16.9.08

Contabilidade

Para quem via todos os anos os anúncios dos lucros recorde que, praticamente, todas as instituições financeiras apresentavam até há alguns meses, não pode deixar de ficar surpreendido com as falências que se avizinham e com a fragilidade que o sector apresenta.
O grande problema é que a maioria dos lucros apresentados não se traduzia em verdadeira liquidez, mas na avaliação de património imobilizado que, não raras vezes, pouco ou nenhum valor real de mercado detinha.
Caso se perca algum tempo a estudar as contas de muitos bancos, constatar-se-á que boa parte dos seus activos são compostos por imóveis arrematados por valores reduzidos em execuções hipotecárias motivadas pelo incumprimento de quem tinha contratos de crédito à habitação. No entanto, esses valores, mesmo sendo reduzidos e quase sempre inferiores ao valor da avaliação do imóvel que serviu para a concessão do crédito, continuam a ser superiores ao valor que alguém está disposto a dar por esses imóveis, uma vez que, seja por uma questão de oferta e procura seja pela conjuntura económica, não existe poder de compra significativo no mercado.
Resultado, grande parte desse lucro era ilusório e não tinha verdadeiro reflexo na liquidez do banco.

1 comentário:

João Pedro Martins disse...

Mesmo não estando verdadeiramente por dentro do assunto, acredito que o regime especial de impostos de que a Banca usufrui muito contribuiu para a leviandade com que esses lucros sempre foram publicitados.
Por muito que os accionistas e investidores se deixem seduzir por números tão bem compostos (e aí cada um sabe de si) da minha parte sempre achei esses resultados anuais (não só na banca, mas em empresas com importante participação do estado ainda mais)algo obscenos, ainda mais em tempos de crise que se arrasta há 6 anos, segundo nos dizem os nossos políticos.