29.4.05

Maquilhagem

É o que se pode dizer das novas medidas do governo para a Justiça, apesar de até se poderem considerar, algumas, positivas.
O caso da descriminalização dos cheques sem provisão até 150 euros é disso o maior exemplo. Acredito que pode ajudar a descongestionar alguns tribunais, mas não me parece que a desresponsabilização dos agentes económicos, por menor que seja, ajude a credibilizar e a tornar mais competitivo o nosso país. Mais uma vez, é penalizado quem cumpre, ou seja, o credor e o devedor que paga realmente.
Estas medidas apenas vêm confirmar o grande poder que António Costa deve ter sobre este ministério, pois enquadram-se na linha de cosmética do seu mandato, que nos trouxe inovações tão geniais e práticas como a video-conferência...

Ribeiro e Castro e o seu passado

João Moreira Pinto, no Casa em Construção, insurge-se contra o meu argumento de Ribeiro e Castro ter pertencido à direcção do Benfica de Vale e Azevedo. Confesso que não me lembrava bem de quando é que o novo líder do CDS abandonou a dita direcção. Abandonou-a em Março de 1998, seis meses após ter sido eleito. Sem dúvida, tal facto joga a seu favor e confere-lhe maior credibilidade e nobreza carácter.
Mas, o que continuo a dizer é que Vale e Azevedo nunca pareceu ou demonstrou ser um homem sério e competente, nem mesmo na campanha eleitoral.
No entanto, peço desculpa por alguma imprecisão.

Fatal como o destino

Tal como se esperava quando ambos chegaram ao FC Porto, Cláudio Pitbull e Léo Lima já estão de malas aviadas para o Brasil.
Desde que chegaram até se irem embora, passaram apenas quatro meses, poucos, mas que serviram para que alguém amealhasse mais alguns milhares de euros, a título de comissão, tanto na hora da entrada como na hora da saída. Isto sem contabilizar os salários entretanto pagos.
No entanto, não era preciso ser treinador, empresário ou presidente de uma SAD, para saber qual seria o seu destino, logo no momento em que pisaram pela primeia vez o solo da cidade do Porto. Sem necessitar de visionar uma única cassete de vídeo, ou dvd, como agora se usa... Porém, não há ninguém que assuma responsabilidades por mais este falhanço. Quando o dinheiro não é nosso, ou melhor quando ele até pode...

P.S. - Por uma questão de pudor, recuso-me a falar das cenas de arbitragem das últimas semanas e do seu tratamento pela comunicação social. Só não me falem é em mais cruzadas pela transparência no futebol.

28.4.05

A acrescentar

Apesar de Ribeiro e Castro não me suscitar especial entusiasmo, penso que o CDS só terá a ganhar com este, pelo menos, aparente, fim do PP e do seu lado mais populista.
Apenas para que não seja mal compreendido.

Ensino e estudo

Um aluno do secundário, quando lhe perguntaram o porquê dos resultados a Matemática serem tão pobres:

"Deviam criar mais estímulos para os alunos estudarem!"

Infelizmente, as nossas reformas escolares têm caminhado quase todas neste sentido. Agora, um aluno já não se sente ridicularizado se disser que não estuda porque não o estimulam. Tem-se desresponsabilizado os alunos de quase tudo no processo educativo, sobrecarregando-se e desprotegendo-se as escolas e os professores. Ninguém aprende só sendo ensinado, tem também de trabalhar e estudar para isso. Em Portugal, estímulo é sinónimo de relaxamento e facilitismo no ensino.
Aos alunos tudo é permitido, sendo eles os titulares dos maiores direitos, quase sem deveres.
Aliás, basta ver as cassetes que os alunos do secundário debitam nas suas reivindicações: "Abaixo a reforma curricular", "Pela Educação Sexual", "Melhores condições!", "Abaixo as provas nacionais!"...
Ou seja, estimular é permitir que tudo se torne mais fácil e menos criterioso.
Por muito que isto custe, estudar raramente dá prazer, muito pelo contrário, dá muito trabalho e exige muito esforço. Por isso, não se pode estar constantemente a inventar métodos e a desculpabilizar os alunos, dizendo que não se consegue retirar satisfação da aprendizagem. Para a maioria dos alunos, por melhores intenções que se tenha, aprender e estudar será sempre um sacrifício. E só se conseguirá fomentar esse sacrifício se ele for premiado, por oposição à falta de trabalho.
Nas nossas escolas, a palavra competitividade é quase uma heresia, fomentando-se a o nivelamento dos estudantes, mas pela mediocridade. Sou a favor dos prémios para os melhores alunos e da divulgação das listagens de escolas e dos alunos (por ordem de sucesso escolar). Só assim se conseguirá motivar a excelência.
Os alunos, apesar de deverem ser tratados com cuidado e sem descriminações, têm de deixar de ser vistos como criaturas frágeis e oprimidas, em que a simples correcção de um teste com cor vermelha os pode traumatizar irremediavelmente. Devemos recompensar os melhores e apoiar os menos brilhantes, mas para isso temos de saber quem eles são, sem complexos ou preconceitos.
Temos de formar mulheres e homens, preparados para um mundo cada vez mais exigente e competitivo, não só entre portas, mas, essencialmente, fora delas.

