27.2.06

Sporting Clube de Braga

Cada vez mais existe, em particular por parte da comunicação social desportiva e adeptos em geral, uma atitude tripartida do nosso desporto rei. Não sendo eu um fanático clubista, muito menos uma pessoa parcial, cumpre-me aqui manifestar a minha revolta por não se falar no clube que muito gosto e que, até agora, luta pelo título nacional. Sou adepto e sócio de Sporting Clube de Braga e se hoje ganharmos ao Rio Ave ficamos a 2 pontos do S.C.P e a 4 do F.C. Porto. Se, ao que se diz na imprensa desportiva, o “Benfica está de novo na corrida pelo título”, imagino eu o que amanhã se dirá nos jornais sobre o S.C de Braga!. É urgente acabar, para bem do futebol, com esta tripartido-dependência dos chamados “três grandes”. Com esta propaganda sectária, os clubes pequenos serão cada vez pequenos e os grandes terão, infelizmente, mais ódio entre eles. Para bem do nosso futebol, e das respectivas regiões, urge acabar com esta segmentação, a competição faz-se com 18 equipas e não com 3, sejamos imparciais e defendamos as nossas regiões e os clubes que as representam. A comunicação social que aprenda de uma vez por todas que existe diversidade e que todas as equipas devem ser tratadas com igualdade. Viva a diversidade de clubes, viva a saudável competição entre eles!

26.2.06

Revolução precisa-se

Há cerca de um ano escrevi aqui sobre a grave doença degenerativa que afectava então a direcção do FC Porto. Na altura a situação da equipa reflectia o desnorte dos dirigentes. Infelizmente, passado este tempo, a situação actual é ainda pior. É que, depois de ter sido enxovalhado nas competições europeias, onde perdeu a réstia de prestígio que a custo tinha conquistado, vê-se agora na triste situação de uma presa coxa que vai ser apanhada mais tarde ou mais cedo pelos fracos perseguidores. A questão que se coloca é esta: vale a pena continuar a correr? Talvez. Mas já ninguém pode esconder que o clube, que tarda em procurar terapêutica eficaz para o seu cancro, está a atravessar um período que se adivinha longo e penoso...

25.2.06

Partidos locais

Pacheco Pereira escreveu, ontem, no Público:

"Resumindo e concluindo, o PS e o PSD só existem hoje como partidos locais, a nível nacional a sua presença é ténue e cada vez se torna mais débil."

Discordo, mesmo a nível local os partidos só têm verdadeira importância e influência se não estiverem muito tempo afastados dos cargos de poder. Caso contrário, limitam-se a reuniões quase clandestinas, com instalações em lugares recônditos ou extremamente degradadas, sem qualquer tipo apoio. Além disso, os seus líderes raramente alcançam alguma notoriedade, com grande conivência dos órgãos de comunicação nacionais/lisboetas.

22.2.06

Há vida noutros planetas!

À porta de casa

Hoje, assisti a uma reportagem no Jornal da Tarde, da RTP1, sobre o encerramento da maternidade de Barcelos, já que esta, aparentemente, não tem o número de partos exigidos pelo governo para se manter em actividade. Pelo que vi, pretendem transferir aqueles que dela se servem para o hospital de Braga.
A jornalista entrevistou algumas pessoas na rua, que, visivelmente revoltadas, foram unânimes em dizer que o dito encerramento iria provocar inúmeros transtornos às grávidas, colocando-as mesmo, nalguns casos, em perigo de vida, caso tivessem de se deslocar a Braga.
A jornalista acabou a reportagem com a lapidar frase (cito de cor): “…Para os barcelenses as pessoas não são um número…”
Em nenhum momento da peça, a sra. jornalista referiu que, presentemente, utilizando a auto-estrada, deslocar-se de Barcelos a Braga demora cerca de dez minutos.

21.2.06

Contra a parede

O governo prepara-se para levantar automaticamente o sigilo fiscal a quem reclamar de alguma decisão da Administração Fiscal. Dizem eles que, com esta medida, não pretendem restringir o direito à reclamação por parte dos contribuintes.
Pois não. Nem com esta, nem com os arrestos prévios. E ainda se aguardam os resultados da proposta presidencial de inversão do ónus da prova.

