7.12.04

Crise política

Relativamente à anunciada dissolução da Assembleia da República, apesar de eu próprio ter ficado aliviado com a perspectiva do fim das contínuas e infelizes intervenções do Primeiro-Ministro, penso que o comportamento do Presidente da República não é, de modo algum, irrepreensível. De facto, é estranho que uma decisão de tal gravidade não tenha sido acompanhada por fundamentações muito sólidas que deveriam ter sido já apresentadas ao País. Por outro lado, as diligências necessárias ao desencadear do processo, nomeadamente a audição dos partidos e a convocação do Conselho de Estado, tardam em ser feitas e parecem ser apenas mera burocracia, uma vez que a decisão está já tomada. Também o "lapso" que ocorreu na comunicação à segunda figura do Estado não abona nada em favor das Instituições Democráticas.
Espero que, pelo menos, no fim desta crise surja uma maioria estável para suportar um Governo de legislatura. O pior que nos pode acontecer é andarmos em eleições de 2 em 2 anos. Assim, ainda que para mim a ideia de uma maioria absoluta do PS seja arrepiante, se isso significar um Governo de 4 anos é um mal menor. É que um PS com maioria relativa vai negociar com a esquerda e aí teremos o Dr. Francisco Louçã e o camarada Jerónimo a comandarem os destinos do País. E nesse caso, seria pior a emenda que o soneto...

1 comentário:

Pedro C. Azevedo disse...

Concordo que o Presidente da República não tem conduzido o processo de dissolução da melhor maneira. Mas penso que, neste momento, não pode prestar qualquer declaração enquanto não reunir com todos os partidos políticos com assento parlamentar e com o Conselho de Estado.
Foi, sem dúvida, um enorme "esquecimento" não ter sido comunicada a decisão ao Presidente da A.R. E acho que exigiria algo mais do que um simples pedido de desculpas a sós e escondido nas paredes do gabinete.
Mas quero dizer que tenho gostado muito deste segundo mandato de Jorge Sampaio que me tem parecido responsável, e acima de tudo, isento e no melhor interesse do país.