30.9.05

Cartas na mesa

Co Adriaanse, no site Mais Futebol:

«Tenho 58 anos e não vou mudar», explicou o técnico, acrescentando posteriormente: «Os adeptos terão de esperam. Se começaram a assobiar, a acenar lenços brancos, eu vou embora. São os adeptos que decidem. Se acharem que não sirvo, então a direcção cometeu um erro, porque sabiam como eu era quando me foram buscar. Se quiserem, eu vou-me embora e podem ir buscar outro, mais seguro, mais defensivo. Há muitos treinadores assim, a jogar com poucos avançados, e também conseguem bons resultados dessa forma».

Acho que a derrota do Porto com o Artmedia merece uma grande reflexão por parte do grupo de trabalho, de modo a avaliar o que está bem e o que deve ser corrigido. Mas o desprendimento demonstrado pelo técnico holandês é um bom exemplo e, pelo menos, demonstra confiança no seu trabalho. Aliás, é bem contrastante com o triste exemplo de Peseiro, no Sporting.
Por outro lado, se o Porto for rumo ao precipício, ele pode sempre dizer que estavam todos devidamente avisados…

29.9.05

Azares...

A prestação do FC Porto ontem veio confirmar o que muitos já suspeitavam: o balanceamento exagerado da equipa para o ataque, de forma desenfreada, esconde carências graves na defesa e a rapidez do jogo, que em alguns momentos chega a ser frenético, ultrapassa a prória velocidade de pensamento dos jogadores. É um estilo de jogo que valoriza muito o caudal ofensivo e a velocidade de jogo, o que promove o espectáculo, mas à custa da perda de eficácia e com compromisso grave da defesa. As equipas adversárias são apanhadas desprevenidas inicialmente mas logo se apercebem que basta recuar um pouco e jogar em contra-ataque para enervar facilmente a ingénua equipa do FC Porto que não apresenta a maturidade suficiente para controlar um jogo.

28.9.05

Professor Antunes Varela


Faleceu um dos maiores vultos do Direito português, João de Matos Antunes Varela. (via Blasfémias)
Lamentavelmente, nenhum órgão de comunição social português dedicou um ínfimo espaço à notícia da morte do pai do nosso Código Civil e de um dos mais insignes juristas do seu tempo.
Talvez se soubesse marcar livres...

27.9.05

A ler

Este post de Pedro Magalhães, no Margens de Erro, sobre a interpretação abusiva que se fez à sondagem publicada no Correio da Manhã.

Delírios

Ontem, ao ouvir Manuel Maria Carrilho a prometer a criação 500 empresas, que assegurariam mais de 8 mil novos postos de trabalho em Lisboa, lembrei-me das delirantes propostas de Vale e Azevedo, como o famoso empréstimo obrigacionista, antes de ser eleito presidente do Benfica. O tom utilizado e a substância das propostas eram exactamente os mesmos…




P.S. Concordo com o Joaquim. O resultado das autárquicas não deve ter qualquer significado nacional. Foi um precedente grave que se abriu com Guterres. Nas eleições autárquicas deve-se avaliar a actuação dos respectivos executivos camarários e não o governo.

26.9.05

Inversão de papéis

É interessante notar como se começam a posicionar os partidos em relação aos resultados das próximas eleições autárquicas. O líder do PSD, Marques Mendes, exigiu ontem a divulgação do Orçamento de Estado para 2006 antes de 9 de Outubro alegando que se o Governo não o fizer estará a ter uma atitude "pouco séria" uma vez que pretende esconder os sacrifícios que os portugueses terão que enfrentar no próximo ano. Ora, esta exigência de Marques Mendes só prova que o PSD quer retirar, a partir dos resultados eleitorais autárquicos, consequências políticas para o Governo de Sócrates. Levando o tema do Orçamento de Estado à campanha eleitoral autárquica, o PSD acena, de forma hábil, com as medidas duras e inevitáveis que o Governo terá que tomar para o ano para obter benefícios de um voto de protesto. Se o PSD ganhar as eleições autárquicas não será de estranhar que Marques Mendes assuma a postura que o PSD tanto criticou quando o PS, após as eleições europeias, pretendeu retirar conclusões demagógicas e ilegítimas relativamente ao Governo de Durão Barroso. Um voto de protesto não deve desencadear nenhuma alteração no rumo da governação, muito menos se for no sentido do populismo e do facilitismo.

