30.6.05

Elegância nos courts

Maria Sharapova tem conseguido o que Anna Kournikova nunca conseguiu, transformando em vitórias dentro dos courts toda a elegância que exibe fora deles. Prepara-se para jogar agora as meias-finais de Wimbledon, como detentora do título.
Sem dúvida que isso ainda a tornará mais apelativa em termos comerciais, e levará, pouco a pouco, a que Anna Kournikova apareça tantas vezes em anúncios como aparece em finais de torneios.
Maria Sharapova só escusava de utilizar aqueles gritos de guerra de todas as vezes que acerta na bola. Sempre gostei de jogadores de ténis que utilizassem a máxima discrição no seu jogo, aparecendo Sampras como o melhor exemplo disso.

29.6.05

Marques Mendes

Não sou, nem nunca fui, especial admirador de Marques Mendes, nem da sua forma de estar na política, apesar de ter achado que fez um bom lugar no governo de Durão Barroso.
No entanto, choca-me que algumas pessoas venham agora dizer que o PSD parece invisível e que o seu líder está muito apagado.
Todos sabemos que esta altura é muito difícil para a oposição, já que o governo dá os primeiros passos e implementa as primeiras medidas, havendo, por isso, a necessidade de se esperar para ver. E apesar de não se poder dizer que o governo de Sócrates ainda vive o seu "estado de graça", parece-me óbvio que ainda goza de muito boa imprensa e que as pessoas ainda estão prontas a lhe dar o benefício da dúvida.
Além disso, a situação do país não se compadece com políticos irresponsáveis, apesar de os haver (desculpem, mas não me sai da cabeça a imagem de Jorge Coelho, aos gritos). Acho por isso até louvável a atitude de Marques Mendes, que tem mostrado um sentido de Estado notável, não ateando fogos inúteis que só agravariam o clima de contestação social. Sentido esse que, já aqui o disse, o PS nunca mostrou enquanto estava na oposição, nem que para isso tivesse depois de se desdizer quando chegou ao poder.
Portugal vive uma situação realmente difícil e só quem não anda nas ruas, não contacta com os empresários e não fala com as classes atingidas é que não se apercebe do clima de crispação que neste momento atravessa a sociedade portuguesa.
Mesmo não se concordando com algumas medidas deve-se ter calma e ponderação e não desencadear guerras fúteis.
Por tudo isto, penso que Marques Mendes tem feito o seu lugar, de líder de oposição, numa democracia que se quer adulta e mais responsável, e não o de líder da contestação. Para isso já nos bastam os Carvalhos da Silva, os Louçãs, os Jerónimos ou os Coelhos (conforme soprem os ventos).

28.6.05

Novamente a acção executiva

Conta final do Solicitador de Execução, num processo cujo valor da execução era de € 935,97:

€ 553,39!!!!!!

Lembro que a ex-ministra Celeste Cardona apontava os baixos custos como um dos pontos positivos da nova reforma da acção executiva!

Surpresa

Hoje, A Bola não tem qualquer entrevista exclusiva com McCarthy!!!!!

O Que Está a Dar na TV

Não se deve ao acaso o facto de estar novamente a deixar um post neste blog pela segunda vez em dois dias, depois de ter estado ausente durante tempo. A razão para tal é que só agora tive internet em casa! E com ela veio a TV Cabo.
Mas este ano que passou tive as minhas opções televisivas restringidas aos 4 canais 'domésticos'.
Pois bem, deixo-vos com as minhas antigas hipóteses para as noites de 2ª feira, mas na noite de hoje:
1- Fátima Campos Ferreira debate pela centésima vez o estado de uma coisa qualquer com cem convidados com centésimos de segundos para falar cada um, sem que se chegue ao fim e se consiga concluir o que quer que seja, apesar da sua boa vontade...
2- Nem passo por lá, mas deve estar a Ana Bela a armar-se em erudita e sensual discreta - contaram-me uma vez que havia um tipo a quem chamavam canal 2 porque apesar de ter muita coisa supostamente interessante para dizer, ninguém estava para o ouvir...
3- O levanta-te e Ri (que costumava ser a minha opção) que já começa a ser repetitivo e que para mais, arranjou um novo apresentador que só consegue despertar palmas e sorrisos por simpatia e caridade, tornando o espectáculo para quem assiste no mínimo constrangedor...
4- Pela milésima vez repete um filme espectacular para quem não o viu tantas vezes como isso e para quem nasceu antes de 1980 - O primeiro Rambo! Mas eles também repetem os outros 2 todas as outras noites! Não haverá nada melhor? Nos arquivos, pelo menos? Se calhar também se estão a guardar para o TVI-Platinum...
Felizmente pude sempre optar por tentar decifrar a balbúrdia que vai na casa do meu vizinho de cima e que normalmente tem várias sessões até às 3 da manhã - Ontem foi mesmo até às 6! É impressionante! E com crianças e tudo! Será que há por lá algum Bibi? Eu não quero dizer (não só para não generalizar, nem para deixar sugestões xenófobas, mas também por medo) mas eles pertencem a uma raça com uns hábitos muito esquisitos (também para não lhes chamar outra coisa...). O meu dilema é que, além de ser um bocado cagarolas e de não querer dar parte de vizinho cócó que se queixa constantemente (isto hoje é só parêntesis e merda e os seus derivados...), também acho que há limites para tudo e para todos! Ou será que não há?

