21.3.05

Portugal do séc. XXI

Como já foi publicitado, o Estado deve aos advogados alguns milhões de euros, relativos ao serviço de apoio judiciário por aqueles prestado. Ao que parece, o anterior governo, através do seu ministro da Justiça, teria liquidado a dívida relativa até ao final do terceiro trimestre de 2004, enviando o dinheiro para os tribunais.
O Tribunal Judicial de Braga já recebeu a quantia correspondente que deverá entregar aos advogados da comarca. No entanto, acontece um pequeno problema. Apenas existe um funcionário que saiba manejar o programa de computador que permite fazer o cálculo e a distribuição do dinheiro por cada advogado. Funcionário esse que foi transferido, ao que me foi dito, para Barcelos. Ou seja, não há ninguém no tribunal que saiba trabalhar com o programa.
Resultado, o dinheiro está no tribunal, mas não pode ser entregue. Nada mais caricato.
Este é um dos grandes problemas da nossa sociedade. Não adianta equipar os serviços públicos, se os seus funcionários não conseguirem manejar o equipamento.
Portugal recebe milhões de euros da União Europeia para criar cursos de formação. Na semana passada soube-se que apenas perto de 65% desse dinheiro é utilizado, sendo o restante, por falta de utilização, devolvido. Por estranho que possa parecer, ninguém se lembrou de criar um curso intensivo de informática para os funcionários judiciais.
Não se pense, porém, que os funcionários escapam desta situação sem mácula. Como acontece em qualquer bom serviço público português, voluntarismo, criatividade e iniciativa são palavras quase desconhecidas.

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