23.9.05

O país que temos

O mesmo povo que atestava a sua superioridade intelectual sobre os norte-americanos, a propósito da eleição de George W. Bush, é o mesmo que recebeu, em triunfo e êxtase, a foragida Fátima Felgueiras.
Essa é que é a dura realidade. O povo português, que todos gostam de apelidar de sábio e inteligente, na hora das eleições, é inculto, sem qualquer espírito cívico ou democrático, sem a mínima ideia do que é cidadania.
Desenganem-se aqueles que pensam que isto só acontece por ser em Felgueiras. O mesmo seria perfeitamente possível em cidades tão longe dos centros como Braga, Gondomar, Matosinhos ou Oeiras. Quem frequenta os sítios mais sofisticados do Porto e Lisboa, não conhece o que os rodeia, bem mais próximo deles do que imaginam.
Os portugueses avaliam aqueles que os governam de uma forma bem mais directa e imediata do que aquilo que os nossos líderes de opinião nos gostam de fazer crer.
Sócrates ganhou as eleições por maioria absoluta porque mentiu e disse que não aumentaria os impostos. Todos pensaram que o tempo das facilidades iria regressar. Por isso, agora, lhe falta a legitimidade para avançar a fundo. Por isso os professores, os juízes e os militares gritam que foram enganados, desesperados por perderem os seus privilégios injustificados.
Da mesma forma, um autarca é quase sempre visto como aquele que dá dinheiro, que aprova os projectos porque o conhecemos, lhe damos uma palmadinha nas costas quando o encontramos ou porque nos deve um favor. O autarca é quase sempre a face mais simpática do poder, pois é aquele que reivindica para a nossa terra. E, a partir daí, tudo o que vier é bom, por muito dispendiosa que seja a obra. Quem faz as leis e cobra os impostos são os malandros da capital, mas quem nos dá dinheiro e obra feita é o “Sr. Presidente”.
A juntar a tudo isto, vivemos num país hiper centralizado, onde, como já aqui referi, tudo se passa em Lisboa e alguma coisa (pouca) no Porto. Daí que as outras regiões clamem desesperadamente por atenção e se agarrem a qualquer bandeira que possam ter, por piores que sejam as razões. Por isso é muito difícil um presidente da câmara, que se torne visível a nível mediático, perder eleições em Portugal. Fátima Felgueiras, Mesquita Machado, Narciso Miranda e Valentim Loureiro, entre muitos outros, são as faces mais visíveis das suas cidades. E, numa sociedade centralizada, em que ser conhecido e aparecer na televisão justifica tudo, tal facto é extremamente importante e confere-lhes uma notoriedade muito difícil de combater.
Fátima Felgueiras, para muitos na sua terra, teve o condão de pôr a cidade no mapa, torná-la falada, alvo do interesse nacional e cliente habitual dos meios de comunicação social.
Ninguém duvide que, ontem e anteontem, a imprensa e a televisão, fizeram mais por Fátima Felgueiras do que cem comícios, vinte debates e quinze espaços de tempo de antena.
Entretanto, a nossa democracia vai caminhando para o estado de coma…

Uma questão de "know-how"

Maria João Lopo de Carvalho, assessora da vereadora da educação da Câmara Municipal de Lisboa, Helena Lopes da Costa, é sócia gerente da empresa que irá ser responsável pelas aulas de inglês em cerca de um quarto das escolas do 1º Ciclo do ensino básico de Lisboa.
A senhora não viu aqui qualquer problema de incompatibilidade ou mesmo de conflito de interesses.

22.9.05

Sociedade doente?

A triste verdade é esta: para uma grande parte dos portugueses (espero que não seja a maioria...) as práticas de corrupção e de tráfico de influências são perfeitamente legítimas desde que os beneficiem de alguma maneira. Só assim se explicam os casos de que Fátima Felgueiras é só o exemplo mais recente. Esta atitude, totalmente desadequada numa sociedade medianamente civilizada, só pode ser explicável por algum factor presente de forma generalizada na sociedade que cause esta inversão de valores. Com efeito, não é por acaso que as sociedades humanas classificam alguns comportamentos de "maus" ou "condenáveis" e outros de "bons" ou "louváveis". Isto ocorre porque, assim que os primeiros hominídeos se juntaram em pequenos grupos perceberam que dependiam uns dos outros para sobreviver e comportamentos como a traição, o roubo, a agressividade e a mentira não beneficiavam a coesão do grupo. Os elementos do grupo que assim procedessem eram marginalizados pois punham em causa a sobrevivência dos outros. Existe, assim, uma espécie de "código de conduta" social tácito, que é aprendido durante os primeiros anos de vida e que, ensinando os comportamentos e os valores mais adequados, permite a integração na sociedade e a convivência saudável entre as pessoas. Os desvios neste processo ocorrem frequentemente, muitas vezes por doença mental ou do comportamento, mas tendem a ser casos isolados que, infelizmente até são indevidamente marginalizados pela sociedade. Isto tudo para dizer que, ao contrário, o que se passa com parte da população portuguesa é que parece haver um desvio generalizado em relação às regras básicas de interacção social que condenam a corrupção, tráfico de influências, abuso de poder e outros comportamentos que já integraram o dia a dia de muitos portugueses.    

Bom exemplo

Fátima Felgueiras acabou por demonstrar que fugir à justiça compensa (pelo menos para alguns). Desde que tenha bons contactos (nomeadamente conhecer alguém que o avise antes das decisões serem tornadas públicas), não hesite, fuja…

A admiradora de Fátima

Ler o post de Ana Gomes (felizmente em Bruxelas) sobre esta mulher corajosa regressada de um longo exílio.

Justiça estranha

Ler o editorial de José Manuel Fernandes no Público (link não disponível).

A ler

“Justiça Cega”, por Eduardo Dâmaso, no DN.

Eu apenas diria que, mesmo formalmente, a decisão de ontem de mandar em liberdade Fátima Felgueiras deixa muitas dúvidas.
Como é que, sobre alguém que já fugiu, se pode considerar que não existe perigo de fuga pelo facto de ter regressado? Principalmente se tivermos em conta que tem sempre a possibilidade de voltar a fugir para um país de onde não pode ser deportada.
O que acontecerá se Fátima Felgueiras, eventualmente, for condenada e regressar ao Brasil para continuar o (inútil) tratamento de estética?

