10.4.05

País criptocéfalo?

Começa a ser estranha a quase total ausência de discussão política em Portugal. Após meses de intensas polémicas, graves conflitos e convulsões fracturantes na vida política portuguesa, assistimos, depois das eleições legislativas, a uma tranquilidade nunca antes vista. Por um lado, isso deve-se à necessidade de o país se refazer das investidas perseverantes mas desorientadas que Santana Lopes protagonizava todos os dias na comunicação social. Por outro lado, a morte do Papa desviou, compreensivelmente, as atenções da sociedade para a Igreja Católica e não para o Governo. Além disso, os partidos da oposição ainda não se recompuseram do descalabro eleitoral e tentam perceber como podem encarar o futuro difícil que se avizinha. O Governo não parece muito interessado em divulgar as duras medidas que terá que tomar, parecendo apostar mais na táctica do facto consumado, ou no lançamento de manobras de diversão que lançam a sociedade numa discussão de que o próprio Governo se alheia (como foi o caso da ideia da venda de fármacos não sujeitos a receita médica fora das farmácias). Espero que, com um novo líder, o PSD ocupe o seu lugar na oposição e que recomece a discussão política.

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