3.11.07

Políticas de educação

Nos últimos anos a política de educação em Portugal, e na generalidade dos países ocidentais, tem sido a de alargar a toda a população a escolarização, assistindo-se a um aumento gradual da duração da escolaridade obrigatória. Uma análise a estas políticas revelam que elas assentam em dois pressupostos fundamentais:
1. que o Estado deve proporcionar a toda a população, independemente da sua condição socio-económica, idênticas oportunidades de acesso a uma formação básica;
2. que as diferenças no desempenho escolar podem ser corrigidas através de um reforço de medidas de apoio aos alunos (ex.: estudo acompanhado) e de uma diminuição dos níveis de exigência .
O segundo pressuposto é uma consequência imediata do primeiro pois, alargando a escolaridade a toda a população, é inevitável que entrem no sistema de ensino alunos com mais dificuldades socio-económicas e ainda outros com pouca motivação para o estudo. Se as dificuldades económicas podem ser corrigidas com um apoio reforçado do Estado, já as diferenças de motivação individual bem como as diferenças de capacidades cognitivas e intelectuais da população não são passíveis de correcções externas, baseadas em princípios de psicologia comportamentalista que desvaloriza as características específicas instrínsecas de cada indivíduo na sua interacção com o meio.
Não é de admirar que se assista a uma progressiva deterioração da exigência na escola, a fim de encontrar um "mínimo denominador comum" que permita a todos os alunos atingirem a escolaridade obrigatória. É pois necessário ter plena consciência que o atingimento do primeiro objectivo implica abdicar de outros, nomeadamente, o de aproveitar ao máximo as potencialidades dos melhores alunos. Por isso, há dias numa conferência em Lisboa, George Steiner afirmava que a Europa será incapaz de voltar a produzir Platões, Mozarts ou Bachs...

Sem comentários: