7.3.05

António Vitorino

António Vitorino é uma figura muito difícil de compreender. Apontado, diversas vezes, como o salvador do PS e um homem providencial para o país, tem preferido sempre resguardar-se, evitando posições que possam trazer algum incómodo. Com um estilo muito próprio, mostrando sempre grande clarividência e objectividade, e com uma maneira séria e descomprometida de lidar com a comunicação social, rara no seu partido, teima em desiludir aqueles que nele acreditam.
Depois de cumprido o seu mandato como comissário, onde aumentou o seu prestígio e influência, quer nacional, quer internacional, muitos pensaram que tinha chegado a hora de Vitorino regressar à vida política nacional, de onde tinha saído após uma curta passagem no primeiro governo de Guterres.
Ño entanto, decidiu não se candidatar à liderança, apoiando Sócrates em seu lugar, pois dizia não ter o perfil indicado para isso. Optou por ficar na sombra e ajudar o agora primeiro-ministro, elaborando o programa do novo governo e aparecendo como a grande fonte doutrinal da nova maioria.
Gannhas as eleições, pensou-se que assumiria uma pasta influente e que provavelmente seria o nº 2 do executivo. Mais uma vez trocou as voltas a todos, preferindo o cargo quase simbólico de coordenador das "Novas Fronteiras" e ficando-se pelo cargo de deputado.
Justificou mais esta recusa com o facto de não ter gostado da experiência governativa. Porém, nos bastidores é cada vez mais forte o rumor que se irá juntar à sociedade de advogados de José Miguel Júdice (este talvez à procura de conseguir a mesma influência de detinha nos anteriores governos PSD e que permitiu ao seu escritório marcar presença, e não só, nos principais negócios do Estado português).
Sem querer negar a Vitorino a legítima ambição de sucesso pessoal e profissional, da maneira que achar melhor e mais proveitosa, começa a saltar à vista o seu lado calculista e individualista. O partido e o país têm ficado sempre para depois.

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