiro-ministro, onde é necessário demonstrar domínio da matéria e certeza nas afirmações, perde todo o brilho.

(continua)

António Lobo Antunes vai votar

Ouvi hoje na TSF que António Lobo Antunes votará pela primeira vez na sua vida. Tudo para afastar Santana e Portas do poder. Se a motivação é esta, não irá certamente votar em branco.
Palpita-me que tornou as suas ideias públicas para que não fosse alguém vê-lo nas urnas, e julgar-se que tinha amolecido com a idade e seguido os conselhos do seu arqui-inimigo Saramago, votando em branco.

17.2.05

Marcelo em Braga

Não resisti ao impulso de ir cumprimentar Marcelo Rebelo de Sousa, quando o vi na Avenida da Liberdade, em Braga, em campanha com Filipe Menezes.
Foi o meu líder, e lamento que não tenha tido o fim que ele e o país mereciam.

Morte na Cova da Moura

A morte de um agente da polícia na Cova da Moura é um acto bárbaro que deve, obviamente, ser motivo de profundo pesar e lamento. É uma pessoa que morre no nobre exercício da sua profissão.
No entanto acho ridículas as declarações do líder do "Sindicato dos Polícias Profisionais", ao responsabilizar directamente o governo pelo que aconteceu. A profissão de polícia é uma actividade de risco, que envolve inúmeros riscos e situações de perigo extremo. Infelizmente, situações como esta são passíveis de acontecer, por melhor que seja a protecção dos agentes. Mas é sempre esta a postura dos nossos dirigentes sindicais. Responsabilizar sempre os sucessivos governos, em tiradas demagógicas, raramente apontando soluções concretas e exequíveis para as soluções dos problemas.
Nunca os vi criticar tão veementemente certas reportagens que aparecem nas televisões, quando a polícia decide actuar em força (e bem) nesses bairros problemáticos. O complexo de esquerda que varre a nossa comunicação social não hesita em apontar o dedo aos agentes da polícia por certas atitudes que entendem como abuso de força e autoridade, mas esquecem-se da tensão do local e dos perigos que os rodeiam quando têm que intervir nesses locais. Os criminosos que habitam nesses bairros não pensam duas vezes em atirar para proteger a sua própria pele e o seu bando. Pior que isso, o próprio gozo de atacar a polícia justifica, por si só, o acto.
Isto independentemente dos graves problemas sociais que esse bairros vivem, mas que não podem servir para desculpar e esconder a violência e a barbárie de certas pessoas que neles vivem.
Lamentavelmente, para grande parte dos nossos jornalistas o polícia só é corajoso e passível de admiração quando é morto.

16.2.05

Ainda a isenção

E este, no Jaquinzinhos.

Isenção à banca

A respeito do caso apresentado ontem por Louçã, e a minha incompreensão pelo abandono da sua justificação por parte de Santana Lopes, ler este post em O Acidental.

Os cinco e o debate

Concordo, na generalidade, com o que vem sendo dito acerca do debate de ontem, mas devo confessar que, em certos momentos, foi melhor do que aquele modelo ajuda a ser.
Os vencedores foram, a meu ver, Portas e Louçã. Não só porque, neste tipo de debates a cinco, são os partidos fora do arco do poder que saem beneficiados (apesar desta curta experiência de três anos do PP), mas porque aqueles dois líderes conseguem ser, de facto, mais acutilantes e objectivos, aparentando um maior domínio dos dossiers (especialmente Louçã). Mas, também, sempre plenos de demagogia.
De notar que, ao contrário do que tinha pedido ontem, Jerónimo de Sousa nem mesmo com a sua presença física nos conseguiu brindar, derivado do seu estado de saúde, facto que se lamenta e o desculpa, obviamente. Apesar de não chegar ao ponto, como disseram alguns, de dizer que pode ter ganho votos com isso, o que acho é que o pode ter beneficiado, em virtude de, involuntariamente, não ter debitado a sua habitual cassete e de ter escapado à constatação geral de que é muito melhor no contacto de rua, do que a discutir políticas e dossiers.
Santana, o único presente em luto nacional, esteve ao nível do que nos habituou como Primeiro-Ministro, ou seja, longe, muito longe de brilhar. Não percebi porque é que tendo começado por justificar, bem em minha opinião, o benefício fiscal concedido ao Totta no caso apresentado por Louçã, abandonou essa justificação.
Todavia, há um facto que muitos têm evitado, mas que foi gritante. Sócrates não consegue demonstrar, em momento algum, qualquer que seja a situação, carácter e carisma para ser o Primeiro-Ministro que o país precisa. É inseguro, parece medroso e está sempre com um ar pesaroso, comprometido e antipático, mesmo. A sua imagem não passa e o seu discurso, demasiado engasgado, não convence, muito menos galvaniza.
As suas propostas sobre os temas que eram postos em cima da mesa andavam sempre em volta da "maior eficiência", "união de esforços", "transparência". Tudo muito abstracto e desprovido de qualquer conteúdo. Tanto invoca as figuras guterristas durante a campanha, como descarta esse período do seu percurso político.
Pôde, ainda, verificar-se que o BE não está interessado em fazer parte de um eventual governo, pois pretende continuar como partido de protesto, podendo assim gozar de alguma impunidade e da simpatia de alguns grupos e de alguma comunicação social (que tem sido vital no seu crescimento). Mas este debate em nada ajudou, muito pelo contrário, o PS no seu desejo de maioria absoluta.

