10.5.05

Ensino universitário

Jorge Sampaio vem hoje defender a avaliação externa das universidades. Acho que a concordância devia ser unânime. Deve-se é fazer uma escolha imparcial daqueles que avaliam as universidades, e não nomear meia dúzia de professores catedráticos, de duas ou três universidades, que não fazem outra coisa que não proteger os estabelecimentos de ensino onde leccionam. A avaliação deve ser verdadeiramente externa ao mundo universitário e independente.
No entanto, Sampaio parte de um pressuposto errado, quanto a mim, para defender esta avaliação. O Presidente da República mostra-se impressionado com o número de alunos que não finaliza os seus estudos universitários, dando a entender que a culpa poderá estar nessas universidades. Em meu entender, o problema situa-se numa fase anterior, ou seja, no ensino secundário.
O que acontece é que grande parte dos alunos demonstra grande dificuldade em acabar o secundário, entrando em cursos com notas negativas em disciplinas fulcrais para o seu currículo universitário. Quantas vezes não se depara, por exemplo, com pessoas que frequentam cursos de engenharia e tiravam notas negativas a matemática, na escola secundária. A culpa, se esse aluno não progredir na unversidade, não será, certamente, do ensino que lá lhe ministrado. Na universidade parte-se do princípio que uma grande parte dos conceitos base já estão apreendidos e assimilados. A universidade deve ser uma fase de aprofundamento do estudo e não de iniciação.
Em Portugal, tomou-se como adquirido que toda a gente tem direito a ter um curso universitário, para se poder auto-intitular, no nosso lusitano provincianismo, de doutor ou engenheiro. Porém, muitos dos que frequentam as nossas universidades não têm qualquer vocação para o estudo, correndo antes atrás de um pretenso status que ainda pensam que o traje académico lhes confere e das inúmeras festas que as associações de estudantes e as discotecas organizam em sua honra (e, neste último caso, um pouco contra mim falo).

2 comentários:

francisco disse...

Claro que muitos dos que frequentam as universidades não têm vocação para o estudo... Assim como muitos dos que leccionam nas universidades não têm vocação para o ensino...

Pedro C. Azevedo disse...

Concordo. Confunde-se demasiadas vezes o mérito no estudo e investigação, com a capacidade de ensinar e estimular a aprendizagem.
Mas continuo a dizer que o nível global dos alunos de algumas universidades é demasiado baixo.