Discussão estéril
Por muito que discutam, ministra da Educação e professores nunca hão de estar de acordo no que respeita ao novo estatuto da carreira docente, nomeadamente, no que diz respeito às normas de progressão na carreira.
Actualmente, essa progressão é feita automaticamente, baseada, fundamentalmente, nos anos de serviço e numas quantas apreciações que mais não são do que meras formalidades, sem qualquer valor. Resultado: qualquer professor, por muito mau que seja o seu desempenho profissional, sabe que chegará ao final do seu percurso de trabalho no último escalão, com todas as regalias que tal implica.
Ao impor verdadeiras regras e critérios de progressão e, pior que isso, ao estabelecer um limite no número total de professores que pode chegar ao último escalão, a ministra sabe que comprou uma guerra eterna com todos os sindicatos e representantes de professores.
No entanto, essa guerra é necessária e deve ir até às últimas consequências.
Em primeiro lugar, só no mundo imaginário de António Guterres é que seria comportável a nível orçamental permitir que todos os professores acabassem no último escalão.
Mas, mesmo a nível de gestão de recursos humanos, é inimaginável que qualquer organização, instituto ou empresa possa prever que todos os seus trabalhadores cheguem a chefes ou administradores. Existe, obrigatoriamente, um ponto em que é impossível subir mais, seja por falta de competência pessoal, seja por falta de necessidade da própria estrutura.
Obviamente, nenhum sindicato tipicamente português (como são os ligados à área da Educação) poderá concordar com uma medida deste tipo. Tal como dificilmente um professor, com excepção daqueles que já atingiram o topo, poderá ficar satisfeito ao ver que lhe estão a tornar o percurso mais difícil e incerto, retirando-lhe grande parte das possibilidades de um dia vir a ganhar mais. A partir daí, qualquer argumento é válido para impedir que se faça alguma coisa.
Porém, quem está de fora, e vê o interesse público por contraposição aos interesses individuais, não pode deixar de sentir que é este o caminho certo.
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