15.2.05

O Debate

Paulo Portas apesar da eloquência não consegue esconder aquele discurso plastificado e demagógico mas provavelmente foi quem conseguiu sair melhor do debate.
Santana esteve longe da fama que granjeou como imbatível em debates.
Louçã, com a sua habitual superioridade moral e arrogância, foi outro dos vencedores apesar da demagogia (mais uma vez os extremos tocam-se).
Jerónimo teve a sorte de estar afónico, pois se no contacto com a população foi uma surpresa, o seu discurso não ultrapassa a velha cassete.
Sócrates revela quão fraco é e como não constitui verdadeira alternativa a Santana, sem convicção e titubeante.


Coimbra, 15 de Fevereiro de 2005

Ainda a suspensão da campanha

Independentemente de se concordar com a supensão, ou não, da campanha eleitoral em virtude da morte da irmã Lúcia, só podem fazer rir aqueles que qualificam de desinteressadas e independentes as críticas de D. Januário Torgal Ferreira à atitude do PSD e PP.
D. Januário foi um acérrimo guterrista e se não é militante do PS, já merecia que alguém do partido lhe pagasse as quotas.

Os cinco mosqueteiros

Hoje à noite vamos ter o debate entre os líderes dos partidos com assento parlamentar. Depois do anterior debate a dois, confesso que a esperança não é muito grande.
Não sou muito apologista deste tipo de debates, pois costumam gerar mais ruído do que esclarecimento. Nestas eleições terá pelo menos a vantagem de se evitar o tradicional quatro contra um, já que, como o governo demitido e demissionário (?) era de coligação (apesar dos esforços de Portas, nesta campanha eleitoral, de nos fazer esquecer isso), sempre haverá maior igualdade entre o ataque da oposição e a defesa dos membros do governo.
Será, contudo, uma boa oportunidade de Sócrates tentar mostrar que, afinal, nem só do vazio vive o seu discurso e de Santana Lopes procurar evidenciar algum domínio sobre os dossiers.
Veremos como é que Portas vai continuar a reivindicar, em frente de Santana, tudo o que de bom fez este último governo, com aquele estilo populista e hiper-demagógico.
Esperemos, ainda, que Jerónimo de Sousa, ao contrário do que aconteceu nos anteriores debates a dois, não limite a sua contribuição à presença física.
Quanto a Louçã, será, como sempre, o única pessoa séria, honesta e dona da verdade absoluta no interior daquela sala. Vá lá que desta vez terá à sua frente (ou ao seu lado) alguém que também tenha gerado uma vida. Condição sine qua non para uma verdadeira e esclarecida discussão.
Será também a oportunidade de aquilatarmos a viabilidade de uma coligação entre os partidos da extrema esquerda e o PS, caso este não consiga a maioria absoluta.
Vamos lá ver, então...

14.2.05

Irmã Lúcia

Independentemente do respeito que tenho pelas crenças de cada um, eu sou católico mas não não acredito no milagre de Fátima, recomendo a leitura de Rui Tavares no Barnabé.

Ridículo 2

O não-luto de outros partidos pelo falecimento da irmã Lúcia...