27.4.05

O que se passa, afinal?

Confesso que tenho alguma curiosidade em saber como vai acabar a polémica sobre a construção do Centro Materno-Infantil do Norte. Tanto Rui Rio como Correia de Campos me parecem pessoas sérias e políticos competentes, pelo que gostaria de saber se já conhecemos todos os ângulos da questão.
Rui Rio não deve ser uma pessoa muito querida nalguns círculos socialistas, mas não acredito que Correia de Campos pactuasse com pressões partidárias e com fins meramente eleitoralistas.
A ver vamos...

Euskadi

Este fim-de-semana andei por terras bascas. É uma região muito bonita, singular até. Os vários tons de verde, sempre vivo, da sua vegetação, quase sempre enfeitando montanhas e encostas, misturam-se com o azul do mar, salpicado pelo branco, fruto do bater insistente na costa escarpada.
Mostra-nos que o homem pode conviver em paz com a natureza, não destruindo as suas paisagens e beleza natural, antes a completando e enriquecendo. As cidades, históricas, são cuidadas e bem delineadas, sendo um complemento perfeito para os olhos embevecidos por tanta generosidade. Seguir de Bilbao até San Sebastian, passando por Mundaka e Lekeitio, sempre junto à costa, é uma viagem fascinante.
No entanto, os bascos espanhóis (os franceses, surpresa, foram bem mais simpáticos) não conseguem receber condignamente quem os visita. São antipáticos e pouco prestáveis. Raros são os que olham para os olhos de quem os interpela, antes os vendo como intrusos e não como visitantes. São um povo fechado, talvez fruto da sua eterna aspiração independentista. É especialmente intrigante quando vemos que as suas noites são repletas de cor e animação, quase frenéticas, pouco condizentes com personalidades frias e reservadas como aparentam ser. Sempre, obviamente, com honrosas excepções.
Apesar disso, é sem dúvida uma região a visitar e, principalmente, a desfrutar.

26.4.05

Comércio e lazer

A propósito da abertura de um novo centro comercial em Coimbra, junto ao Estádio, interrogo-me acerca dos motivos que levam as multidões a acorrerem a este local numa atitude de quase deslumbramento. A resposta não é, no entanto, difícil e basta observar a forma como as cidades portuguesas (e, no caso concreto, Coimbra) foram crescendo para compreender que os Centros Comerciais são, infelizmente, os únicos espaços públicos que oferecem alguma possibilidade de contacto social e distracção. Há muito que a zona histórica de Coimbra está votada ao abandono e quanto às novas urbanizações, devido à sofreguidão dos construtores, não foram planeadas áreas de lazer ou equipamentos sociais que permitam às pessoas usufruir da cidade nos tempos livres ou ao fim de semana. Os poucos jardins que existem na cidade são construções históricas e pouco adaptadas à vida moderna, perigosos até. Não é preciso dizer que, nas últimas décadas, não foram criados quaisquer espaços verdes. Assim, enquanto que um londrino leva a família ao Hyde Park para passar a tarde de domingo, um conimbricence passeia-se pelas frondosas avenidas do Dolce Vita...

