28.4.05

Ensino e estudo

Um aluno do secundário, quando lhe perguntaram o porquê dos resultados a Matemática serem tão pobres:

"Deviam criar mais estímulos para os alunos estudarem!"

Infelizmente, as nossas reformas escolares têm caminhado quase todas neste sentido. Agora, um aluno já não se sente ridicularizado se disser que não estuda porque não o estimulam. Tem-se desresponsabilizado os alunos de quase tudo no processo educativo, sobrecarregando-se e desprotegendo-se as escolas e os professores. Ninguém aprende só sendo ensinado, tem também de trabalhar e estudar para isso. Em Portugal, estímulo é sinónimo de relaxamento e facilitismo no ensino.
Aos alunos tudo é permitido, sendo eles os titulares dos maiores direitos, quase sem deveres.
Aliás, basta ver as cassetes que os alunos do secundário debitam nas suas reivindicações: "Abaixo a reforma curricular", "Pela Educação Sexual", "Melhores condições!", "Abaixo as provas nacionais!"...
Ou seja, estimular é permitir que tudo se torne mais fácil e menos criterioso.
Por muito que isto custe, estudar raramente dá prazer, muito pelo contrário, dá muito trabalho e exige muito esforço. Por isso, não se pode estar constantemente a inventar métodos e a desculpabilizar os alunos, dizendo que não se consegue retirar satisfação da aprendizagem. Para a maioria dos alunos, por melhores intenções que se tenha, aprender e estudar será sempre um sacrifício. E só se conseguirá fomentar esse sacrifício se ele for premiado, por oposição à falta de trabalho.
Nas nossas escolas, a palavra competitividade é quase uma heresia, fomentando-se a o nivelamento dos estudantes, mas pela mediocridade. Sou a favor dos prémios para os melhores alunos e da divulgação das listagens de escolas e dos alunos (por ordem de sucesso escolar). Só assim se conseguirá motivar a excelência.
Os alunos, apesar de deverem ser tratados com cuidado e sem descriminações, têm de deixar de ser vistos como criaturas frágeis e oprimidas, em que a simples correcção de um teste com cor vermelha os pode traumatizar irremediavelmente. Devemos recompensar os melhores e apoiar os menos brilhantes, mas para isso temos de saber quem eles são, sem complexos ou preconceitos.
Temos de formar mulheres e homens, preparados para um mundo cada vez mais exigente e competitivo, não só entre portas, mas, essencialmente, fora delas.

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