12.3.05

Crise psicológica

O vergonhoso resultado que ontem o FC Porto conseguiu no Estádio do Dragão é o sinal mais grave da profunda doença que tem evoluído há vários meses e vem tolhendo todo o plantel. O percurso da equipa ao longo desta época tem-se degradado progressivamente e o descalabro parece não ter limite pois a cada má exibição sucede outra ainda pior. Os jogadores revelam uma falta de confiança que não lhes permite mostrar em campo toda a qualidade que já provaram ter noutras épocas.
O problema do FC Porto parece não estar na qualidade dos jogadores ou na competência dos treinadores, como muitas vezes adeptos mais emotivos querem crer. A perturbação da equipa deve-se, isso sim, a uma debilidade psicológica dos jogadores que nasce e se alimenta da falta de orientação e de controlo na cadeia de comando. O discurso que Fernandez usou, ao referir-se muitas vezes ao "azar" para explicar as derrotas, também foi decisivo para a desmotivação dos jogadores. Ao introduzir este factor subjectivo e incontrolável, que não se pode eliminar pelo treino, está-se a desencadear sentimentos de desânimo e a sugerir o recurso a superstições milagrosas como substituto do trabalho e da táctica.
O trabalho de José Couceiro deve focar-se na recuperação psicológica da equipa. Para isso, deve mostrar aos jogadores que as derrotas e os maus resultados têm causas concretas e susceptíveis de serem corrigidas pelo trabalho e não são devidas a factores externos ocultos como o "azar".

1 comentário:

João Pedro Martins disse...

Muito bem dito!