Ridículo

O luto de alguns partidos pelo falecimento da irmã Lúcia.

13.2.05

A idiotice no seu esplendor

O editorial anónimo do Expresso desta semana. Também é revelador da habitual imparcialidade da pseudo-secção de desporto deste jornal que, cada vez mais, caminha para se tornar um pasquim.

12.2.05

Maioria absoluta

A análise da história recente da política portuguesa leva-me a concluir que seria altamente desejável que, nas próximas eleições, surgisse uma maioria absoluta (de um ou mais partidos) para sustentar as necessárias medidas impopulares de um futuro Governo. As maiorias relativas dão origem a governos fracos que, para garantir a sobrevivência, seguem um trajecto sinuoso de cedências, à esquerda e à direita, que torneiam os problemas de forma tangencial sem os resolver. A vida política passa a estar centrada nas negociações, nas votações e na aprovação das leis, sendo colocada para segundo plano a concretização de um programa de Governo. A gravidade da situação em que o País se encontra exige que se identifiquem e se resolvam definitivamente os problemas estruturais que têm estrangulado o desenvolvimento económico e social. Numa palavra, neste momento precisamos de um Governo forte e com poder de decisão.
Se isto é verdade, também é certo que nenhum dos candidatos a primeiro-ministro oferece qualquer garantia de qualidade. De um lado temos um Santana Lopes excessivamente espontâneo e descontrolado, sem qualquer estratégia, que dia a dia, perante um microfone, solta as suas emoções de forma impulsiva, assumindo uma postura desesperada que lhe retira qualquer crédito, sendo a principal figura de uma campanha infeliz que tenta, a todo o custo, descredibilizar os opositores e apostar na vitimização. Do outro lado, vemos um José Sócrates sem perfil de líder, reduzindo as suas intervenções públicas ao mínimo, com um discurso ensaiado, fraco e vazio, dando a diferentes perguntas sempre as mesmas respostas, e fazendo-se rodear das figuras mais marcantes do guterrismo.
A situação do País é tanto mais dramática quanto, no momento em que precisava de liderança, competência e estabilidade, se vê no constrangimento de ter que escolher entre 2 dos piores candidatos que conheceu nos últimos anos. Faço votos, ainda assim, para que a estabilidade do próximo Governo não dependa dos partidos à esquerda do PS.

Fazer por merecer

Sempre fui educado a lutar pelo que queria. Sempre foi esse o mundo que para mim fez mais sentido: cada um tinha o que merece.
Não é por acaso que uma das mais antigas máximas do Direito é que a Justiça é a constante e perpétua vontade de atribuir a cada um o que é seu (Ulpiano).
Isto a propósito daquela ideia, que vem trespassando a campanha eleitoral, de que uma maioria absoluta de um partido (do PS, neste caso, pois é o único com condições para a obter) seria a melhor solução para Portugal, independentemente da cor partidária de cada um, em nome da estabilidade e da credibilidade do nosso sistema político.
Mesmo não votando PS (o voto nulo parece-me, pela primeira vez, a solução mais provável), dou por mim a pensar no que desejaria que acontecesse no dia 20 de Fevereiro. E a realidade é que olhando para Sócrates, para a sua campanha e para os que acompanham, e sabendo o que representa uma maioria absoluta, não posso deixar de pensar na enorme injustiça que isso representaria e no quanto contrariaria a máxima que atrás citei.

O advogado

Não deixa de ser sintomático que Louçã, qual príncipe em defesa da sua dama, tenha vindo de imediato defender os jornalistas, sempre tão solícitos e compreensivos com as acções de campanha do BE.

Quantos são, afinal?

Depois do Presidente da República, Santana Lopes descobriu um novo inimigo, a comunicação social.
Santana pôs-se demasiadas vezes a jeito, cometendo erros excessivos, entrando frequentemente em contradições e demonstrando muita impreparação para o cargo de Primeiro-Ministro. Mas não deixa de ser verdade que teve contra ele a pior imprensa que há memória. Criou-se quase uma unanimidade na dureza dos ataques e das críticas que sofria. Era obrigatório em qualquer alinhamento de qualquer jornal.
Aliás, penso qual seria a reacção da mesma comunicação social (ontem tão calma e ponderada) se o caso Freeport se tivesse passado com Santana Lopes e não com Sócrates...