21.9.05

Sem Vergonha


As eleições autárquicas portuguesas são um espectáculo deprimente, nelas vemos o que de pior foi produzido pela nossa democracia: caciques, demagogos, suspeitos de corrupção, isto para usar eufemismos. Hoje mais uma página negra digna de um país de terceiro-mundo, é triste ter que assistir ao desplante de Fátima Felgueiras aproveitar a lei para ir fugindo à justiça, mas mais triste é saber que provavelmente ainda ganha as eleições. Triste povo o nosso…

Espectáculo triste

Não há palavras para classificar a vergonhosa aparição, quase triunfal, que Fátima Felgueiras fez hoje depois de uma inacreditável fuga à Justiça. O carácter nauseabundo deste caso, que tinha atingido níveis de despudor nunca antes vistos neste País, ao ferir gravemente e de forma ostensiva as instituições democráticas, reforçou-se mais ainda quando massas de populares se juntaram para aclamar a ex-autarca. Este fenómeno popular não é, infelizmente um caso pontual e particular de Felgueiras, justificado apenas pela pobreza, falta de cultura, miséria ou manipulação política. Casos como os de Felgueiras ocorreriam igualmente em Marco de Canavezes, Gondomar, Ponte de Lima e em dezenas (ou centenas) de outros locais pelo País fora. Penso que chegou a hora de reflectirmos nas verdadeiras causas deste verdadeiro endeusamento da corrupção e da vigarice.

20.9.05

Mourinho no balneário

Discurso de Mourinho depois de um jogo...

Novos tumultos no Fórum do Médico Interno

Estalou a polémica no Fórum dos Médicos Internos depois de uma intervenção de um anónimo que faz graves acusações relativamente à entrada, alegadamente fraudulenta, de dois internos no Internato Complementar. Imediatamente se levantaram vozes em defesa dos acusados mas outras exigem o esclarecimento de toda esta duvidosa situação. Um caso, que a ser confirmado pode ter graves repercussões judiciais pelo que merece um acompanhamento atento.

19.9.05

O "timing" presidencial II

Cavaco Silva apenas disse o que é óbvio.    

A velha questão...

Já aqui falei do problema dos direitos adquiridos, que impede toda e qualquer reforma que se pretenda fazer neste país, mas, a propósito da contestação que grande parte da nossa função pública se prepara para fazer ao governo, pelo corte de alguns previlégios e pelo fim da multiplicidade de regimes excepcionais que por aí vigoravam, devo dizer que tal facto apenas mostra que os sindicatos, pese a importância que têm numa democracia, são uma das principais razões do imobilismo do nosso país. Eu percebo que a função deles é defender a posição dos trabalhadores que representam, mas o radicalismo das suas posições é quase sempre difícil de compreender.
É a velha máxima dos direitos adquiridos e dos previlégios inalienáveis, tão ao gosto de homens como Carvalho da Silva. O mesmo que, juntamente com os membros do actual governo, criticou o novo Código do Trabalho, que como se pode ver agora nos relatórios internacionais em nada beliscou a forte posição que os trabalhadores detêm no nosso ordenamento jurídico.

O "timing" presidencial

Acho piada àqueles que têm criticado Cavaco Silva por ainda não ter anunciado a sua eventual candidatura. E ainda mais piada acho quando apelidam essa actuação de antidemocrática, por (dizem) não se poder discutir com tempo o modelo presidencial. E nem um possível desespero pelas últimas sondagens pode justificar tão peregrina ideia.
Em minha opinião, nada mais natural que Cavaco espere pelo final das eleições autárquicas. Independentemente da opção táctica que lhe é totalmente legítima, a bem da nossa democracia, é desejável que no período de campanha eleitoral autárquica se discuta os problemas e as propostas dos seus candidatos. Querer que agora se discutisse as eleições presidenciais era um profundo desrespeito pelo poder local e pelos seus candidatos. Isso sim é que poderia ser chamado de antidemocrático.
Os outros candidatos presidenciais apenas avançaram porque acharam que isso seria benéfico para os seus interesses pessoais e para a dinâmica da sua campanha.
Soares viu-se obrigado a avançar em Agosto para calar e afastar o mais rapidamente o seu amigo de longa data, Manuel Alegre. Ao contrário da ideia que quis passar, Soares impôs-se ao partido e ao país.
Jerónimo de Sousa e Louçã avançaram para, assim, poderem ganhar uma tribuna até Janeiro, visto que os seus candidatos autárquicos não conseguem grande visibilidade, em consequência da dimensão dos próprios partidos. Ora, num período de agitação eleitoral como o que vamos viver até Janeiro tal facto é crucial para manter bem vivo o seu eleitorado.
De Outubro até Janeiro não faltará tempo nem oportunidade para se discutir o país e as eleições presidenciais que se avizinham, pelo que, nesse aspecto, a democracia estará assegurada. Isto se o propósito dos candidatos for mesmo discutir ideias, porque, pela amostra que se tem visto dos candidatos que já andam no terreno, o ataque pessoal tem falado mais forte.    

17.9.05

Carmona e Carrilho

Foi lindo o debate de ontem!
Esteve ao nível de um "Donos da Bola" de antigamente, quando tinha aquele Jorge Schnitzer aos comandos...
É impressionante como não se há-de falar em mais nada do que se passou durante aquelas horas de animada conversa, a não ser do cumprimento que não houve nem no início nem fim.
E convinha que se soubesse que havia um candidato que estava por dentro dos dossiers e outro que continua a contar apenas com a imagem pública que ele pensa que tem (só porque sacou uma gaja que já apresentou o "Chuva de Estrelas"!) e que desconhece completamente as linhas com que se cose. Felizmente, sempre que o Carrilho aparece, depreende-se facilmente que não tem nada de substancial para dizer, pelo que já ninguém precisa de ser esclarecido quanto a este facto.
E como, ainda por cima, também foi ele a evitar o cumprimento, também por aqui foi ele a ficar mal na fotografia - apesar de poder sempre haver quem entenda este acto como uma demonstração de carácter - Definitivamente o PS escolheu muito mal o seu candidato à maior câmara do País. Se é que teve alguma hipótese de escolha...

