Palavras, leva-as o vento
A verdade é só uma. A democracia favorece a demagogia e aqueles que prometem o sucesso fácil, rápido e indolor.
Sócrates prepara-se para quebrar uma promessa eleitoral, aumentando os impostos. Tudo, diz ele, em nome de um défice que é maior do que o que o primeiro-ministro supunha enquanto era candidato ao cargo.
No entanto, qualquer pessoa minimamente atenta sabe que não é isso que se passa. Nos últimos anos todos os economistas, e não só, sabiam que o défice nas nossas contas públicas era extremamente grave e que só foi camuflado nos orçamentos de Ferreira Leite devido a receitas extraordinárias. Mas não se retire o mérito à ex-ministra de Durão Barroso. Ela alertou para os perigos que se avizinhavam e para os sacrifícios e reformas que era urgente fazer. E tanto alertou que o nosso Presidente da República, qual chefe iluminado, teve que vir a terreiro proferir a frase que fez as delícias dos socialistas: "Há vida para além do défice!".
Como se vê agora, essa frase foi um erro grave de estratégia, pois favoreceu o deslegitimar das medidas que eram necessárias tomar.
Diz-se agora que Sócrates tem autoridade redobrada para apresentar e executar medidas difíceis e impopulares, pois goza da conquista de uma maioria absoluta. Porém, esquece-se de algo muito importante. Ele apenas a conquistou porque mentiu aos portugueses. Deixemo-nos de utopias. Ninguém consegue uma maioria absoluta se disser que vai aumentar os impostos e congelar salários e promoções automáticas.
Os portugueses votaram em Sócrates pensando que este os levava pelo caminho mais fácil, onde se podiam gozar pontes e passar férias no Algarve. Foi isso que Sócrates deu entender com a sua quase ausência de propostas em campanha eleitoral (e que mostra bem o quanto ele sabia como estavam as contas públicas) e com a sua vã promessa de não aumentar os impostos.
Esperemos agora que este governo PS tenha uma oposição responsável por parte do PSD, que deverá esquecer que do outro lado estão homens como Jorge Coelho. Aquela oposição que os governos PSD não tiveram do PS. Os tempos que se avizinham serão ainda mais perigosos se nos deixarmos levar pela tiradas populistas e demagógicas.
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