6.12.04

Funcionários Públicos, uma herança para o futuro!

São o cancro da nossa economia. Produzem indispensáveis selos brancos e filas de espera, reclamam e atendem com a postura de quem está a fazer um favor, como se não fossem pagos, e ainda por cima por nós. Penso que representam cerca de 15% da população activa deste país de Tugas, o que é dramático. São centenas de milhar de mangas de alpaca com indisposição permanente de 2.ª feira, que trabalham pouco, recebem muito, podem votar e dar-nos cabo da vida. Adoram dizer que não... Enfim. Felizmente também os há bons. Mas poucos, porque são bons. Destaque, pela positiva, para a Secretaria Notarial da Póvoa de Varzim.
Há uns tempos, em discussão com uma conservadora de um desses maravilhosos e mal-funcionantes serviços, ela perguntava-me, enquanto eu escrevia no "seu" livro amarelo, onde é que ela poderia escrever se não gostasse dos serviços prestados, por exemplo, por um advogado. Expliquei-lhe, pacientemente, que para além de se poder queixar à Ordem dos Advogados (o que em boa verdade não lhe serviria de muito), podia ir a outro advogado e que eu ficaria sem cliente. Ela, por seu turno, ter-me-ia sempre como cliente, gostasse ou não gostasse eu do trabalho por ela prestado ou pelos "seus" serviços, por mais folhas brancas do livro amarelo que eu escrevesse a azul, negro ou até a vermelho, teria sempre de ali me deslocar.
Já tínhamos poucos, por isso o genial governo do Engº Guterres, ao invés de fomentar o aparecimento de novas empresas que produzissem algo mais que selos brancos e certidões, no lugar de formar os desempregados e se necessário pagar durante alguns meses os seus salários às empresas que nasceriam, preferiu recorrer ao difícil método de disfarçar o desemprego criando milhares de postos na função pública. Brilhante!
O resultado está à vista: é impossível um país crescer economicamente, é impossível haver retoma económica, é impossível um país andar para a frente quando 15% da sua população activa não gera riqueza efectiva. Ninguém come ou veste papéis, não se exportam papéis carimbados, não se visitam papéis....
E agora assobiam para o ar, como se isso tivesse sido da responsabilidade de alguém do tempo dos seus avós. E indignam-se por passado 3 ou 4 anos ainda se falar do desastre que foi a governação socialista, da falta de educação de apontar erros passados.
Sim, porque o que está para trás não vale nem conta, porque para alguns muitos dos que vivem no, e do, irresponsável mundo de faz de conta da política, esta é como um jogo com vidas infinitas: por mais asneiras que se faça continua-se a jogar...
P.S. Ao contrário do que um tal de Santos Silva - claramente não o Artur - quis fazer passar este fim-de-semana em artigo de (má) opinião, os erros do Tonecas não se ficaram pelo orçamento limiano. Com esses podíamos nós bem...

3 comentários:

Pedro C. Azevedo disse...

Concordo em grande medida com que escreveste, apesar de, na minha opinião, haver aqui e ali algum exagero.
Aliás, penso que nas conservatórias e nos serviços das Finanças a má vontade (de alguns) é de facto revoltante.
No entanto é preciso notar que os lugares que anualmente são criados na função pública pelos sucessivos governos não são, na maior parte das vezes, infelizmente, para fazer face às necessidades (que são muitas) no contacto imediato com o cidadão.
Penso que o exemplo da ilha é infeliz, por roçar demasiado a vulgaridade fácl e barata...

Horácio L. Azevedo disse...

Foi ncessária a intervenção da censura!

Joaquim Cerejeira disse...

De facto, é compreensível a revolta de um cidadão que recorre aos serviços públicos e não é bem atendido. Resta saber de quem é a responsabilidade desse mau atendimento. Penso que muitas vezes a percepção de que os funcionários públicos trabalham pouco e com má vontade se deve por um lado à total desorganização dos serviços do Estado e por outro à desmotivação notória que reina entre os trabalhadores. Para quê trabalhar mais e melhor se o colega do lado nada faz e ganha o mesmo? Na minha opinião, são precisamente os melhores e os mais competentes funcionários públicos que mais depressa se desmotivam e revoltam contra a actual situação, transferindo por vezes o seu desagrado para os utentes.