CDS

Não deixa de ser um pouco surpreendente, quando, depois de alguns dias de ausência, vejo que Ribeiro e Castro foi eleito como novo líder do CDS/PP (agora, muito mais CDS que PP).
Não tenho grande simpatia por Ribeiro e Castro. Além de raramente lhe ter visto uma ideia válida, o novo líder centrista foi um apoiante e membro da direcção de Vale e Azevedo, o que não fica bem em nenhum curriculum. E não se venha com a defesa de que Vale e Azevedo enganou muita gente, porque o seu estilo e modo de actuação só enganava quem queria ser enganado.
Alguma ironia no facto de suceder a Portas, um orador por excelência (apesar de muito (correcção) teatralismo), Ribeiro e Castro, um líder com uma péssima dicção, que, por vezes, quase torna o seu discurso imperceptível.

Arte que acolhe arte


Guggenheim, Bilbao

20.4.05

A verdade

Mais uma vez, não pode deixar de causar algum espanto o quanto o Bloco de Esquerda tem a dizer acerca do novo papa e da sua visão sobre o catolicismo e o mundo.
A esse respeito, é incrível que, para os bloquistas, os muçulmanos possam viver a sua religião em paz e com os dogmas que desejarem (nem que para isso tenham de defender organizações tão puras e pacifistas como o Hamas), mas os católicos estão obrigados a escolher líderes que façam das palavras do evangelista Louçã a fonte de sabedoria suprema e indiscutível.
As mesmas pessoas que nos apresentam Ratzinger como a face do terror, quase sanguinário, são aquelas que não hesitam em elogiar desmesuradamente Hugo Chávez. Um pronunciou-se contra o relativismo moral e é líder de uma religião, que defende a vida e o humanismo, a que só adere quem quer e acredita, o outro nega a liberdade política e comete constantes atropelos contra os direitos humanos, obrigando um país e a sua população a seguir as suas loucuras.

19.4.05

Habemus papam

Ao que parece, saiu fumo branco da chaminé da Capela Sistina. Informações dentro de momentos...
O escolhido foi Joseph Ratzinger, a partir de hoje, Benedito XVI. A ala mais ortodoxa do colégio cardinalício saiu vencedora.
Em português dever-se-á dizer Bento XVI.

18.4.05

O resto é paisagem

"O próximo Dakar vai começar em Portugal. A organização da fase inicial deste acontecimento significa um forte investimento para Portugal. Com este evento, Portugal vai ter um retorno de milhões de euros."

Como sempre acontece, confunde-se Portugal com Lisboa. Só para que se saiba, sempre que temos combatido com os espanhóis na organização de eventos especificamente localizados numa cidade, nuestros hermanos apresentaram Sevilha, Barcelona, Valência, entre outras. Adivinhem qual foi a cidade portuguesa que foi sempre à luta?

15.4.05

O Disparate

Miguel Sousa Tavares, num dos seus delírios, infelizmente, cada vez mais habituais, insurge-se, hoje, no Público, contra a falta de qualidade do PSD em relação ao PS, chegando ao cúmulo de escrever (cito de memória) "que enquanto a Europa conhecia homens da craveira de Soares, Vitorino, Gama ou Sampaio, pouco teria a dizer em relação a homens como Cavaco, Nogueira, Marcelo ou Santana Lopes".
MST escreveu isto após ter dito que grande parte dos nomes da PSD de hoje deviam a sua notoriedade à política. Não digo que não tenha uma certa razão, mas as comparações, além de profundamente injustas, são totalmente descabidas.
Em primeiro lugar, Cavaco foi uma personalidade única no nosso país, quer se goste ou não. E comparar Nogueira e Marcelo (principalmente este último) com Santana é completamente desajustado.
Em segundo lugar, gostaria que MST referisse em que é que a notoriedade de Soares, Vitorino, Gama e Sampaio se deve menos à política do que os nomes referidos do PSD.
Soares, após se destacado na luta contra a ditadura, viveu essencialmente à sombra desses feitos, e apenas se tornou mundialmente conhecido por ter sido Presidente da República.
Sampaio também adquiriu notoriedade devido ao cargo que exerce.
Ou seja, nenhum deste dois casos é diferente de Cavaco, com a excepção de Cavaco ser hoje, quase unanimemente, considerado o melhor primeiro-ministro pós 25 de Abril e sempre ter sido um profissional reputado, docente do ensino universitário. Neste aspecto apenas Sampaio pode dizer o mesmo, pois era um nome reputado na advocacia portuguesa. Soares vive há anos da política, assim como a sua descendência.
Gama também se tornou conhecido graças ao seu partido e Vitorino, apesar de ser considerado um homem de grande valor intelectual (apesar da constante falta de comparência), apenas adquiriu notoriedade europeia após ter sido nomeado para o cargo político de comissário europeu da Justiça.
MST tem perdido grande parte da lucidez nos últimos tempos, tornando-se demasiado sectário e querendo fazer valer os seus preconceitos e pontos de vista a todo o custo, nem que para isso nos tenha que brindar com alguns desvarios que julgava impossíveis (cada vez menos, diga-se).