P.S. Não quero com isto dizer que Santana tem razão quando culpa os jornalistas pelo desastre em que ele próprio transformou a sua campanha.

11.2.05

Portugal e os antibióticos

Num estudo da revista The Lancet, realizado em 35 países europeus, Portugal surge em 4º lugar no ranking dos maiores consumidores de antibióticos. Aqui fica um excerto:

In all but one country (Portugal) we recorded no seasonal variation of ciprofloxacin use (data not shown), suggesting that this drug was used mainly for treatment of urinary tract infections. Fluctuations in prescriptions for ciprofloxacin in Portugal are consistent with it being given as a treatment for adults with winter seasonal infections, especially those of the respiratory tract. Ciprofloxacin has little activity against streptococci, and the general belief is that this drug should not be used for treatment of patients with respiratory tract infections. We suggest that a low seasonal fluctuation of the early fluoroquinolones, such as ciprofloxacin, is a good marker of restrained use. Levofloxacin and moxifloxacin have better activities against pneumococci than do the early agents, and their introduction in Europe was generally very successful in countries with high antibiotic use and resistance rates. When sounding the alarm about the problem of rising antibiotic resistance, we could be inadvertently promoting inappropriate use of these new quinolones. This inappropriate use will inevitably lead to emergence of not only resistant pneumococci, but also of a host of resistant gram-negative organisms.

Higiene

O PSD, depois destas eleições, tem que livrar-se de Santana, do PPD, do novo símbolo, do patético hino...

A campanha dos jornalistas

Existe algo verdadeiramente enervante em todas as campanhas eleitorais: o estilo paternalista, altivo e omnisciente dos repórteres que cobrem as iniciativas de cada partido.
Já não há pachorra para o tom sarcástico com que os jornalistas elaboram todas as suas reportagens. Todos eles são lestos em apontar as falhas e os truques primários que os políticos em campanha utilizam para tentar ganhar protagonismo e vencer a contagem no número de apoiantes.
No entanto, e como bem focou Pacheco Pereira, acabam sempre por medir o sucesso dessa mesma campanha utilizando as tais medidas que consideram impróprias e pouco edificantes.
Se um candidato não vai à rua beijar as criancinhas e apertar a mão aos reformados é porque tem medo, se o faz é porque é demagógico e populista. Todos sabem que os comícios já não têm um mínimo de espontaneidade, mas o número de pessoas a assistir é sempre devidamente levado em conta.
A comunicação social vive hoje num auto proclamado estatuto de juiz de última instância, infalível, acima de tudo e todos e imune ao erro, mas sempre que pode marcar a diferença, recusa-se a fazê-lo. Os políticos são populistas nas suas acções, a comunicação social, pelo contrário, limita-se a satisfazer a vontade do povo.
Em boa verdade, existe um candidato, que apesar de começar a sofrer na pele o desgaste dos anos, perdendo o efeito novidade, continua a gozar de uma certa complacência nas suas acções que é Francisco Louçã. Quando o vemos à porta das fábricas ou a percorrer as ruas de qualquer cidade, em nada se diferencia dos outros candidatos. Porém, a cobertura dos jornalistas assume sempre um carácter mais sério, atribuindo-lhe sempre um abrangente sentido democrático.

10.2.05

Público reconhece o erro

Penso que o pedido de desculpas do Público, na edição de hoje, pela história à volta de Cavaco Silva, é um bom sinal de respeito pelos seus leitores.
O mal, nestas situações, é que a retratação nunca adquire o mesmo impacto que a primeira notícia.
Estou curioso por saber o que dirão os jornais televisivos de hoje, sobre este assunto.

9.2.05

Horários

Ler o artigo de Graça Franco no Público de segunda-feira.

