13.11.06

Estratégia, precisa-se!!!

Estou muito preocupado com os investimentos que estão programados para o novo Aeroporto da Ota e para o famigerado "TGV". Represento uma classe de jovens no início da sua vida profissional, em que os investimentos feitos hoje serão, com certeza, reflectidos amanhã. Não podemos permitir que aniquilem o nosso futuro com investimentos megalómanos que nos irão levar para dívidas que não sabemos quando iremos pagar, e hipotecar de uma vez o futuro do País. Parece-me que investimentos desta ordem de grandeza teriam que ser referendados (não é que eu seja muito apologista de referendos), no entanto, os nossos políticos preocupam-se, porque não dizê-lo, com questões de menor importância face à nossa realidade, como a legalização do aborto e outros. Aquilo que é mais premente e que representa o futuro do país não será objecto de um referendo, preferindo-se que o chamado lobby do betão dê sinais do seu forte poder instalado.
Analisando com coerência, objectividade e, principalmente estratégia governativa, vêmos que não faz sentido nenhum ter uma viagem de TGV Porto/Lisboa para poupar no máximo 45 minutos! Será que vale a pena ter um investimento de milhões, num País pobre com graves assimetrias sociais e estruturais, para ter um KPI (key performance indicator) minuto/(milhões de euros)?. Podemos, isso sim, melhorar a linha do norte e aproveitar o Alfa-Pendular para essa viagem, sabendo que a velocidade máxima do Alfa-Pendular é de 250 km/h!?, e não é preciso ser-se especialista para se afirmar que, com esta velocidade máxima, o Alfa-Pendular iria satisfazer todas as necessidades que hoje se colocam. A única viagem que, no meu entender, seria essencial para o nosso desenvolvimento, perspectivando uma estratégia europeia, é o troço Lisboa/Madrid em TGV. Essa ligação permitir-nos-ia estar ligados à Europa, ter uma ligação rápida a Madrid, (que se afirma cada vez como a grande capital Ibérica), e não defraudar as expectativas da União Europeia em relação a estes investimentos comparticipados. Não podemos ser patriotas sectários, temos que assumir que Nuestros Hermanos estão muito à nossa frente no que a desenvolvimento estrutural e economico diz respeito.
O futuro novo Aeroporto da Ota representa aquilo que de mais absurdo está a acontecer. Não somos, como já tinha afirmado, um País rico, não temos petróleo, não temos ouro. A única riqueza que podemos explorar é o turismo e as divisas que daí advêm, por isto, a falta de visão deste governo é assustadora. Muitos dos turistas que nos visitam escolhem Lisboa pela proximidade do aeroporto do seu centro turístico. Se, como se tem afirmado, o Aeroporto de Lisboa não vai satisfazer as necessidades futuras do País ou da capital, estão, continuo a afirmar, temos que definir uma estratégia de "ataque". Temos uma fantástico Aeroporto, aqui, no Norte - Aeroporto do Porto. Este Aeroporto daria para todos os voos chamados low cost, com alguns voos estratégicos europeus e das ilhas, o Aeroporto de Faro, também para os voos de low cost e para viagens europeias. Os utilizadores destes voos, como são de baixo custo, não se importam de viajar mais alguns kilometros para ter bilhetes mais baratos, os targets deste tipos de voos são diferentes dos voos regulares. O Aeroporto de Lisboa não teria quaisquer voos low cost, dando preferência a voos europeus e voos para Africa e América do Sul. Em relação a todos os outros, aproveitando a ligação do TGV de Lisboa/Madrid, far-se-ia um acordo entre as duas entidades, para permitir coordenar voos com as ligações de TGV. Isto sim, é estratégia, para um País que não pode gastar a seu belo prazer e principalmente com vícios dos países ricos.
Embora todos nós gostássemos de ter mais facilidades estruturais e que o País fosse mais desenvolvido social e culturalmente, no entanto, temos que nos cingir àquilo que somos, e escolher conscientemente, aquilo que são as prioridades do País e os investimentos que são rentáveis para o desenvolvimento deste. As ajudas da União Europeia, no âmbito dos Quadros Comunitários de Apoio, não são suficientemente vantajosas para que estes projectos sejam concretizáveis.
Por tudo isto, alerto a nossa opinião pública para estes projectos megalómanos que nos vão levar à ruína e serão as gerações futuras a "pagar" estes erros clamorosos da nossa classe política.

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