31.8.06

Aquariofilia


Escalar

Educação

Ontem tive o infortúnio de passar a tarde numa Loja do Cidadão. Mas quem passa muito tempo a observar o funcionamento destes templos da burocracia também se apercebe como é difícil trabalhar nestes serviços em Portugal. Com o analfabetismo funcional de grande parte dos portugueses, que não conseguem ler um impresso, que não interpretam um simples painel electrónico com indicações sobre filas, verifica-se como pode ser desesperante lidar com a nossa população.

Quando se fala de choques tecnológicos, banda larga, eu, que diariamente lido no meio hospitalar com uma faixa etária dos 18-35 anos (grávidas), constato que a maioria possui como habilitações escolares entre o 4º e o 6º ano de escolaridade (aparecendo algumas analfabetas!), percebe-se que a educação neste país é uma miragem.

30.8.06

Notas soltas do Verão

O conflito entre Israel e o Hezzbolah conheceu nova pausa (!). Parece-me que a solução encontrada poderá ser eficaz se a comunidade internacional (principalmente a Europa) quiser tomar o papel fulcral que sempre reivindicou. Aliás, pelo que se tem visto, para muitos era muito mais confortável continuar a criticar os israelitas desde o sofá, assistindo a tudo pela televisão iraniana, de preferência.

O país continua a arder impunemente e sem qualquer tipo de solução à vista, por muito que se apresentem meios inovadores e se façam directos a partir de quartéis de bombeiros totalmente equipados.

O litoral português está transformado numa tenebrosa manta de retalhos, onde apenas o mar consegue impedir que o cimento e o betão avancem. O Algarve mete dó de tão feio que o conseguiram tornar. Um pouco acima de Lisboa, existe uma coisa inenarrável a que chamam Peniche. De Moledo à Figueira da Foz, com raras excepções, as faixas intermináveis de prédios que ensombram e vigiam as praias nem para abrigar da nortada nos servem. Para agravar tudo isto, o oásis alentejano tem, cada vez mais, os dias contados.

Falando do mar, é verdadeiramente incompreensível que cidades que vivem do turismo (como Póvoa de Varzim e Vila do Conde) vejam as suas praias interditas devido à má qualidade da água, que é continuamente poluída por falta de estações de tratamento de esgotos e que há anos os municípios prometem construir.

O Partido Comunista Português continua a mostrar a todos a sua peculiar ideia do que é a democracia.

Para acabar o Verão em beleza juntou-se o pior de dois mundos, a justiça e o futebol. Resultado: caos total, sem qualquer tipo de solução à vista.

29.8.06

Miami Vice


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Mín. * Máx. *****

Major

Em que país civilizado, dois canais televisivos, aparentemente respeitáveis (SIC-N e RTP-N), permitiriam que um boçal do calibre de Valentim Loureiro falasse ininterruptamente há 25 minutos?

Acesso às Artes (& Negócios)

Tal como, certamente, a alguns dos leitores deste blogue, os montantes cobrados para o acesso a espectáculos musicais (vulgo concertos) começaram a merecer alguma da minha atenção.
Após um período em que me refugiei na ilusão do “efeito inflação”, ou mesmo no “síndrome de recém-assalariado” (visão marxista em que cada bem ou serviço se torna precioso ao ser transaccionado por “horas/escritório”), e baseado em algumas comparações cientificamente mais coerentes, confirmei a escalada desproporcional até aos valores que, hoje em dia, temos que desembolsar.
Numa entrevista ao responsável máximo pela área de Technology, Media & Telecommunications (!) da Deloitte, publicada no suplemento DiaD do jornal Público de 31/07/2006 (creio ser esta a data correcta), encontrei uma explicação bem argumentada: sucede que, por proliferação generalizada dos softwares de partilha gratuita (pirata, por sinal) de música e outro tipo de ficheiros, as fontes de receita dos artistas tiveram que ser reorientadas (não estou aqui a levantar a questão dos montantes; no entanto sabemos que, sociologicamente, o ser humano é um animal de hábitos). Por outro lado, o consumidor médio tem visto decrescer os montantes dispendidos na aquisição de álbuns, pelo que estará disposto a aplicar montantes mais elevados em ingressos para concertos. O efeito humano da satisfação associada a sacrifício também aqui se aplica: o ânimo (talvez incentivo) de escutar um CD comprado é, pelo menos subconscientemente, superior ao de escutar o último download efectuado.

Faça-se a analogia deste último efeito ao concerto, associado à maior disponibilidade financeira do consumidor para esta arte, por sua vez conectado à necessidade de alimentar a excentricidade dos artistas… et voilà!

4.8.06

Cuba

Para quem visitou Cuba há 4 anos e se apercebeu da triste realidade que se vive naquela ilha a debilidade do estado de saúde de Fidel Castro só pode ser uma boa notícia. De facto, já se percebeu que o líder cubano só abandonará o seu cargo no dia em que morrer e, sendo assim, ele próprio deu ao dia da sua morte um significado especial: o dia em que o povo cubano pode voltar a ter esperança no futuro. Se todos lamentamos o sofrimento e a doença de um ser humano, alguns, como eu, não lamentam o desaparecimento de um ditador que traz o povo da sua terra amordaçado e faminto. Sob o pretexto paranóide de não se subjugar ao "imperialismo americano" Fidel Castro e seus seguidores autistas mantêm a ilha isolada, filtrando todo o contacto com o exterior através da censura, da propaganda e da perseguição política. Ninguém duvida das boas intenções do ditador, que tenta proteger o seu povo das "más influências" capitalistas. So que, uma coisa é concordar com a razoabilidade do projecto revolucionário cubano. Outra coisa é impor esse projecto pela via da força. Embora discordando muito dos ideais revolucionários, aceito pacificamente que haja pessoas com opinião contrária. Agora, o que eu já não compreendo é como existem pessoas que defendam a aplicação dessa ideologia por via da força, defendendo as práticas cubanas como meio legítimo para prosseguir com "a revolução".