Toda a verdade
Ontem, como seria de esperar, a propósito da evocação dos atentados de 11 de Setembro de 2001, no World Trade Center e no Pentágono, foi dada voz a todo o tipo de dislates que tentam, a todo o custo, provar a culpa da administração norte-americana naquele horrível acontecimento.
A dada altura, num dos últimos noticiários do dia da TSF, o jornalista que relatava as cerimónias em Nova Iorque dizia que (cito de memória) “o povo americano se encontrava dividido entre aqueles que choravam as vítimas e os que acreditavam em teorias da conspiração (…)”, havendo, naquele momento, “os que procuravam a verdade e os que recusavam qualquer tipo de envolvimento da administração Bush nos atentados (…)”.
Em primeiro lugar, a palavra divisão remete-nos para uma sociedade igualmente repartida, estando de um lado os que se limitam a chorar as vítimas do atentado e do outro lado, em número igual ou quase, os que acreditam nas teorias da conspiração que admitem e defendem que os responsáveis políticos norte-americanos planearam de algum modo ou tinham conhecimento do que se iria passar. Não vi, em nenhum meio de comunicação social, semelhante conclusão ou estudo que provasse tal divisão, pelo que deduzo que apenas se tratou de uma perigosa imprecisão do repórter.
Mas mais grave, quando diz que de um lado estavam os que “procuravam a verdade” e do outro “os que recusavam o envolvimento da administração Bush nos atentados”, o jornalista entra numa argumentação falaciosa, defendendo implicitamente que os que recusam o envolvimento da administração Bush nada querem com a verdade e com o que realmente se passou. Ou seja, de um lado está a superioridade moral dos que defendem a verdade, do outro, os que recusam as teorias da conspiração.
P.S. Não tive oportunidade de assistir na íntegra ao “Prós & Contras”, mas, do pouco que vi, a prestação de Mário Soares foi simplesmente deplorável.
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