16.9.05

Legislatura

Em minha opinião, o art. 171º, nº 2, da nossa Constituição, é claro como água:

Em caso de dissolução, a Assembleia então eleita inicia nova legislatura cuja duração será inicialmente acrescida do tempo necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição.

Esta ainda é a mesma sessão legislativa, iniciada no passado mês de Abril e que acabará em 14 de Setembro de 2006.

P.S. Esta posição em nada tem que ver com a questão da interrupção voluntária da gravidez.

Avaliação dos Serviços do Estado

O problema da descentralização não pode ser, a meu ver, dissociado do funcionamento geral da Administração Pública e dos serviços do Estado. O pesado aparelho do Estado (a nível central e local) benificiaria muito em dar maior autonomia aos serviços que contactam com as populações. Isso permitiria adaptar e flexibilizar os recursos disponíveis de modo a garantir, caso a caso, a satisfação das necessidades específicas de cada local ou serviço. No entanto, uma maior autonomia de gestão de meios exige necessariamente uma maior responsabilização dos serviços de modo a evitar o descontrolo, o que se conseguiria com uma avaliação rigorosa. Ora, é precisamente o problema da avaliação dos serviços e do desempenho que constitui a pedra angular do funcionamento do Estado. Nesse particular, a avaliação que tem sido feita baseia-se num controlo interno efectuado pelos funcionários mais graduados que avaliam os próprios colegas de trabalho. No actual sistema, pretende-se que os funcionários sejam classificados segundo o seu desempenho, e isso é positivo, mas quem avalia é alguém que se integra no próprio serviço, o que leva a uma perda de objectividade e a favorecimentos pessoais baseados em critérios de amizade. A admissão de pessoal constitui um dos exemplos mais evidentes de como um serviço autónomo pode ser perverso se não houver um controlo rigoroso. Considero que a situação só se pode resolver se os serviços funcionarem como empresas e a avaliação partir dos utentes. Isto é, os serviços estariam sujeitos à competição uns com os outros, e de acordo com o número de utentes que a eles recorressem, receberiam orçamentos com base nos actos praticados.

Muralhas...

O Primeiro-ministro e ministra da Educação foram hoje vaiados na Figueira da Foz por professores que se manifestavam contra a política educativa do Governo. 
Confesso que li esta notícia sem qualquer espanto, até porque outra coisa não seria de esperar de um Governo que, de socialista, nada tem. Aliás, outra coisa não seria de esperar se confrontarmos todas as promessas eleitorais com as medidas que têm vindo a ser tomadas dias após dia pelo Governo de José Sócrates.
Todos os sectores do País, desde a Justiça à Educação, passando pelas forças armadas e pela função pública, começam a apontar as suas catapultas contra as muralhas do Governo. Além disso, os jobs for the boys são cada vez mais frequentes e escandalosos. Só espero que as muralhas sejam fracas…

Descentralização a que preço?

Vital Moreira, no Causa Nossa, insurge-se contra aqueles que se opõem à gestão dos Centros de Saúde por parte das autarquias. Falando dos benefícios da descentralização.
A grande questão é que o Estado central funciona mal, mas a administração local, pura e simplesmente, não funciona. Pelo menos democraticamente falando. Basta ver o que acontece com os auxiliares de educação, cuja colocação é da competência das autarquias. Conheço muitos professores que me dizem que esse auxiliares são todos directamente colocados pelos vereadores, ao sabor de conhecimentos e trocas de favores.
A administração local é um cancro que neste momento contamina toda a democracia. Presentemente, reforçar-lhe os poderes, apenas representa mais oportunidades para criar mais clientela, e assim perpetuar ainda mais o mandato de quem está à frente.
Seria curioso avaliar quantos agregados familiares é que, numa cidade como Braga, por exemplo, dependem directa ou indirectamente da câmara, através de cargos de administração pública local, empresas municipais e afins.

15.9.05

Um advogado a favor da redução das férias judiciais

Hoje começa o novo ano judicial, com promessa de várias frentes de batalha entre os agentes da Justiça e o governo. Uma das questões que mais polémica tem levantado é a da diminuição das férias judiciais.
Compartilho da opinião daqueles que dizem que a medida não resolve nenhum problema grave na nossa justiça, que tão mal funciona, e que foi apresentada de uma forma demagógica, quase num estilo de “caça às bruxas”.
É verdade que os dois meses em que os tribunais estão fechados, e em que os processos e os prazos se suspendem, com excepção dos considerados urgentes, não correspondem a dois meses de férias por parte de magistrados, advogados e funcionários dos tribunais. Esse tempo é aproveitado para estudar mais profundamente alguns processos, actualizar expediente e redigir sentenças atrasadas, derivadas do excesso de processos que a grande maioria dos juízes enfrentam. O período de “férias judiciais” corresponde ao encerramento dos tribunais, mas não a férias dos seus agentes.
É também verdade que a lei foi apressada e, nalguns aspectos, não se evitou o ridículo, como aquela peregrina ideia do ministro da Justiça de colocar simples licenciados em Direito a julgar processos na segunda quinzena de Julho e primeira quinzena de Setembro.
No entanto, analisando a situação, penso que na sociedade em que vivemos e numa economia de mercado, cada vez mais concorrencial, o país não se pode dar ao luxo de ter os seus tribunais fechados dois meses, com excepção de processos urgentes. É muito tempo sem condenações, penhoras e sujeição ao cumprimento de obrigações.
Além disso, como em todas as actividades, existe sempre algum relaxamento no período imediatamente anterior e posterior ao encerramento, por isso, na prática, os tribunais deixam de funcionar com normalidade durante mais tempo do que apenas aqueles dois meses.
Acho, por isso, que a redução tem razão de ser, ainda que, e quanto ao que aos verdadeiros problemas da nossa justiça diz respeito, seja apenas cosmética, com poucos resultados práticos. Não justifica, de maneira nenhuma, o orgulho que o ministro da Justiça tem revelado. Num sistema judicial que funcionasse, certamente que notar-se-iam efeitos imediatos, mas no nosso, pouco ou nenhum efeito se irá produzir, pelo menos relevante.

