Ensino superior privado
O caso da Universidade Independente deveria motivar uma profunda reflexão sobre o ensino superior privado em Portugal.
As universidades privadas portuguesas, com excepção da Universidade Católica (que goza de um estatuto especial), nunca conseguiram granjear prestígio e reconhecimento suficientes para poderem concorrer com as universidades públicas.
Sempre foram olhadas apenas como um via alternativa de acesso ao ensino superior para aqueles que, por via das notas mais baixas, não conseguiam entrar no sector público.
Assim, além da oportunidade de enriquecimento que deram a muitos professores, acabaram por, acima de tudo, ser responsabilizadas e reconhecidas pelo sobrelotação de muitas áreas do mercado do trabalho, essencialmente, na área do Direito, Economia, Medicina Dentária e Arquitectura, democratizando o acesso àquelas profissões, pese embora o aspecto contraditório do alto preço que esse acesso representava, reflectido no valor das propinas a pagar.
O caso Moderna alertou para o facto de, por debaixo das respeitáveis vestes académicas, se esconderem negócios obscuros e passarem interesses pouco condizentes com o materialmente desprendido mundo universitário.
No entanto o que se tem passado com a Universidade Independente e as sucessivas trocas de acusações entre os seus responsáveis levam-nos a abrir uma página nova quanto ao escopo visado pela criação das universidades privadas. O enriquecimento de currículos de pessoas cujas vidas sempre tinham, voluntariamente, seguido rumos mais empíricos, mas a quem a muito portuguesa necessidade de títulos obrigava a colocar um Dr. ou Eng. antes de, pomposamente, assinar o nome.
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