Fugir da reclusão

A escolha da especialidade é um momento especialmente perturbador na vida dos jovens médicos. Quem passou por essa experiência sabe bem que a maioria dos candidatos atravessa momentos angustiantes quando pensa na hipótese de não ter outras opções para além da Medicina Interna, Cirurgia Geral ou da Clínica Geral. Se em relação á Clínica Geral podemos encontrar uma explicação na degradação do estatuto social e profissional desta especialidade nos últimos anos (e que agora, lentamente, começa a recuperar), já o caso da Cirurgia Geral e da Medicina Interna parece não ter uma explicação tão fácil pois são áreas de prestígio e com forte reconhecimento público.
Esta autêntica fobia, aparentemente incompreensível para quem não trabalha na área da saúde, justifica-se pelo tipo de vida proporcionada aos médicos destas especialidades hospitalares. Efectivamente, tanto a Medicina Interna como a Cirurgia Geral exigem uma disponibilidade total, tendo o Interno que abdicar da sua vida privada e mesmo familiar para cumprir um horário absolutamente esmagador que inclui dias e noites consecutivas de trabalho extremamente exigente e desgastante. A sobrecarga de trabalho não é, de modo nenhum, uma opção, pois a falta de disponibilidade de um Interno para efectuar horas extraordinárias no Serviço de Urgência reflecte-se, de forma notória, na sua nota final. Compreende-se, assim, que os Serviços de Medicina e de Cirurgia tenham, de um modo geral, ambientes tensos e conflituosos entre os profissionais.
Esta breve descrição, que poderia completar-se com inúmeras histórias revoltantes, algumas delas roçando a escravatura, permite perceber por que são estas especialidades rejeitadas pelos candidatos como primeira opção (salvo honrosas excepções), apesar de serem áreas consensualmente muito interessantes.

Pose de estado


Santana Lopes lançou uma nova pose de estado. (Imagens do Barnabé)

Cavaco Silva

A notícia de ontem no Público sobre Cavaco Silva é uma cretinice que julgava impossível nas páginas daquele que é o meu jornal diário.
Como é que um jornal de referência faz uma notícia destas (fazer é mesmo o termo), consciente das consequências que ela poderia vir a ter, sem em momento algum citar uma vez que seja o seu alvo, ou transcrever uma única declaração? A notícia é toda ela uma especulação sobre o que Cavaco pensa e acharia melhor. Depois de a lermos, em momento algum, se consegue ficar com a ideia que nos é transmitida pelo seu título. Ou seja, toda a alegada informação está no título que não encontra qualquer suporte no corpo da notícia.
Pior que a notícia, só a sua justificação, na edição de hoje. Dizem que Cavaco se sentiu incomodado com a notícia (dizem eles), mentira (diríamos nós). E digo mentira, já que, mais uma vez, a justificação continua na mesma onda especulativa, fazendo-se à base de suposições e interpretações sobre declarações passadas que não têm qualquer correspondência com o presente. A justificação apenas serve para mostrar que a notícia nunca chegou a existir, e que o que deveria ter saído hoje no jornal era um simples e puro desmentido, e um pedido de desculpa a todos.

7.2.05

As repercussões da doença nos médicos (Parte II)

Há umas semanas atrás, referi-me aos processos mentais desencadeados instintivamente pelo profissional de saúde quando tem que lidar com pessoas em sofrimento. Esses processos de defesa permitem reduzir os elevados níveis de ansiedade do médico, melhorando assim o seu desempenho, mas podem afectar a relação médico-doente.
Uma outra situação ocorre quando é o próprio médico a ter uma doença grave: o médico e o doente são a mesma pessoa e o caso adquire contornos ainda mais dramáticos e irónicos quando o médico se torna vítima de uma doença que por ele foi combatida ao longo da sua vida. De facto, durante a sua carreira profissional, o médico vai estudando e conhecendo ao pormenor algumas doenças (de acordo com a sua especialidade) e vai adquirindo um controlo progressivo sobre os processos patológicos de modo a que, mesmo não sendo possível a cura, possa atrasar a progressão da doença e eliminar os sintomas mais incómodos. Muitas vezes usando os mecanismos de defesa atrás descritos, a doença transforma-se numa entidade que ele manipula no seu dia-a-dia. É, portanto, fácil de compreender que a descoberta de um sinal da doença em si mesmo se revele chocante e que conduza, não raras vezes, a um processo de negação. O médico tenta, deste modo, adiar o inevitável, ignora durante algum tempo as evidências e atrasa, por vezes irremediavelmente, o pedido de ajuda. O desempenho do papel de doente é difícil para grande parte da população comum mas no caso do médico acometido por uma doença é ainda mais problemático. Com efeito, o assumir da doença, o desejo e a disponibilidade de ser submetido a procedimentos de diagnóstico e de tratamento exige uma reformulação radical dos comportamentos de um indivíduo que se vê atacado pelo mal que aprendeu a combater nos outros.