Esquecimento

Muito estranho o fenómeno que se tem verificado em relação ao caso José Sá Fernandes vs. Bragaparques. Poucos falam dele.
Na comunicação social tradicional, não resistiu ao fim-de-semana e ao desaparecimento do bebé de Penafiel. Na blogosfera é como se nunca tivesse existido. Nenhum dos blogues de massas lhe dedicou uma linha que fosse.
Sinceramente não percebo o porquê de tamanho desinteresse. Este caso, a confirmar-se, é o perfeito exemplo do tipo de corrupção que se comenta, em surdina, nos corredores e reuniões, e que se aplica a quase todas as autarquias. O descaramento do método utilizado mostra o sentimento de impunidade que, geralmente, acompanha a actuação.
Provavelmente, não interessa às elites da capital porque um dos nomes envolvidos, quase desconhecido, oriundo de terras tão distantes, não granjeou uma casta de inimigos nem importância que justifique grandes gritos de indignação ou artigos de opinião, e o vereador envolvido foge aos interesses do bloco central, sempre tão ligado a este tipo de acontecimentos. No entanto, o interesse nacional exigia maior atenção sobre o assunto, para que não caísse no esquecimento.

20.2.06

Pausas

O que custa é recomeçar…
O trabalho depois das férias, a segunda-feira depois do fim-de-semana, acordar depois do sono, a tarde depois do almoço…
Mas sabe tão bem acabar…

18.2.06

Costumes

A ser verdade o que relata hoje o Expresso, onde é que o administrador da Bragaparques terá adquirido esse hábito?

17.2.06

A origem do mal

Uma das expressões que mais recorrentemente ouvimos e lemos na comunicação social é “administração Bush”. Com a sua utilização pretende-se, quase sempre, realçar que determinada pessoa ou determinado acto não é guiado por um qualquer sentimento anti-americano, mas apenas por uma oposição à actual liderança.
Estou longe de ser um admirador de George W. Bush. No entanto, ouvirmos nos telejornais frases como “Hugo Chávez não perde uma oportunidade para provocar e embaraçar a administração Bush” e outras do género, tendo como sujeitos Fidel Castro, Kim Jong Il, ou Mahmoud Ahmadinejad, mostra-nos a má-fé e o grau de contaminação política e pessoal com que alguns jornalistas elaboram as suas peças.
Essas pessoas e os seus antecessores sempre gastaram grande parte do seu tempo e esforço a provocar e a desafiar os Estados Unidos, fosse qual fosse o seu líder, por considerá-los o símbolo da civilização e cultura que desprezam e combatem a todo a custo.
A unanimidade à volta de Bill Clinton só pode surpreender aqueles que se lembram dos violentos ataques que lhe eram desferidos. Acresce a isso, o injusto esquecimento a que são votados os atentados de 11 de Setembro e o seu peso na modificação de toda a política externa.
Atribuir a culpa de tudo que de mau acontece no mundo à “administração Bush”, além de obviamente redutor, é perigoso, já que cria um aparente consenso que dá falsos argumentos àqueles que não dispensam a violência e a destruição para alcançar os seus fins.

15.2.06

Vigarices...

Os portugueses são, por regra, pessimistas e derrotistas, ou não fosse este o país do fado. No entanto, há um aspecto em que os portugueses se têm em muito boa conta. Achamos que a enganar não há como nós. Os outros até podem ser mais ricos, eficientes e trabalhadores, mas para contornar regras não há como os portugueses. E geralmente até se associa esta ideia a um arquétipo romântico do intrujão simpático e subtil que a todos conquista.
Mas também aqui a realidade se mostra bastante dura. Dos exemplos que conheço de burlas e corrupção, os esquemas por cá engendrados estão longe de poder ser adaptados para qualquer filme obscuro de Hollywood, fazendo de Alves dos Reis uma excepção e não a regra.
Os casos de corrupção são quase sempre exemplos flagrantes de aproveitamento puro e simples de cargos públicos, em que se tudo não é tratado directamente, no máximo, existe um intermediário. É tudo feito às claras, quase sempre com uma forte convicção de impunidade que dispensa grandes esforços para encobrir o que quer que seja. Na maioria das vezes só não são punidos por inépcia das nossas autoridades e da nossa justiça, e nunca pela sua complexidade.
As burlas também não mostram uma realidade mais sofisticada. Os burlados costumam ser pessoas de baixa instrução ou oligofrénicos, limitando-se o burlão a pedir-lhes dinheiro em troca de um negócio totalmente fantasioso, em que ninguém no seu juízo perfeito acreditaria. A vontade de se ver livre do dinheiro é tal que nunca se exigem recibos ou comprovativos do que quer que seja. A única marca de esmero é o uso da gravata, que até pode ser do avô e estar coberta de nódoas.
Portugal não é um país de bons vigaristas. Portugal é um país que tolera os vigaristas.