26.6.05

Finalmente!

Finalmente vou deixar um post neste blog que visito regularmente e onde tenho a oportunidade de lêr opiniões bastante válidas e certeiras.
Tenho a ligeira sensação de que os textos são, na sua maioria, bastante politizados, pelo que, não pondo de lado abordar também esse género em futuras 'contribuições' (que espero serem sucessivas) irei tentar variar os temas discutidos.
Independentemente desta intenção, não poderia nunca deixar de escrever neste post inaugural sobre a coisa mais importante do mundo: o Zé Pedro - o meu filho.
Impressionante é como tudo passa a ser tão banal ao lado do sorriso de um filho. Não se consegue descrever o turbilhão de sensações que nos devasta nesses momentos. Não sei se é comum em todos os pais mas, infelizmente também, nada se compara à alegria esfusiante que nos varre ao ver dois dentes a quererem sair por detrás dos pequenos lábios mais frágeis do mundo... Como seria se a todo o momento tudo nos causasse tamanho extâse!
Triste é que tudo passa tão rápido e as diferentes fases por que ele atravessa não voltam mais.
Inquietante é que nunca saberemos que influência na sua formação poderá ter amanhã, um gesto feito hoje.
Frustante é a nossa incapacidade de lhe dar sempre tudo aquilo que ele tenta exigir de nós - e não é pouco...
Desconcertante é a maneira como ele se apodera totalmente dos nossos destinos e decisões.
Díficil, muito díficil, vai ser conseguir contrariá-lo quando necessário, sob pena de não lhe ser dada a educação adequada e criadas regras e hábitos que deverão ser fundamentais na sua formação - aí é sempre melhor ser tio do que pai!
De facto eu já tinha a experiência de ter sido um tio muito próximo de um rapaz entusiasmante e adorável, mas é diferente. A responsabilidade, a autoridade e também a autoria (até prova em contrário...) mudam tudo.
Já agora deixo aqui um tema politizado: este filho, apesar de não ter sido planeado, e de ter, necessariamente, alterado todos os possíveis projectos que pudesse ter delineado para o meu futuro a breve prazo, nunca poderia de qualquer outra forma ser mais amado e desejado do que de facto é! E no entanto, muitos abortos se devem já ter feito em circunstâncias semelhantes, apenas por egoísmo dos pais (não quero, como é óbvio restringir todas os motivos que levam as pessoas a abortar a apenas este, nem de qualquer outra maneira ignorar todas as circunstâncias que muitas vezes os envolvem). Eu temo é a possibilidade de se banalizar este procedimento com a despenalização do mesmo. E depois muitos pares de dentes se deixarão de ver cá fora! E como já vos disse, não há nada que possa substituir isso!

