Sociedade doente?
A triste verdade é esta: para uma grande parte dos portugueses (espero que não seja a maioria...) as práticas de corrupção e de tráfico de influências são perfeitamente legítimas desde que os beneficiem de alguma maneira. Só assim se explicam os casos de que Fátima Felgueiras é só o exemplo mais recente. Esta atitude, totalmente desadequada numa sociedade medianamente civilizada, só pode ser explicável por algum factor presente de forma generalizada na sociedade que cause esta inversão de valores. Com efeito, não é por acaso que as sociedades humanas classificam alguns comportamentos de "maus" ou "condenáveis" e outros de "bons" ou "louváveis". Isto ocorre porque, assim que os primeiros hominídeos se juntaram em pequenos grupos perceberam que dependiam uns dos outros para sobreviver e comportamentos como a traição, o roubo, a agressividade e a mentira não beneficiavam a coesão do grupo. Os elementos do grupo que assim procedessem eram marginalizados pois punham em causa a sobrevivência dos outros. Existe, assim, uma espécie de "código de conduta" social tácito, que é aprendido durante os primeiros anos de vida e que, ensinando os comportamentos e os valores mais adequados, permite a integração na sociedade e a convivência saudável entre as pessoas. Os desvios neste processo ocorrem frequentemente, muitas vezes por doença mental ou do comportamento, mas tendem a ser casos isolados que, infelizmente até são indevidamente marginalizados pela sociedade. Isto tudo para dizer que, ao contrário, o que se passa com parte da população portuguesa é que parece haver um desvio generalizado em relação às regras básicas de interacção social que condenam a corrupção, tráfico de influências, abuso de poder e outros comportamentos que já integraram o dia a dia de muitos portugueses.
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