Carnaval

Algo que nunca hei-de gostar ou perceber é a rídicula cópia ao Carnaval brasileiro que certas cidades deste país insistem em fazer.
Não entendo porque é que em vez de se procurar organizar uma uma festa adequada à nossa cultura, ambiente e clima, teima-se em vender aos portugueses meia dúzia de desfiles que só podem fazer rir quem conhece o Carnaval brasileiro.

5.2.05

Inquietação

Será que depois de Santana o PSD conseguirá regenerar-se? Não será fácil. Com uma lista de deputados miserável e com hipotéticos candidatos com a qualidade de Marques Mendes ou Luís F. Meneses, não se avizinham tempos fáceis. O PSD parece-se cada vez mais com o PS, um partido de profissionais da política, pessoas sem relevo na sociedade civil, alimentado por esses tumores metastáticos que são as jotas partidárias e as autarquias.
O caso de Marques Mendes merece-me uma referência uma vez que há quem lhe atribua algum crédito. E como é curta a memória! M.M. é outro profissional da política, nunca esteve acompanhado por ninguém de mérito (veja-se a vergonha bracarense de um Miguel Macedo que chega a secretário de estado) e personificou o pior do cavaquismo. Quanto a Meneses não é necessário explicar.
Nestas eleições votarei em branco (pela primeira vez) e espero sinceramente nas próximas já poder votar no PSD, não sei é como…

4.2.05

O nada vs. o coisa nenhuma

No debate de ontem entre Santana e Sócrates ficou bem patente o vazio que se instalou na política portuguesa. Se era isto que Santana queria, ainda bem que só houve um, sendo de agradecer o gesto de Sócrates, talvez ainda lembrado do desinteresse do Telejornal de Domingo, há não muito tempo atrás.
Depois de um primeiro quarto de hora deprimente, em que os dois candidatos fizeram um concurso sobre quem era o mais atacado na sua vida particular, mostrando-nos a verdadeira via sacra que tem sido o seu percurso, levando aos limites do inaceitável a estratégia da vitimização que é própria de ambos, restou uma discussão pobre, sem ideias, nem convicções.
E a verdade é essa mesma. Como o que os moveu sempre foi a auto promoção e os seus próprios interesses, apoiados na sua imagem, tanto Santana, como Sócrates, só se sentem verdadeiramente motivados e dominadores quando falam do dossier que mais os ocupou na sua vida e percurso político: eles mesmos.
Chegou a ser confrangedor a falta de verdadeiras distinções entre eles. São demasiado iguais, sendo que as fraquezas de um, são as fraquezas de outro, pelo que nunca pôde haver grande contundência nas afirmações.
Valha a verdade que o próprio formato do debate não ajudou, sempre muito rígido, com as perguntas excessivamente formatadas e um ambiente demasiado asséptico. Os entrevistadores pareciam que não estavam lá, demasiado distantes da discussão e pouco interventivos. Pareceu mais uma prova oral entre dois maus alunos, que apenas estudaram para passar e em que o professor deu uma ajudinha, nunca levando as questões muito longe, evitando assuntos que pudessem não ter sido estudados ou que não estivessem nas cábulas.
O debate de ontem mostrou porque é que a RTP decidiu acabar com o programa entre ambos aos Domingos e porque é que Marcelo os batia aos pontos, no mesmo horário, na TVI.

Fracos


Que futuro podemos esperar quando temos tão más opções?

3.2.05

Ainda tem dúvidas?

Foi inequívoca a superior prestação do Dr. Santana Lopes no debate que acabamos de assistir. Foi o próprio Eng. José Sócrates que admitiu que o seu principal opositor "tem muitas ideias para o futuro!". Para mim ficou claro que o líder do PS não querer comprometer-se com nenhum rumo político objectivo. Penso que não é isso que Portugal precisa. O que Portugal necessita é de uma equipa capaz de projectar um futuro mais risonho! Podem duvidar do Dr. Santana Lopes, mas não duvidem da incapacidade daqueles que supostamente andam "ao colo"!

Já sabe quem anda ao "colo"?

Gostando ou não dos diferentes candidatos a Primeiro Ministro do nosso querido país, penso que o debate de hoje, está a ser esclarecedor sobre quem tem ideias para o nosso futuro! No fim da primeira parte já se vislumbra um vencedor: PSD!