23.6.05

Dois casos

Pinto da Costa esteve ontem ao seu melhor nível, quando falou de McCarthy e Scolari.
O caso de McCarthy é lapidar. O jogador tem um agente, Rob Moore, que ganha uma percentagem por cada transferência que esse jogador protagonize. Assim, durante toda a época, e todos os anos, Rob Moore tenta desestabilizar ao máximo a permanência do jogador no seu clube, tentando levá-lo para outro lado, embolsando com isso uns milhões de comissão, sem mexer uma palha, sequer. Estes casos são particularmente imorais se pensarmos que os clubes são obrigados a cumprir religiosamente as suas obrigações (quase sempre contratos milionários), caso contrário, os jogadores (como é seu direito) podem rescindir os seus contrato, queixando-se publicamente nos jornais, sem que o clube embolse um tostão. Porém, mesmo que o clube cumpra atempadamente os seus deveres, se, por acaso, o jogador declara que ir embora, o clube tem de deixá-lo sair e pelo preço que jogador e o seu agente entenderem, esquecendo o investimento e os salários, entretanto, pagos, sob pena desse jogador ficar psicologicamente arrasado e incapacitado (pese embora os milhões que continua a embolsar). Como é óbvio, não é assim que as coisas se podem passar.
O caso de Scolari, arrisco-me a dizer, só em Portugal. Imagine que ganha umas largas dezenas de milhares de euros por mês por ser líder de um grupo, em que somando os dias de verdadeiro trabalho não se chega aos dois meses e que o seu estudo e preparação (segundo o próprio) consiste em assistir a meia dúzia de jogos pela televisão e deslocar-se periodicamente a alguns estádios na zona da cidade onde vive. Junte a isso sucessivos convites para todo o tipo de eventos sociais, uma reverência cega por parte de alguma imprensa que deveria avaliar o seu trabalho (que a leva até a perguntar-lhe qual a sua opinião sobre qual deveria ser a nacionalidade do novo papa ?!) e um grupo de jogadores que faria as delícias de qualquer treinador. Como é óbvio, tentaria manter a situação a todo custo, enquanto conseguisse enganar o pato que lhe pagava o ordenado...

22.6.05

Não é um caso isolado

Recentemente uma parte do país ficou indignada com duas histórias que se passaram em Vila Real, protagonizadas pelo presidente da Câmara daquele município, Manuel Martins, e pelo secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões. Em ambas as histórias houve intromissões por parte dos indivíduos referenciados na política editorial de dois jornais locais.
No entanto, o que é realmente preocupante é que o que aconteceu em Vila Real acontece em muitas outras autarquias e cidades, das mais variadas formas, estando longe de ser um caso isolado e especificamente localizado. Ninguém duvide que o poder autárquico e os caciques locais são o que de mais antidemocrático existe no nosso país. Em muitos municípios a verdadeira democracia é uma miragem, já que aqueles que detêm o poder controlam todos os centros de decisão, manipulam a seu belo prazer a informação local e conseguem calar e amordaçar todas as vozes discordantes. As clientelas que criam e alimentam conseguem abafar todo e qualquer tipo de contestação e impedem o crescimento de centros de opinião válidos e interessados, obstando ao aparecimento de verdadeiras elites pensadoras e preocupadas. Chega-se ao cúmulo de as câmaras municipais possuírem jornais e não verem nisso qualquer problema, controlando ao milímetro a política editorial, mas sentirem-se na extrema necessidade de privatizar grande fatia das empresas de águas, resíduos e fluentes do distrito.

21.6.05

Turquia e a U.E.

As declarações de Romano Prodi, opondo-se a uma entrada da Turquia na União Europeia, pelo menos, a curto prazo, até podem ser perigosas, mas, quanto a mim, não deixam de ser pertinentes.
Obviamente que à boleia destas declarações surgiram logo outras, de anti-europeístas, propondo uma série de alterações primárias e populistas. No entanto, em minha opinião, a entrada da Turquia na U.E. está longe de ser uma questão pacífica entre os europeus. Como se sabe a Turquia está ainda muito longe do padrão civilizacional europeu, não havendo uma verdadeira identidade entre o povo turco e os povos que compõem os estados da união. Todos sabemos que os turcos preferem mil vezes ser europeus que asiáticos, mas isso, por si só, não chega. A U.E. só terá força e coesão se for uma verdadeira soma de vontades e intenções comuns, e não uma amálgama de interesses económicos, trespassada por culturas e costumes difusos. Alargá-la à revelia dos princípios que norteiam a sua própria criação apenas a enfraquecerá. A Turquia está muito longe do resto da Europa e terá muito que caminhar (se estiver verdadeiramente interessada nisso, note-se) para se poder afirmar que se trata de uma país de cultura europeia.

