Uma justiça especial
Nos últimos dias tivemos duas notícias muito preocupantes para o já de si preocupante (calamitoso, até) estado da nossa justiça e que mostram bem o quão amadora pode ser a nossa investigação criminal.
Na semana passada, os senhores agentes que procediam a buscas num banco não viram qualquer problema em mostrar um mandato de busca em que também eram mencionados outros bancos que sofreriam essas mesmas buscas. Resultado: esses bancos foram avisados, acabando com o efeito surpresa, crucial numa investigação criminal.
Esta semana, vem a triste notícia de que parte da acusação a Fátima Felgueiras poderá cair (não falando do gigante retrocesso processual que se irá verificar), em virtude de parte das escutas telefónicas terem sido consideradas nulas.
Independentemente da razão que possa assistir aos arguidos, uma justiça que absolve ou deixa de condenar alguém por questões meramente formais deixará sempre no ar a suspeita, pondo sempre em cheque os próprios arguidos e o Estado de Direito.
Em Portugal, pura e simplesmente, não se sabe fazer justiça. Há sempre algo que falha. Entretanto, o descrédito e o sentimento de impunidade aumentam…
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