22.6.05

Não é um caso isolado

Recentemente uma parte do país ficou indignada com duas histórias que se passaram em Vila Real, protagonizadas pelo presidente da Câmara daquele município, Manuel Martins, e pelo secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões. Em ambas as histórias houve intromissões por parte dos indivíduos referenciados na política editorial de dois jornais locais.
No entanto, o que é realmente preocupante é que o que aconteceu em Vila Real acontece em muitas outras autarquias e cidades, das mais variadas formas, estando longe de ser um caso isolado e especificamente localizado. Ninguém duvide que o poder autárquico e os caciques locais são o que de mais antidemocrático existe no nosso país. Em muitos municípios a verdadeira democracia é uma miragem, já que aqueles que detêm o poder controlam todos os centros de decisão, manipulam a seu belo prazer a informação local e conseguem calar e amordaçar todas as vozes discordantes. As clientelas que criam e alimentam conseguem abafar todo e qualquer tipo de contestação e impedem o crescimento de centros de opinião válidos e interessados, obstando ao aparecimento de verdadeiras elites pensadoras e preocupadas. Chega-se ao cúmulo de as câmaras municipais possuírem jornais e não verem nisso qualquer problema, controlando ao milímetro a política editorial, mas sentirem-se na extrema necessidade de privatizar grande fatia das empresas de águas, resíduos e fluentes do distrito.

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