Posturas diferentes
Ainda em relação às diferenças de tratamento da comunicação social sobre as medidas dos Governos PSD e PS, o anúncio da subida das taxas moderadoras na saúde é outro exemplo significativo. Quando Santana Lopes revelou essa intenção houve uma reacção generalizada de repúdio e até o próprio Presidente da República veio afirmar a sua preocupação com tal medida. Curiosamente, o anúncio feito esta semana pelo Ministro da Saúde de um aumento das taxas moderadoras passou quase despercebido e, embora tenha suscitado natural desagrado na população, não se registaram, desta vez, manifestações inflamadas de líderes de outros partidos ou de associações de doentes. Esta enorme diferença na receptividade da medida poderá ser explicada por vários factores. Por exemplo, o facto de existir, ao tempo de Santana Lopes, uma animosidade crescente em relação à sua figura que alastravam, em consequência, às medidas do seu Governo, ainda que adequadas. Outra razão será a percepção que a população portuguesa finalmente adquiriu sobre a situação económica do País e que, apesar dos esforços de Manuela Ferrreira Leite, não havia interiorizado nos tempos do PSD, levando-a a aceitar agora com resignação as medidas impopulares que antes provocavam reacções de cólera. Mas penso que outra explicação tem que ver com a atitude da oposição. Quando no passado o PS criticava sistematicamente as medidas impopulares do Governo PSD estava a boicotar a tentativa de comunicação entre Governo e população e a impedir que esta assimilasse a necessidade de alterar radicalmente o funcionamento do Estado. Agora no Governo, o PS faz aquilo que criticava no passado mas desta vez o PSD, e bem, não usa o seu estatuto de maior partido da oposição para fazer manobras de propaganda política demagógica. É esta atitude que permite ao PS prosseguir as medidas impopulares sem sofrer maiores danos, a bem do país e, talvez, a mal do PSD...
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