O princípio da autonomia

Manuel Pinho fez o habitual desmentido sempre que existem ligações perigosas entre uma empresa pública e membro(s) do partido no poder, a propósito do caso Vitorino, focado neste post.
Argumentou que a GALP é uma empresa com "autonomia de gestão", com liberdade de escolher os seus colaboradores e aqueles que lhe prestam serviços. Autonomia de gestão essa que está alicerçada no facto de contar, na sua administração, com nomes tão estranhos ao socialismo como Murteira Nabo e Fernando Gomes.

Como!?!

César Peixoto fez esta declaração arrepiante, em jeito de desculpa (!?), sobre o facto do Porto ter sofrido o terceiro golo contra o Rangers, após ter ficado reduzido a dez elementos, por lesão do perdulário Sokota:

P Concorda que, após a saída do Sokota, o FC Porto poderia ter tentado manter a bola e segurar o empate em vez de atacar?
R Se calhar. O FC Porto estava a tentar fazer o terceiro golo, mas talvez alguns jogadores não se tenham apercebido que estávamos com um elemento a menos. O Sokota saiu numa altura em que o jogo estava muito intenso.

Será que ele não percebe que isso demonstra uma total descoordenação por parte dele, dos colegas e do treinador?

14.9.05

Uma ideia

Com o excesso de licenciados em Direito e de advogados que existe por todo o país e dado que o advogado tem competência para praticar todos os actos próprios de um solicitador, porque não acabar com esta profissão?
Os consumidores só sairiam beneficiados, já que teriam pessoas bem mais qualificadas a prestar-lhes os mesmos serviços que anteriormente eram prestados pelo solicitador.
Há muitos anos atrás, quando a advocacia era uma profissão exercida por apenas alguns, ainda se podia perceber a ideia do solicitador, mas, nos tempos que correm, a figura é totalmente dispensável.    

E se fosse o Santana?

Independentemente de não nutrir nenhuma admiração por Santana Lopes, imagine-se o que se escreveria ou diria se fosse ele o protagonista deste “caso Vitorino”.

Primeiras palavras...

Hoje começo a minha actividade neste magnífico blog.
Espero que as minhas modestas palavras permitam alargar horizontes…

Desta vez António Vitorino aceitou

Esta notícia no Jornal de Negócios mostra a habitual promiscuidade entre os governos em exercício e os escritórios de advogados de Lisboa. (via Bloguítica)
O homem que coordenou o programa de Sócrates foi agora nomeado como representante do Estado português, num negócio de milhões.
Sócrates continua a espalhar presentes pelo partido…

13.9.05

E À Quarta Aconteceu

Não deixará de ser sintomático que a entrada de Pepe no onze, coincida com a 1ª derrota do Porto.
Já tinha aqui avisado que era boa altura para se ter gasto algum dinheiro a reforçar a defesa do FC Porto, mas além de tal não se ter passado, ainda foram postos de lado dois jogadores experientes que ainda tinham muito para dar a este plantel. Para mim é líquido que com Jorge Costa(principalmente) e Nuno Valente, o Porto ganhava o jogo hoje.
Nas competições europeias a experiência faz muita diferença.
Contra o Glasgow Rangers, como se não tivesse bastado o azar das lesões do Pedro Emanuel e do Sokota, alheada à falta de concretização de que padece esta equipa, ainda vimos o Prso (que jogador fraco!) marcar um golo totalmente irregular que ninguém acreditava que o árbitro pudesse validar.
Tal não impede as seguintes constatações: O FCP joga um futebol bonito e pressionante, que domina por longos períodos o adversário. Faz trocas de bola e jogadas ao primeiro toque (que hoje nem sempre resultaram graças à impetuosidade com que o adversário sempre se fez à bola e que os jogadores do Porto não souberam contrariar) que tornam o espectáculo atractivo como já não estamos habituados a ver. No entanto, além do problema da concretização (hoje mais evidente), nos outros três jogos oficiais até agora, esse domínio nem sempre se traduz em situações claras de golo, porque no último terço do terreno não dá, principalmente contra 90% das equipas da Liga Betadine, para andar a trocar a bola sem profundidade numa área sobrepovoada. Isto leva-nos a uma conclusão muito simples - com esta defesa, vamos ter que dominar muito mais, longe da nossa baliza, e marcar efectivamente mais golos para podermos ganhar os jogos. E é preciso amealhar pontos enquanto os adversários ainda têm algum receio do nome do clube, porque quando se aperceberem que entrar pelo meio de Pepes, Ricardo Costas, Sonkayas e César Peixotos é como faca quente na manteiga, vamos passar por apuros garantidamente.
Mas temos obrigação de nos apurarmos neste grupo facilmente, porque este Glasgow é fraco, não acredito no Artmédia e o Inter não justifica de maneira nenhuma qualquer tipo de receio (tirando o Adriano - o que não é pouco).
E mais: convém aproveitar a lesão do Sokota para o correr do onze (quanto mais não fosse, pela ordem de ideias que resultou na exclusão do Jorge Costa - dar lugar aos mais novos - o Hugo Almeida era melhor opção), o Jorginho já escusava de ter um lugar indiscutivel e não me venham com o Meireles, que o Ibson, apesar de deslocado um bocado do sítio onde mais o vimos brilhar, está lá muito bem.

Tribunal de Contas

Tem gerado contestação a nomeação de Guilherme de Oliveira Martins para presidente do Tribunal de Contas. De facto, nada mais conveniente do que ter um camarada e ex-colega a fiscalizar as contas do próprio governo.
Não quero colocar a honra e profissionalismo da pessoa em causa, mas penso que sempre demonstrou demasiada proximidade ao partido, quer no governo, quer na oposição, para estar num lugar que exige total isenção.
No entanto, não concordo com Rodrigo Moita de Deus, em O Acidental, quando diz que o TC era um dos poucos organismos de fiscalização que realmente funcionava. É que faz parte da natureza do TC não funcionar.
Passo a explicar, os brilhantes e certeiros relatórios que de lá saem nunca têm qualquer efeito útil e pecam sempre por vir atrasados no tempo, quando já nada se pode fazer. Nem sequer têm levado a qualquer investigação ou responsabilização pelo facto consumado.              

Autarquias - Sociedades de Construção, S.A.

Ontem não tive oportunidade de acompanhar o debate no Prós e Contras, na RTP 1, sobre a nossa realidade autárquica.
No entanto, do pouco que assisti, penso que se tornou claro que é necessário alterar o modelo de financiamento das nossas autarquias. Neste momento, os orçamentos autárquicos dependem em demasia, às vezes cerca de 60%, da construção e dos impostos sobre imóveis (IMI – antiga Contribuição Autárquica – e IMT – antiga SISA). Isso além de favorecer a corrupção e tráfico de influências para a criação de áreas de construção, concessão de licenças, levou-nos ao resultado paisagístico que apresentam a maioria das cidades portuguesas.
Actualmente, uma câmara que seja responsável e tente proteger zonas verdes e implementar zonas urbanas de baixa densidade de construção sai claramente prejudicada em relação àquelas que aprovam tudo o que é projecto imobiliário.
Os municípios que apadrinham a construção desenfreada acabam por arrecadar muito mais receita, distorcendo o verdadeiro interesse público e hipotecando o futuro, em troca de resultados e rendimentos imediatos. Ninguém duvide que o IMI e IMT têm sido justificação fácil para muitas das atrocidades urbanísticas que se vão cometendo.
Daí que talvez fosse bom começar a pensar em financiar os municípios através do imposto sobre o rendimento das pessoas (actualmente apenas existe a derrama sobre o IRC), já que obrigaria a fomentar o verdadeiro investimento público por parte das nossas autarquias, que seriam tanto mais ricas quanto mais ricas e desenvolvidas fossem as suas populações, ao contrário de agora, que são tanto mais ricas quanto mais deixem construir. Poderia ser que, assim, parássemos de assistir a um modelo de crescimento baseado na construção civil e àquelas obras faraónicas, como estádios, pavilhões e afins, que têm marcado os mandatos dos nossos autarcas.

12.9.05

Um primeiro balanço

Os adeptos portistas têm boas razões para andarem confiantes. Co Adriaanse tem demonstrado que é um bom treinador, que sabe o que quer e que consegue transmitir isso aos seus jogadores.
O Porto tem apresentado uma qualidade de jogo que nunca se viu na época passada e que, esteticamente, não se lhe via desde a primeira temporada completa de Mourinho.
Pese embora algumas dúvidas quanto ao seu comportamento defensivo, o Porto chega a sufocar a equipa contrária com as suas movimentações atacantes e a sua pressão constante. É verdade que nenhum dos adversários era especialmente credenciado mas, convém não esquecer, na época passada, todos os adversários do Porto pareciam obstáculos intransponíveis.
Do meio campo para a frente o onze é de luxo, resguardado com boas soluções no banco (mesmo com os devaneios de McCarthy). Aliás, devo dizer que, ao contrário do que vaticinava, Alan tem demonstrado ser um bom jogador.
Aguardemos, mas, certamente, que o jogo de amanhã contra o Rangers, campeão escocês, poderá dar mais algumas indicações quanto ao real valor da equipa e, essencialmente, quanto à fiabilidade da sua defesa.
Por outro lado, os adeptos benfiquistas têm verdadeiros motivos para andarem preocupados. Além de quase não pontuar, a equipa está longe de apresentar um modelo de jogo definido. Mais do que isso, Koeman parece não conhecer os jogadores e tem demonstrado muita desorientação, tentando implementar um esquema táctico que pouco ou nada testou na pré-época. A juntar a isso, cometeu o habitual pecado de treinadores à beira do precipício de introduzir jogadores no onze inicial sem que estes estejam minimamente identificados com a equipa.
O que já não se entende é a nostalgia de alguns analistas em relação a Trapattoni. O treinador italiano fez um campeonato medíocre, que só foi premiado porque deparou com um Porto totalmente despedaçado, desorganizado, sem ponta por onde se lhe pegasse. Basta ver que, mesmo assim, a alma penada do campeão europeu chegou à última jornada em condições de ser campeã. E se formos ver a qualidade de jogo do Benfica da última época, constatamos que a maior parte das vezes valeu lenços brancos furiosos dirigidos das bancadas para o banco.
Aliás, basta ver a classificação do Estugarda (actual clube de Trapattoni) no campeonato alemão… último terço da tabela, sem qualquer triunfo,em quatro jogos disputados.

10.9.05

Ideia obsessiva?

