8.11.05

Sociedade em chamas

Os acontecimentos que se estão a verificar em Paris são verdadeiramente preocupantes, merecendo da parte de todos os poderes e organizações respostas prontas e responsáveis. É hora de reagir de forma determinada, sem recuos. O perigo de o fenómeno alastrar por toda a Europa é real, e não povoa apenas os melhores sonhos dos senhores do BE e de toda a extrema-esquerda.
É verdade que a revolta daqueles grupos tem causas complexas, que devem ser estudadas e analisadas, mas, neste momento, não devemos ter medo de chamar as coisas pelos nomes e tratá-las de acordo com a sua gravidade. Indivíduos que decidem semear o terror, destruindo tudo por onde passam, desde carros, passando por ginásios e lojas, e acabando em escolas que foram construídas para os servir, são marginais, criminosos, fora-da-lei, que devem ser reprimidos e castigados de forma exemplar, pela mesma sociedade que os tentou acolher e que agora tentam destruir.
O tom condescendente, desculpante e, de certo modo, legitimador de alguns políticos (como o irresponsável João Teixeira Lopes) e de certos jornalistas (Paulo Dentinho surge logo à cabeça com os inacreditáveis comentários às reportagens da RTP 1) apenas atiça o fogo que ameaça fazer ruir parte dos alicerces de uma sociedade que se gaba de ser o berço da República e onde ainda se sonha com o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O que todos os dias vemos nos jornais e na televisão não está acontecer no santuário do liberalismo, na terra de todos os males, no aterrador império norte-americano. Tudo aquilo se passa em França, onde o Estado Social e o seu modelo económico adquiriram maior expressão e onde ele é mais querido e acarinhado.
Os países europeus devem começar seriamente a pensar em políticas de imigração e em verdadeira integração, tratando aqueles que acolhem como verdadeiros seres humanos, com direitos e deveres e não como eternos seres menores, sempre necessitados de desmesurada protecção e merecedores de toda a condescendência. Se assim não acontecer corre-se o risco de aqueles, que agora se refugiam nas suas casas, assistindo impotentes à destruição de tudo aquilo por que lutaram, também se revoltarem, acabando de vez com o que resta da tão sonhada tolerância.

2 comentários:

Politikos disse...

Se o Estado Social não existisse as coisas seria seguramente piores. O que não significa que o Estado Social não precise de reformas que corrijam as suas distorções. Culpar o Estado Social dos acontecimentos em França é, no mínimo, original.

Pedro C. Azevedo disse...

Escrever que este texto culpa o modelo de Estado Social pelo que aconteceu em França é, no mínimo, redutor...