20.6.05

Feito histórico ou talvez não

Tiago Monteiro alcançou ontem um fito inédito no desporto automóvel português, conseguindo o 3º posto (último lugar do pódio) no grande prémio dos E.U.A. de Fórmula 1.
É evidente que o conseguiu em condições muitos especiais, já que apenas participaram seis pilotos na corrida, uma vez que a grande maioria não pôde participar por questões de segurança relacionadas com os pneus da marca Michelin. Assim podemos dizer que, sim senhor, ficou em terceiro lugar, mas, caso tivesse ficado um lugar mais atrás, já teria ficado em quarto ou em ante-penúltimo. No entanto, Tiago Monteiro ficou à frente do seu colega de equipa que corre com um carro igual (e todos sabemos como o carro é crucial neste desporto). Mais do que isso, e sem cair em nacionalismos primários, o que importa realçar é que esta, provavelmente, seria a única oportunidade do piloto português conseguir subir ao pódio e a verdade é que ele não falhou.

18.6.05

Penas

Ontem o Público divulgou os resultados de um estudo sobre as condenações por homicídio negligente, resultantes de acidentes de viação. Já há muito se sabia que havia uma grande relutância por parte do poder judicial em enviar para a prisão os responsáveis por esses crimes, preferindo, na maior parte das vezes, a pena suspensa ou a condenação em multa. Mas algo verdadeiramente incompreensível, e que eu já pude testemunhar por diversas vezes, é o completo esquecimento por parte de alguns juízes em, além das penas anteriormente referidas, condenar os responsáveis com a pena de inibição de conduzir. Quer isto dizer que se eu for apanhado a conduzir com uma taxa de álcool superior ao limite legal é certo que vou ficar sem poder conduzir durante uns bons meses, mas se for condenado por ter morto ou lesionado alguém gravemente, em resultado da minha condução, posso continuar a conduzir como bem quiser. É algo que pura e simplesmente não se consegue entender.

17.6.05

Os exemplos

A entrevista de Manuela Ferreira Leite, ontem, na "Grande Entrevista", de Judite de Sousa, foi exemplar. Exemplar na forma como nos mostrou o lado mais grandioso de se dedicar à causa pública, de forma competente, séria e desinteressada. Exemplar, também, ao avaliarmos o quanto fazem falta na vida política portuguesa personalidades como a ex-ministra das Finanças e a falta que vai fazer na Assembleia da República e, pode-se mesmo dizer, no governo.
Pese embora alguma dificuldade da entrevistadora em acompanhar o ritmo da entrevistada, o programa foi muito interessante. Além das óbvias críticas de "aproveitamento político" que foram feitas ao actual governo na divulgação do défice imaginário e o do desacordo com algumas medidas impostas (ou que se deixaram de impor), notou-se uma intenção de Ferreira Leite em apontar três figuras.
A primeira foi Jorge Coelho, que representa, a meu ver, a antítese da forma como se deve estar na política. Como todos, Ferreira Leite viu em Coelho o rosto da ignóbil e "desonesta" encenação que o actual governo decidiu encetar para poder anunciar um conjunto de medidas impopulares e que os próprios tinham criticado enquanto oposição. É o tal estilo propagandístico, de vozeirão inflamado, vazio de conteúdo, e que, infelizmente, ainda vai fazendo alguma escola.
Jorge Sampaio, e sua célebre tirada existencial sobre o défice também não foram esquecidos. É, de facto, chocante a diferença de tratamento e de apoio que o actual ministro das Finanças tem tido em relação a Ferreira Leite. A ex-ministra disse que tinha ficado magoada na altura, com a falta de apoio por parte do presidente, e mais magoada terá ficado quando vê Sampaio a apoiar o que anteriormente criticou, desdizendo, como se nada fosse com ele, o que anteriormente tinha dito e defendido.
Por último, Durão Barroso também foi visado de forma algo contundente. Apesar de ter dito que Durão Barroso sempre a defendeu e apoiou nos momentos difíceis do seu mandato, a ex-ministra anunciou que tinha ponderado a hipótese de substituir Durão no governo, caso este a tivesse convidado. Se tal tem acontecido, certamente que o governo não tinha caído e o país não estaria em situação tão difícil como está hoje. Em vez disso, incompreensivelmente, o actual presidente da comissão preferiu Santana Lopes.
Na actual conjuntura, e com a falta de quadros que se verifica na nossa vida pública, é, sem dúvida, uma pena que Portugal se tenha dado ao luxo de dispensar uma personalidade como Ferreira Leite.

