24.10.07

Boa justiça em Lisboa

Magalhães e Silva, candidato a bastonário da Ordem dos Advogados, propõe que os primeiros três meses de formação dos advogados estagiários sejam comuns aos dos magistrados judiciais e do Ministério Público.
Deste modo, defende que, "em vez de profissionais formados na arrogância, passaríamos a introduzir no sistema, ano após ano, gerações de juízes, de magistrados do MP e de advogados, que, desde o momento da educação, tinham compreendido a função e os valores de cada profissão, e se tinham habituado a viver num clima de cordialidade e de respeito mútuo".
No entanto, numa visão peregrina, prevê que isso apenas aconteça "na área do Conselho Distrital de Lisboa, onde está sediado o CEJ".
Ou seja, o tal clima de cordialidade e respeito mútuo apenas é necessário na capital do império e nos seus arrabaldes...

4 comentários:

Bruno Miguel Machado disse...

Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Essa ideia só pode partir de alguém que vive na capital.
Recordo-me de uma entrevista ao bastonário José Miguel Júdice, em que a jornalista o confrontava com a situação dos estagiários não receberem subsídio de alimentação, a que este respondeu que as sociedades de advogados pagavam esse subsídio e que despois esses estagiários eram integrados na sociedade. Quem está em Lisboa não conhece a realidade do resto do país. E o resto do país

Anónimo disse...

Só pergunto, como é que é possivel que alguém que é candidato a bastonário da OA se permita a propor tamanha enormidade....já não sabem mais o que fazer ou propor..Cada vez mais a Ordem dos Advogados é uma desordem....
Quanto ao comentário, permitam-me discordar, pois em Lisboa e em minha opinião a realidade que aqui se vive é identica ao resto do país, pois, de muitos casos que conheço, salvo muito raras excepções, os estagios não são remunerados, nem tão pouco é paga qualquer comparticipação para despesas sejma elas de alimentação, subsidio de transporte etc..Para não falar na integração na Sociedade que quando acontece( sim, porque não é frequente) mais parece um presente envenenado, ie, se se tratar de uma Sociedade de média ou grande dimensão, acabam a fazer sobretudo trabalho administrativo e mal pago,ao invés quando se tratam de escritórios ou sociedades de pequena dimensão, então aí por vezes é dada a oportunidade ao Advogado no fim do estágio para ocupar uma sala( vazia e que precisa de ser rentabilizada) desenvolvendo aí sua actividade( praticamente sem clientes) mas pagando uma renda pelo seu uso....enfim...
Acho vergonhosa a situação a que chegou a Advocacia em Portugal nomedamente dos advogados estagiários, antes de Bolonha, era certo e sabido que pelo menos 7 anos( 5 licenciatura e 2 estagio) a esmagadora maioria não recebia um cêntimo....Pergunto, que outras profissões nomedamente liberais isto acontece? A Ordem cada vez mais se preocupa com a as grandes sociedades e esquece-se do advogado generalista tradicional( ao que a OA hoje designa de forma ultrajante de "pratica isolada" criando presumo que até um institudo...A OA esquece-se que a Advocacia não são só fusões e aquisições e aumentos de capital, Opas etc..a Advocacia é muito mais do que isto e muito abrangente e a prova disto mesmo é o grande sucesso das lojas juridicas recentemente criadas, causando vários problemas na ordem que ficou imediatamente refem dos seus dogmas. Por ultimo e voltando aos Advogados estagiários,julgo que ainda existe uma associação que dá pelo nome de Jovens Advogados, no entanto gostaria de saber o que faz e fez esta até hoje pela defesa não só dos estagiários mas também dos advogados em inicio de actividade profissional, que acções são conhecidas neste dominio desta associação?

Pedro C. Azevedo disse...

Concordo que não se pode confundir a realidade dos grandes escritórios de Lisboa e dos seus sócios seniores, que vivem à custa dos negócios com o Estado, com a realidade dos estagiários, dos outros advogados que lá trabalham e daqueles que frequentam diariamente os tribunais.
O grande problema é que quem define, hoje em dia, as leis e as regras do jogo, são aqueles que se mexem à vontade pelos corredores da Assembleia da República e pouco ou nenhum contacto têm com os tribunais

Bruno Miguel Machado disse...

Caro Pedro

Não se esqueça que muitas reformas legislativas actuais são elaboradas pelos grandes escritórios de advogados de Lisboa.