José Saramago mostrou ontem, provavelmente de forma involuntária, uma das características fundamentais do conteúdo programático de alguns partidos políticos em Portugal. O célebre escritor revelou que apoia 2 candidatos à presidência: Mário Soares e Jerónimo de Sousa. Questionado sobre o facto de essa posição poder ser considerada incoerente, Saramago retorquiu que, pelo contrário, o apoio às 2 candidaturas nada tinha de incoerente mas antes reforçava o seu principal objectivo: derrotar a "direita". O objectivo de combater as forças de direita apresenta-se, infelizmente, como uma ideia chave (e, por vezes, única) dos programas políticos de alguns partidos de esquerda, de que deriva todo o seu restante conteúdo programático. De facto, isso explica-se na medida em que certas correntes políticas deixaram de conseguir apresentar uma proposta para a sociedade e limitam-se agora a apontar as falhas ou as insuficiências de outras propostas. Isso, em si mesmo, não é negativo pois permite a melhoria dos sistemas sociais e políticos. No entanto, seria a meu ver mais proveitoso e coerente apresentar alternativas bem estruturadas e credíveis, ainda que de apoio minoritário, para contrapor às práticas dominantes.

9.9.05

Implosão


Depois de ver o que aconteceu ontem em Tróia, com o teatral esforço do nosso Primeiro-Ministro, apenas penso o bem que o uso de explosivos poderia fazer na esmagadora maioria das nossas cidades...

Presidenciais

Olhando para a última sondagem publicada hoje no Público, e apesar do reforçado optimismo dos apoiantes de Mário Soares, com Vítor Ramalho à cabeça, quase que se pode dizer que, afinal, quem pode impedir o passeio triunfal de Cavaco não é Soares, mas os outros candidatos da esquerda.

8.9.05

Inconfidência

Durante o mês de Agosto, num Serviço de Psiquiatria de um certo Hospital deste país, o trabalho foi assegurado por 2 internos da especialidade, um deles ainda não completou um ano de formação. Isto porque quase todos os especialistas tiraram férias ao mesmo tempo, sem qualquer coordenação. O que é triste é que chegado o mês de Setembro, e regressados os especialistas, não se nota grande diferença...

Jotas

Há uns anos ainda pertenci a uma jota partidária. Hoje olho para aquelas organizações com repulsa. Não vejo mais do que um trampolim para muitos medíocres alcançarem lugares que nunca atingiriam quer pelo estudo quer pelo mérito pessoal. Quando olhamos para o elenco governativo ou para alguns quadros da função pública lá os vemos. Nenhum currículo, nenhuma profissão ou actividade fora da politica. E a situação só tende a piorar…

Destinos

Hoje, quando vinha trabalhar e olhava para o ar apressado de alguns, sofrido de outros e impotente de uns quantos, dei por mim a pensar em Armando Vara...

7.9.05

Campanha autárquica

Os novos cartazes da candidatura de Ricardo Rio à Câmara Municipal de Braga, a meu ver, têm uma qualidade pouco comum nas candidaturas autárquicas. Sobretudo se pensarmos que vêm do lado da oposição de um concelho que é dominado há cerca de 30 anos pela mesma força política, sendo esta tão democraticamente sufocante, com as dificuldades que isso provoca na angariação de fundos para uma campanha eleitoral por parte de quem lhe quer fazer frente.
O fundo branco (numa cidade tão visualmente poluída) é apelativo e a aposta apenas em palavras-chave como “Segurança”, “Urbanismo”, entre outras, ao mesmo tempo que auxilia a leitura, impõe temas de campanha e pode levar os bracarenses a olhar para o que têm à sua frente e ao seu lado.
É certo que é praticamente impossível desalojar alguém como Mesquita Machado, mas nunca uma candidatura autárquica do PSD (aqui em coligação com o CDS/PP) em Braga, revelou tanto dinamismo e espírito de missão.

Avante

O PCP organizou a festa do Avante sem obedecer às novas regras previstas na nova lei de financiamento dos partidos. Como consequência, além de uma multa, os comunistas poderão ver-se obrigados a entregar ao Estado o dinheiro arrecadado.
Será que estamos prestes a assistir à nacionalização da festa do Avante?

6.9.05

Maria Duval para a Presidência

A Dica da Semana, inicialmente apenas um jornal publicitário, tornou-se uma verdadeira lenda das publicações em Portugal. Na edição desta semana, ao lado da secção de Literatura, onde se apresenta o livro que Urbano Tavares Rodrigues vai publicar sobre a obra literária de Álvaro Cunhal, Maria Duval expõe-nos a sua "extraordinária e surpreendente proposta". Esta auto-intitulada "mais célebre e experiente vidente e médium" propõe-se ajudar, de forma gratuita, qualquer pessoa que a ela recorra e garante a concretização de 7 desejos escolhidos de entre um lote de 33. A lista dos "desejos" é absolutamente espantosa. Vejamos alguns exemplos: ganhar dentro de 15 dias o primeiro prémio do totoloto; ganhar dinheiro suficiente ao jogo para não ter que voltar a trabalhar; ser amigo de pessoas ricas; poder parar de trabalhar e ter um bom rendimento mensal.
As propostas de Maria Duval parecem, à partida ser absurdas. Mas, fazendo uma análise mais profunda, pergunto-me se não é com propostas semelhantes que os políticos tentam ganhar as eleições... e conseguem.

Tempo de antena

Sempre que algum Valentim, Felgueiras, etc. tem algum insulto ou desfaçatez para proferir, lá vai a nossa comunicação social marcar presença. Ainda ontem tivemos o prazer de ouvir o Major Valentão a berrar pela enésima vez…
Com a proximidade das eleições autárquicas não há dia que não tenhamos que ouvir ou ler umas quantas boçalidades. Será que esta Galeria de Horrores seria possível num país verdadeiramente civilizado?