15.6.05

Obviamente

Durão Barroso, finalmente, vem defender a opção mais óbvia e sensata, ao apelar para que os Estados Membros da União Europeia suspendam as consultas populares sobre o novo tratado constitucional.
Era incompreensível que o presidente da Comissão Europeia continuasse a insistir nesse processo, fragilizando, sem nenhuma necessidade, a coesão da união e dos estados que a compõem

14.6.05

Férias são quando o homem quiser

Ontem, decidi fazer a ronda sobre o estado dos processos de execução que tenho, entregues a solicitadores de execução. Para os que não andam nestas lides, de forma algo simplória, devo dizer que são aqueles processos utilizados para cobrar dívidas de modo coercivo, depois dos devedores se terem recusado a pagar, apesar de estarem obrigados a isso.
Apesar de não concordar com esta reforma, devo dizer que a grande maioria dos solicitadores que contactei mostraram-se disponíveis e com vontade de trabalhar.
No entanto, houve um caso que me deixou completamente atónito, e a imaginar como é que alguma coisa pode funcionar neste nosso pobre país. Quando telefonei para uma solicitadora de execução, atendeu-me a sua funcionária e, qual não é a minha surpresa, fui informado que a solicitadora de execução que procurava se encontrava de férias (?!). E quando lhe perguntei quando voltava (dois dias, três, no máximo, pensei eu), foi-me dito que, em princípio, só no final do mês. Ou seja, os tribunais fecham no dia 15 de Julho, mas a sra. solicitadora não se exime de tirar quase um mês de férias em Junho!!!!
Obviamente, questionei como é que estavam a lidar com os processos pendentes e com aqueles que iam entrando, visto que não houve nenhuma comunicação oficial informando que a dita solicitadora se encontrava em férias e não está previsto na lei qualquer paragem em Junho. Mais uma vez, a resposta foi desarmante: estão parados, a não ser aqueles que são considerados urgentes. Urgência essa que nem a funcionária foi capaz de me informar como é avaliada.
Certamente que este á apenas mais um episódio na degradante vida da nossa justiça, mas se pensarmos que esta situação é fruto de uma reforma que nem dois anos tem de existência...

Uma questão de tempo

O veredicto do caso Michael Jackson, antes de tudo, serve para mostrar a diferença entre uma justiça célere e a inacreditavelmente lenta justiça portuguesa.
Basta lembrarmo-nos quando é que tivemos a notícia da detenção de Carlos Cruz e quando é que foi detida a estrela norte-americana...

13.6.05

Álvaro Cunhal

Depois de Vasco Gonçalves, a morte de Álvaro Cunhal tem provocado manifestações de pesar de grande parte dos nossos políticos. Sou demasiado jovem para avaliar a sua actuação, mas pelo que me foi dado a conhecer pela história, sem dúvida que o histórico líder comunista teve um papel importante na luta contra a ditadura, à qual dedicou todo o seu espírito de sacrifício, que era muito.
A isto deve juntar-se uma capacidade intelectual muito acima da média, que lhe permitia passear-se pela arte, ao sabor dos seus ventos e das suas convicções.
No entanto, está aqui um homem que apenas poderá ser recordado com saudade por alguns porque nunca chegou realmente ao poder e nunca pôde impôr os seus ideais e planos para o país. Cunhal defendeu demasiadas vezes o indefensável e ajudou, juntamente com Vasco Gonçalves, a que Portugal se atrasasse ainda mais em relação aos seus companheiros europeus.

8.6.05

Vale tudo

Se fosse lisboeta, já tinha decidido o meu voto. Ontem conheci uma mulher apaixonada, uma mãe extremosa e o pequeno Dinis...