Felix Mendelssohn nasceu há precisamente 196 anos, na cidade de Hamburgo. Além de ter sido um compositor de excelência, Mendelssohn foi, na sua época, um impulsionador da música religiosa e fez ressurgir obras e compositores então caídos no esquecimento, como Bach. Ficou imortalizado com a sua Marcha Nupcial, retirada de "Sonho de uma noite de Verão". A sua obra merece hoje uma atenção especial.

Dia D

Hoje é o grande dia. Chegou o momento do grande debate, olhos nos olhos, entre os dois candidatos a primeiro-ministro.
Estamos todos preparados para assistir à discussão sobre a morte medicamente assistida, da clonagem e da fertilização in vitro.
E só deve restar mesmo isso, já que Sócrates nos resolveu, nas primeiras semanas de pré-campanha, o problema do crescimento económico, do desemprego, do PEC e da reforma na administração pública. E o que continuar mal, só pelo simples facto de passar para as suas mãos, fica bem, como as alterações ao Estatuto dos Benefícios Fiscais.
Pelo menos, hoje, houve algum sossego...


2.2.05

Conselhos para Couceiro

José Couceiro, para ter sucesso no FC Porto, deve começar por:

- Exigir ser ele o responsável pelas contratações, voltando a sua atenção para o campeonato português, mas evitando trazer metade da sua ex-equipa.
- Dispensar Pepe logo que tenha oportunidade
- Começar a pensar numa forma de diminuir o contingente brasileiro que restar, tendo consciência que, em princípio, deverá abrir mão de alguns jogadores que foram contratados esta época (únicos de deverão ser indispensáveis são Leandro que não do Bonfim, Diego e Cláudio Pitbull, mas nada perde em esperar para ver)
- Começar a apostar em alguns jogadores da equipa B, alvo de forte investimento, principalmente neste defeso
- Evitar deixar a barba por fazer, um dia que seja
- Não andar de sobretudo, continuando a utilizar o seu casaco com capuz e de golas baixas

1.2.05

Submarinos

O Dr. Miguel Cadilhe, intervindo como "simples cidadão" numa reunião do PSD, apontou a compra de submarinos para a Marinha como exemplo de uma "mega-despesa" (a par da Expo 98 e do Euro 2004) que em nada contribui para o desenvolvimento económico do País sendo, portanto, injustificada.
O caso dos "submarinos" tem, de facto, levantado muita polémica nos últimos anos. Por um lado, o esforço financeiro do Estado é muito elevado e, por outro, tem sido passada a ideia de que os submarinos são um luxo dispensável, questionando-se a sua real utilidade.
De facto, este tema pode facilmente descambar para a demagogia, pois a utilidade dos submarinos não pode ser compreendida com uma análise superficial das matérias. Se se tratasse da construção de um hospital, ninguém se atreveria a pôr em causa a sua utilidade e necessidade, mesmo que, objectivamente, ele não fizesse falta, pois o cidadão comum encontra facilmente vantagens para si e para os seus neste tipo de equipamento. No caso da compra de submarinos passa-se o inverso: o cidadão nunca irá usufruir do material e não vê qualquer benefício pessoal e concreto.
As despesas com a Defesa Nacional são plenamente justificadas para a projecção do País no plano estratégico mundial, no cumprimento das suas obrigações e afirmação do seu prestígio. Só com Forças Armadas modernas e bem equipadas pode Portugal assumir um papel activo num jogo de forças internacional em que a salvaguarda dos interesses económicos e geoestratégicos se baseia no poder dissuasor.

Oficial

José Couceiro é o novo treinador do FC Porto.

Eleições no Iraque

O BE e todos os defensores do anti-americanismo primário não hesitaram em demonstrar que as eleições no Iraque foram um fracasso.
Com isto ficamos também a saber que não existem eleições livres, ou mesmo democracia, na Europa, já que por estes lados o nível de abstenção é muitas vezes superior ao que se verificou no Iraque.
Não há nada como a esmagadora liberdade das eleições cubanas, chinesas e norte-coreanas, onde milhões e milhões de eleitores correm sofregamente às urnas para, num acto pleno de convicção, elegerem os seus líderes, por vezes, com 99% dos votos.
Viva a seriedade e a honestidade intelectual.