Europa, esse continente superior

Ao ouvir as sempre sensatas e inteligentes palavras europeias sobre os sempre irresponsáveis e desprevenidos americanos quase juraria que a Europa tem um sistema infalível anti-furacões, tufões e toda a espécie de fenómenos da natureza.
A verdade é que, felizmente, não me lembro de nenhum furacão que tenha atingido o continente europeu. Será mérito dos grandes líderes europeus ou simplesmente a mão de Deus?...

5.9.05

Promessa eleitoral

Num cartaz colocado junto aos Hospitais da Universidade de Coimbra, Vitor Batista (o candidato à presidência da Câmara de Coimbra pelo PS) anuncia: "vou apoiar com 20 milhões de euros a criação de 5000 empregos, é o meu compromisso." Das duas uma, ou Vitor Batista acredita piamente que a criação de empregos produtivos (e, por isso, duradouros) se consegue através da injecção de dinheiro e, nesse caso, revela toda a sua ingenuidade e ignorância ao assumir este compromisso, ou então não acredita nos resultados práticos desta falsa promessa, a não ser o gasto supérfluo de dinheiro, e está apenas a usar uma velha e já pouco credível estratégia de campanha. Em ambos os casos, e qualquer que seja a situação, Vitor Batista não fica nada bem visto, com este tipo de cartazes...

De volta

Depois de umas longas férias propositadamente afastadas (dentro do possível) da actualidade noticiosa, regresso a este blogue.
Sinceramente fico muito satisfeito que o Joaquim Cerejeira tenha voltado. Mais satisfeito ainda quando constato que está disposto a tornar a sua contribuição muito mais que apenas pontual.
De resto, devo dizer que o panorama português não melhorou (infelizmente) desde a última vez que aqui escrevi. O mês de Agosto não nos deu grandes motivos de satisfação.
Depois do assalto feito à Caixa Geral de Depósitos logo no início do mês, todos assistimos da pior maneira possível, mesmo à força diria, à já habitual destruição de mais uma grande parte da nossa área florestal e Soares avançou para a mais desinteressante e incompreensível candidatura presidencial.

4.9.05

As escolhas são amanhã

Amanhã começa o período de escolhas dos médicos para o Internato Complementar (especialidade) que se inicia já no fim deste mês. Eu e o Horácio passámos por essa experiência há menos de um ano e bem sabemos o quanto pode ser inquietante, dadas as dúvidas e incertezas acerca do futuro. Por isso, gostava de transmitir uma palavra de estima e confiança a todos os médicos que amanhã vão decidir muito das suas vidas e dizer-lhes que numa ou noutra especialidade hão-de encontrar bons motivos para se sentirem realizados na sua vida profissional e pessoal.

Candidaturas partidárias ou pessoais?

Relativamente às candidaturas para a Presidência da República, o argumento de que são candidaturas pessoais e supra-partidárias é usado por quase todos os políticos. No entanto, a prática é completamente diferente. Veja-se o caso dos actuais candidatos, um por cada partido de esquerda, que leva o mais ingénuo a por em dúvida a espontaneidade das candidaturas. Será que foi Mário Soares quem, por sua genuína vontade, se lançou em mais uma corrida à Presidência ou terá sido o PS a pressioná-lo em face da ausência de outra figura disponível? No caso do BE e do PCP não persistem quaisquer dúvidas pois são os próprios partidos a assumir claramente que têm um candidato. Curioso é também verificar que estes dois partidos usam as candidaturas presidenciais para fazer oposição ao Governo, lançando para o ar precisamente os argumentos, aliás já gastos, que se ouvem consecutivamente na Assembleia da República. Também é interessante ver que o nome de Cavaco Silva, ainda não candidato, é olhado como uma terrível ameaça da "direita" que tem que ser combatida a todo o custo. Já o PS contenta-se em usar uma falácia pueril: o PSD quer ganhar nas eleições presidenciais aquilo que perdeu nas legislativas, portanto o melhor candidato é Mário Soares. Pelo que se tem visto parece que não podemos esperar muito da discussão política nas eleições presidenciais. Espermos que o candidato da "direita" traga alguma novidade...

2.9.05

Discriminação na Função Pública

Actualmente, segundo o actual sistema de funcionamento da Administração Pública, a avaliação da qualidade dos serviços é feita de cima para baixo, isto é, as chefias analisam uns quantos dados obtidos pelos próprios serviços e verificam se os objectivos estão ou não a ser atingidos. Se consideram que sim, fica tudo na mesma (é o que acontece na maioria dos casos). Se, por outro lado, se detecta alguma falha tenta-se corrigi-la com normas ou orientações aos funcionários, que raramente percebem o sentido e o alcance dessas medidas e que, por vezes, as boicotam. Por outro lado, não existe qualquer benefício para os funcionários de um Serviço que seja eficiente. Pelo contrário, normalmente esse Serviço é mais procurado pelo público e tem mais quantidade de trabalho do que outro que funciona mal. O que fazer? Continuar a confiar na boa vontade dos funcionários esperando que eles cumpram as suas funções o melhor possível ou introduzir medidas concretas que beneficiem os Serviços eficientes e organizados?

1.9.05

Regressei

Após meses de ausência é com prazer que anuncio o meu regresso à participação regular neste blog. O trabalho tem sido muito e, mergulhado nos meandros da Psiquiatria, nem sempre é possível ir acompanhando a realidade do País e do Mundo. Mas os recentes factos políticos ocorridos e a proximidade das eleições autárquicas e presidenciais são um estímulo demasiado forte que não deixa ninguém indiferente. Por isso, nos próximos tempos espero contribuir para a discussão neste fórum. Aproveito para cumprimentar todos e, se for o caso, desejar um bom reinício de trabalho depois de férias. Para mim será a continuação de um Verão quente e árduo de trabalho...