Questão de curriculum

Andam muitos a tirar os seus cursos universitários, a frequentarem pos-graduações, mestrados e doutoramentos, com o redobrado esforço de elaborar teses, alimentados pelo sonho de conseguirem subir na sua carreira e alcançarem cargos de prestígio e responsabilidade, até alcançarem uma vida desafogada e merecedora de respeito.
Pobres enganados, não sabem eles que se aprende tudo (desde gestão, a economia, passando pelo direito e por técnicas de liderança) nas reuniões de amigalhaços, às sextas à noite, na sede do partido? E então se começarem por ser uns "jotinhas" empenhados...

6.6.05

Direitos adquiridos

Quando vinha para o escritório, ao passar por duas senhoras, ouvi uma, em tom indignado, dizer à outra que não lhe podiam fazer aquilo (o quê não sei), pois tocavam-lhe em "direitos adquiridos".
Tem estado muito em voga, hoje em dia, invocar os direitos adquiridos. Esta figura nasceu para satisfazer alguma segurança das pessoas na sua vida, de modo a que assim pudessem planear melhor o seu futuro e controlar as suas expectativas. As pessoas sabiam que parte do que tinham atingido na sua vida não mais lhes podia ser retirado, mesmo que viesse uma lei nova menos favorável.
No entanto, em Portugal, os direitos adquiridos têm servido muitas vezes para outros fins, que não aqueles para que foram criados e pensados. No nosso país, os direitos adquiridos têm servido também para encobrir situações menos claras e travar reformas.
Os nossos autarcas são especialistas em criar situações deste género. Quantas vezes não vemos situações aberrantes originadas por licenciamentos camarários feitos ao arrepio da lei e da ética que depois não podem ser desfeitas, já que aquele que goza do licenciamento adquiriu um direito que não mais lhe pode negado? Olhe-se, por exemplo, para os últimos instantes do mandato do agora sr. administrador Nuno Cardoso, em que foram atribuídos privilégios de construção incompreensíveis a promotoras imobiliárias que, a não serem cumpridos pelo actual executivo camarário, poderão implicar milhões de euros de prejuízo para o Estado.
Os sindicatos também utilizam até à exaustão esse argumento, dizendo, sempre que há uma lei nova, que esta vai contra direitos anteriormente adquiridos e, como tal, nunca poderá entrar em vigor. Olhe-se para o grande problema dos contratos colectivos de trabalho, completamente anacrónicos, cujo problema tinha sido (a meu ver) bem solucionado no novo Código do Trabalho, e que Carvalho da Silva elegeu para bandeira de luta.
Os direitos adquiridos são muitas vezes utilizados como força de bloqueio, amarrando os decisores a determinadas situações das quais não conseguem sair.
Penso que se deve dar segurança e satisfazer as legítimas expectativas das pessoas, mas também é verdade que, na sociedade actual, encadeada como está, qualquer decisão que se tome vai afectar um sem número de pessoas, que verão sempre afectadas parte das suas expectativas. É um terreno difícil e que a cada dia se vai tornando mais complicado de desbravar.

3.6.05

O difícil equilíbrio

Apesar de gozar de uma óptima imprensa, este governo PS vai experimentar a governação num forte clima de contestação e agitação social, sendo que é a primeira vez que um executivo socialista governa em tão acentuado contra-ciclo.
Tal facto é extremamente perigoso para um país em tão grave recessão e com um partido que ocupa como nenhum outro a administração pública e que gosta de distribuir dinheiro como poucos.

2.6.05

A saga continua

Como o dinheiro continua fresco e apesar das declarações redentoras de Pinto da Costa, a administração da SAD do FC Porto mostra que aprendeu pouco (ou não quis aprender) com o passado.
O FC Porto continua a valorizar inexplicavelmente o plantel do Marítimo, surgindo, logo a seguir a Jardim, como o grande financiador dos maritimistas. Depois das óptimas experiências com Bruno, Pepe e Léo Lima, agora é a vez de Alan trocar a ilha da Madeira pela cidade do Porto.
Espero estar enganado, mas a dúvida que se põe é se aguenta até Dezembro.

1.6.05

Esquizofrenia

Jorge Sampaio apelou aos sindicatos e ao patronato que se unam, num esforço patriótico para tentar salvar as contas públicas do nosso país da grave situação em que se encontram.

Estas declarações, comparadas com outras que ele próprio fez há algum tempo atrás, apenas mostram o quão irresponsável pode ser o nosso Presidente da República, no actual quadro constitucional.