14.4.05

Ignorância

PPM do Acidental acusa os defensores da despenalização do aborto de falarem em semanas em vez de meses numa tentativa eufemística de ocultar o tempo de gravidez. Devia saber que tecnicamente uma gestação é datada em semanas e não em meses...

Ainda a limitação dos mandatos

Já aqui foi dito que o governo se prepara para criar uma lei que limite alguns mandatos. Além da óbvia estranheza de ser governo a preparar a legislação sobre essa matéria (questão que tembém foi levantada ontem no Quadratura do Círculo), e que poderá querer dizer que, num acto propangandístico (que começa a ser timbre desta nova governação), o executivo pretende ficar com os louros de uma medida que é da total competência da Assembleia da República, importa esclarecer alguns pontos.
Em primeiro lugar, parece-me perfeitamente justo que, ao mesmo tempo que se prevê a limitação dos mandatos dos presidentes de câmara, também se preveja a limitação dos mandatos dos presidentes dos governos regionais. Os males de que padecem uns, padecem os outros. Aliás, o estilo de governação e de lidar com as populações e clientelas é similar.
Neste ponto, e pese embora a óbvia provocação do PS em relação a Alberto João Jardim, a nova direcção PSD tem de se mostrar firme, não cedendo grande parte da sua credibilidade por causa do presidente do governo regional da Madeira.
Já quanto ao cargo de primeiro-ministro, parece-me um pouco exagerado e precipitado. Ao contrário dos outros dois, o cargo de primeiro ministro é alvo de dois controlos, além do sufrágio popular. Tanto a AR como o Presidente da República podem provocar a sua demissão e acabar com o seu mandato, como se viu há poucos meses. Não penso, por isso, que haja necessidade de o limitar, até porque é um cargo em que é difícil manter altos níveis de popularidade e, por via disso, não é muito provável que alguém se aguente mais de três mandatos.
Espera-se que a lei seja finalmente aprovada, numa medida que já se reclama há muito tempo e sobre a qual já se fala há demasiados anos.

Santo Padre

Começam a ser muito preocupantes as notícias dos últimos dias sobre alegados milagres ocorridos por influência do Papa João Paulo II. A história da vida deste Papa é, sem dúvida, exemplar e constitui uma referência para toda a Humanidade, sobretudo para os que, como eu, são católicos. O Papa João Paulo II revelou possuir uma fé inabalável que soube transmitir ao Mundo por intermédio das suas reflexões, orações, peregrinações e intervenções e, na última fase da sua vida, pelo exemplo pessoal de luta contra o sofrimento. A sua "santidade", se entendida como vida exemplar, ao serviço dos homens e iluminada pela fé, é um dado evidente. Os relatos de milagres que terão ocorrido por influência do Papa põem em causa, a meu ver, a credibilidade da Igreja Católica que, apesar de desde os seus primórdios ter feito esforços para se demarcar de superstições e crendices populares, ainda mantém alguns rituais e preceitos que a prendem a essa pesada herança pré-medieval. Os relatos dos alegados milagres realizados por intercessão de João Paulo II podem compreender-se com base na emoção que é característica do luto mas não podem ser levados a sério pela Igreja Católica. Infelizamente, já vários altos dirigentes da Igreja pareceram mostrar-se também eles convencidos de que tais milagres aconteceram. Esperemos que o próximo Papa ponha fim a esta corrente milagreira e que continue o trabalho de João Paulo II para melhorar a nossa Igreja.

