Sociedade bracarense
Quando se fala e discute Braga, critica-se a qualidade dos seus empresários.
Com essa crítica, surge sempre o retrato tipo do empresário de sucesso bracarense. Inevitavelmente ligado à construção civil, tem pouca ou nenhuma instrução, demonstra enorme dificuldade em articular um discurso, maneja sem hábito os talheres, não gosta de apertar os botões da camisa, reluz tanto como a mulher que o acompanha e faz questão que todos vejam o que come. A isto junte-se um Mercedes e as inevitáveis férias no Nordeste brasileiro e está suficientemente caracterizado o ódio que desperta a personagem.
No entanto, tal ódio é tão somente fruto da habitual inveja e maledicência lusitana que nunca lidou bem com a ascensão e mobilidade sociais, por oposição à acomodação natural dos que nasciam destinados ao luxo, ao respeito e ao prestígio, que tanto agrada a quem já lá está como desculpa quem nunca conseguiu melhor.
Conheço pessoas de enorme valor que se fizeram sozinhos, sem oportunidade de aprender nem tempo para apreciar os hábitos mais mundanos que a vida lhes tem para oferecer. Comem como falam, mas tratam os empregados como gostariam que os tivessem tratado, gostam de exibir o que têm, mas a riqueza foi conseguida por eles, sem favores nem atropelos a ninguém.
E é isto que importa criticar e discutir na nossa sociedade. Não interessa como gastam e exibem o que ganham. Isso é uma questão de formação que demorará gerações a corrigir. Deve-se é perguntar como ganharam, quem favoreceram e quem prejudicaram. Como chegaram ali, como se mantêm, quem chegou com eles e quem ajudam a chegar.
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