14.2.06

13.2.06

Aparição

Pelo que li, três camionetas cheias de pastorinhos de Felgueiras, deixaram a sua terra e foram a Fátima, assistir à aparição de nossa senhora Fátima.
Não sei se sou só eu, mas, até pelos tempos conturbados que vivemos, parece-me que aquela gente merecia um santuário só para eles…    

9.2.06

A ler

“Deus é dos outros”, por Constança Cunha e Sá, em O Espectro.

Nesse texto está bem patente a hipocrisia que move grande parte das manifestações “livres” no Ocidente.

8.2.06

Sem surpresa

A Comissão Disciplinar da Liga entendeu não haver motivo para instaurar um processo sumaríssimo a Petit.
Provavelmente, os senhores juízes daquela comissão têm provas irrefutáveis que os jogadores do Benfica jogam com pitões de algodão nas suas chuteiras.
Aposto que não haverá lugar a qualquer indignação por parte dos jornalistas bem pensantes do nosso futebol, habituais combatentes da violência e da agressão à cotovelada no nosso pobre futebol.

7.2.06

Vergonha

Fruto de alguns pensamentos que tudo justificam, em nome de uma suposta igualdade enganadora e falaciosa, o Ocidente tem-se deixado encurralar, chegando ao ponto de quase se envergonhar em defender os direitos que tanto tempo levaram a conquistar e a consolidar.
Atendendo a algumas reacções (Daniel Oliveira, no programa Eixo do Mal, na SIC-N, e Jorge Costa, dirigente do BE), o sério problema gerado pelas caricaturas de Maomé apenas vem mostrar que para certos sectores da extrema-esquerda todos os meios são admissíveis e defensáveis para mostrar a suas razões e dogmas.
Alguém quer pensar o que não diriam os seus líderes se fosse a igreja católica a encabeçar ou, sequer, esboçar uma reacção deste tipo (ainda que alguns já tenham tentado comparações desonestas)? Então não são eles que se dizem os mais acérrimos defensores da liberdade de expressão e religiosa? Não são eles que se gabam de ser os paladinos da luta contra todos os tipos de censura?
Em meu entender, a questão da publicação das ditas caricaturas esgota-se na liberdade de expressão e na liberdade crítica de cada um. Se é ou não uma questão de sério mau gosto e de desrespeito pelas convicções religiosas apenas diz respeito a quem as fez e publicou. Agora não se pode com isso querer julgar Estados e civilizações e exigir destes pedidos de desculpa formais ou informais.
A nossa civilização não se deve acanhar na defesa exterior de valores que dentro das suas paredes são tão vivamente defendidos e proclamados.
Sejamos claros, não podemos estar à espera que os sectores mais radicais do Islão cumpram as nossas regras. Quando lhes convém, eles são os primeiros a aproveitar-se delas (como é o caso dos sufrágios universais), mas a sua colaboração acaba exactamente onde começa a defesa dos seus ideais extremistas e totalitários.
Vir dizer-se, em nome de uma suposta igualdade, que o Irão tem direito a ter um projecto nuclear, que o Hamas tem direito a ser considerado um movimento democrático e que os seguidores mais fanáticos do Islão têm o seu direito à indignação, apenas teria cabimento se estes estivessem inseridos nas regras da comunidade internacional, reconhecendo os seus direitos, mas também os seus deveres.
Porém, o que acontece é que o Irão tem um líder que nega a existência do holocausto e que proclama a alto e bom som que um dos seus vizinhos deve ser varrido do mapa. O Hamas é uma organização terrorista que nega a existência do Estado do qual pretende receber fundos. E segundo algumas interpretações do Corão, a morte de pessoas é perfeitamente defensável, não existe liberdade religiosa, as mulheres não são vistas como seres humanos na sua plenitude e violentas restrições aos mais elementares direitos pessoais são impostas em nome de uma suposta beatificação. A juntar a tudo isto, o seu direito à indignação é quase sempre sinónimo de morte e destruição.
Apenas devemos exigir dos outros o que exigimos de nós mesmos, mas não é justo que não exijamos dos outros o que intransigentemente exigimos de nós.