13.4.05

Onde é que já vimos isto?

Declarações de Pinto da Costa a O Jogo:

Vamos contratar alguns reforços. A equipa não está a corresponder minimamente ao que esperávamos e, como se costuma dizer, temos de dar a volta por cima. Há jogadores que de maneira nenhuma justificaram o investimento que fizemos. Por isso, temos de encontrar soluções. Não podemos, a seis jornadas do fim do campeonato, estar em quinto lugar.

Haverá muitas alterações no plantel?
Obviamente que haverá alterações, se calhar mais do que aquelas que são habituais. Não me vou acomodar, nem é minha pretensão, na recta final da próxima época, a estar a lutar pelo quinto lugar outra vez. Terá de haver grandes alterações.

Pois é, ele não teve nenhuma responsabilidade, pois não foi o presidente da SAD que autorizou as contratações em catadupa e deu ordem a que fossem pagas as transferências e comissões aos empresários.
A última resposta parece saída de um presidente ou membro da direcção do Benfica, dos últimos anos... Aliás, mais alterações que este ano não parece tarefa fácil, sr. presidente.

12.4.05

Náuseas

Ao ouvir Nuno Cardoso que, sabe-se lá porquê, decidiu sair da gruta, onde devem estar todos os da sua laia!

Boas notícias

O governo vai deixar a actual administração da RTP terminar o seu mandato.
A RTP tem mostrado, nos últimos anos, que a gestão das empresas públicas não tem necessariamente de ser obscura, clientelista e ruinosa.

Perigo

A decisão de manter o défice nos próximos anos é uma medida perigosa. Os portugueses já mostraram que trabalham melhor sobre a pressão. Veja-se o caso da expo, do euro (moeda) e do europeu de futebol. O relaxamento está no nosso sangue, por isso quando são os outros a ajudar-nos fazer a cama, abusamos.
Devíamos aproveitar a flexibilização do PEC para continuar a tentar reduzir o défice com medidas enérgicas, mas sem a sensação de termos um cutelo a pairar sobre o pescoço. Se vamos pensar que temos tempo, tudo voltará ao início.
As próprias declarações do ministro das Finanças poderão dar um sinal errado ao país, que poderá ser levado a pensar que o tempo da distribuição do dinheiro voltou.

11.4.05

Hoje

A típica segunda-feira que faz jus ao nome. Nunca mais é terça...

10.4.05

País criptocéfalo?

Começa a ser estranha a quase total ausência de discussão política em Portugal. Após meses de intensas polémicas, graves conflitos e convulsões fracturantes na vida política portuguesa, assistimos, depois das eleições legislativas, a uma tranquilidade nunca antes vista. Por um lado, isso deve-se à necessidade de o país se refazer das investidas perseverantes mas desorientadas que Santana Lopes protagonizava todos os dias na comunicação social. Por outro lado, a morte do Papa desviou, compreensivelmente, as atenções da sociedade para a Igreja Católica e não para o Governo. Além disso, os partidos da oposição ainda não se recompuseram do descalabro eleitoral e tentam perceber como podem encarar o futuro difícil que se avizinha. O Governo não parece muito interessado em divulgar as duras medidas que terá que tomar, parecendo apostar mais na táctica do facto consumado, ou no lançamento de manobras de diversão que lançam a sociedade numa discussão de que o próprio Governo se alheia (como foi o caso da ideia da venda de fármacos não sujeitos a receita médica fora das farmácias). Espero que, com um novo líder, o PSD ocupe o seu lugar na oposição e que recomece a discussão política.

9.4.05

Decepção

Não se vislumbra grande futuro para o PSD. Constata-se que liderança após liderança o nível vai descendo (talvez o ponto mais baixo tenha sido atingido com Santana Lopes). Menezes é um demagogo populista capaz de afirmar branco e preto sobre a mesma coisa. Mendes não tem uma carreira profissional independente da política...

8.4.05

Obsessão

Não deixa de ser curioso e digno de algum estudo que o Barnabé tenha sido o blogue que mais textos tem dedicado à morte de Sua Santidade (desculpe, Ana Drago) o Papa.
Será que ainda não lhes disseram que ninguém quer saber o que o BE pensa da igreja católica?