Operação pública de aquisição

Foi com grande regozijo que vi a OPA hostil lançada hoje pelo Sonae SGPS sobre o capital 50%+1 da PT SGPS. É de empresários dinâmicos, ousados e aguerridos que Portugal precisa para dar uma volta de 360º na estagnação da nossa economia. Não sendo eu uma pessoa que nutre grande simpatia pelos modus operandi do engenheiro Belmiro de Azevedo, no entanto, é de saudar que o grupo empresarial por si conduzido seja sempre o responsável pelo constante “abanão” dos poderes instituídos na capital do nosso território. É urgente acabar, por um lado com a prepotência que a Portugal Telecom exerce sobre os seus clientes, e por outro com proteccionismo do estado sobre a rede por si gerida. Esperamos que seja, cada vez mais, o norte do País o motor da nossa economia, pois só com a distância dos centros políticos, a capacidade de trabalho e o empreendorismo dos “nortenhos” é que começamos a estar livres dos parasitismos que imperam na nossa capital e dos favores corruptos da nossa classe politica.

Apesar

Pode ser que sejamos campeões apesar de Co Adriaanse, sem dúvida o nosso maior obstáculo.

Politicamente correcto

Ler hoje o artigo de Teresa de Sousa no Público.

3.2.06

PSD

Acabadas as presidenciais, Marques Mendes tenta marcar alguns pontos na agenda política, marcando novo congresso, para implementar a eleição directa do líder do partido pelos militantes e acabar com o pagamento de quotas colectivo.
Penso que a eleição directa é indispensável a um partido que pretende acompanhar a modernidade e mostrar que consegue ler os sinais dos tempos, vivamente apreciáveis nas últimas eleições (autárquicas e presidenciais). As máquinas partidárias têm cada vez menos prestígio e os seus órgãos são, na maioria das vezes, vistos como porta-vozes de interesses corporativos e pessoais, que pretendem a todo custo manter o poder num círculo restrito e inacessível a muitos.
Assim, devolver o poder aos militantes, sem que estes tenham de passar qualquer cheque em branco aos seus líderes distritais, parece-me demasiado óbvio para admitir qualquer tipo de discussão.
O fim do pagamento de quotas colectivo também me parece inatacável. Pode-se questionar apenas o que está por detrás da decisão, já que salta à evidência o medo que a actual liderança sente da distrital do Porto e do poder que Luís Filipe Menezes aí detém. Duvido que, se Mendes e o inseparável Miguel Macedo vissem naquela distrital outros sinais de apoio, demonstrassem tanta decisão e espírito renovador.

1.2.06

A ler

Deixando de lado a já famosa deriva presidencialista e a despromoção do Presidente da República, Vital Moreira está de volta com estes dois posts, no Causa Nossa:

“Homossexualidade e casamento”
“O ministro das Finanças vai permitir isto?”

Uma nova profissão

Um dos fenómenos que demonstra a falta de consciência cívica dos portugueses, é a total disponibilidade que grande parte evidencia em ir ao tribunal, como testemunha, mentir com todos os dentes que tem, teve ou terá, assim que a placa ficar pronta.
Quem frequenta os tribunais rapidamente se apercebe desta realidade. Raro é aquele que não está disposto a dar uma ajuda ao amigo e ir dizer umas “verdades” para o tribunal. Se a coisa correr bem, até são compensados, no mínimo, com uma boa almoçarada.
São sempre pessoas muito esclarecidas, que tudo viram e que de tudo se recordam com extrema facilidade, até que começam a ser confrontados com aspectos menos favoráveis às suas teses, e aí assumem uma postura super defensiva, limitando-se a soltar monossílabos que resvalam facilmente para o confronto verbal (quando isso lhes é permitido) com o advogado da parte contrária.
Com isto, sofre a justiça, já que raro é o caso em que não surgem versões diametralmente opostas, corroboradas por uma série de testemunhas.
Em primeiro lugar, os maiores culpados são as próprias pessoas, partes no processo, que não hesitam em recorrer a todos meios para provar a sua razão, mesmo quando a falta dela é gritante.
A seguir temos os advogados dessas pessoas, que, por vezes, tendo perfeito conhecimento de toda a situação, não movem uma palha para a evitar. Isto quando não são eles próprios a incentivar e a “ensaiar” as ditas testemunhas.
Por último, temos a passividade de alguns juízes. Se todos nós temos o dever geral de dizer a verdade, os juízes têm o dever formal de sancionar esse tipo de situações. O que acontece é que, na maioria das vezes, os juízes, à boa maneira lusitana, preferem passar uma esponja pelo assunto, mesmo quando a testemunha é desmascarada. Isto apenas encoraja ainda mais este comportamento, já que nada há a perder. Se levarem com sucesso os seus intentos, a parte ganha a acção, caso não o consigam, paciência, pelos menos tentaram e ninguém os censurou ou puniu por isso.
Pelo andar da carruagem, quase que se poderia criar uma nova actividade e enquadrá-la na categoria B do IRS: testemunho profissional.