Boa medida

Só agora tive oportunidade de verificar que alguma imprensa anuncia que o governo já aprovou a limitação de alguns cargos polítcos, nomeadamente, o de presidente de câmara.
Como já tinha referido anteriormente, uma medida que Portugal precisava e que ainda ninguém tinha tido a coragem de a fazer avançar.
Mais uma vez, uma decisão que se deve louvar do governo do Sócrates.

7.4.05

Descubra as diferenças

A decisão até pode ter razão de ser, mas imagino a reacção da imprensa e de alguns paladinos da justiça social do nosso país, se tivesse sido o anterior governo a revogar uma medida que previa a troca de manuais escolares decidida por um governo PS.
Era ver os lóbis, o poder capitalista e os interesses escondidos a voar de boca em boca e de pena em pena...

6.4.05

Limpezas de Primavera

Hoje, quando me deslocava para o escritório, deparei com um carro à minha frente com um comportamento algo instável, parecendo o seu condutor um pouco distraído, talvez, segurando o volante apenas com uma mão.
Imaginei logo que ali estaria alguém a desafiar temerariamente as novas sanções do Código da Estrada, conduzindo e falando ao telemóvel ao mesmo tempo.
No entanto, após ultrapassar a dita viatura, constatei que, afinal, tratava-se de uma outra situação, também ela bem comum nas nossas estradas: a condutora, enquanto segurava com uma mão o volante, com a outra, de dedo em riste, procedia afincada e laboriosamente à limpeza do seu nariz!

5.4.05

Mudanças no Código do Trabalho

O Código do Trabalho, apesar de toda a polémica que gerou, esteve longe de trazer o sopro de inovação que se anunciara, continuando a nossa lei extremamente rígida.
No entanto, ao nível da contratação colectiva, o novo quadro legal trouxe algumas novidades, principalmente na permissão da caducidade da convenção colectiva (verificadas certas condições) ou da sua denúncia por parte dos empregadores.
Porém, essa medida tem estado sob o fogo cerrado do granítico líder da CGTP, Carvalho da Silva, que não se cansa de vociferar, argumentando que a contratação colectiva se encontra bloqueada, já que os empregadores aguardam a sua caducidade.
Tal facto torna-se particularmente preocupante ao verificarmos que o novo governo se prepara para alterar a lei, precisamente, nesse ponto.
O que acontece em Portugal é que a lei não permite, e bem, que um contrato de trabalho preveja para um trabalhador condições menos favoráveis do que aquelas que estão previstas nas normas legais, equiparando as convenções e contratos colectivos à lei.
Como, em Portugal, o mecanismo de renovação da contratação colectiva não estava previsto, a grande maioria das convenções colectivas é demasiado antiga, estando muito longe da realidade actual, não prevendo situações novas, nem se adaptando aos novos tempos, nem permitindo que o mercado o faça.
Carvalho da Silva mente quando afirma que a contratação colectiva está bloqueada. Bloqueada esteve até agora, já que os sindicatos nunca estavam dispostos a abrir mão de certos privilégios que já não faziam sentido e que não se adaptavam aos novos tempos, sabendo que as convenções durariam ad eternum, com reforçado valor legal.
Portugal só terá a perder se o sopro inovador do novo regime de contratação colectiva for travado por primarismos ideológicos e imobilismos facilitistas e acomodados.

4.4.05

Público menos público

É com alguma tristeza que constato que não mais poderei fazer os links para as notícias do Público. A edição impressa, na internet, passou a ser paga.
Acredito que financeiramente até pode compensar, mas, sem dúvida, que o jornal vai perder importância e visibilidade. A sua inacessiblidade vai ter custos no seu estatuto de referência, principalmente na blogosfera.

Desligado

Estive afastado da minha solitária contribuição para este blogue, devido a um problema com a internet lá de casa.
É impressionante a sensação de vazio e de isolamento que provoca a impossibilidade de termos acesso à net. É quase como se o computador tivesse deixado de funcionar.

1.4.05

Viva a tolerância!

Esta declaração é a imagem da tolerância e da inteligência do Bloco de Esquerda.