2.3.05

Fiéis pecadores...

A posição oficial da Igreja Católica sobre os métodos contraceptivos (defendendo o uso exclusivo de métodos "naturais") não tem acompanhado os progressos científicos e sociais que ocorreram nas últimas décadas. Com efeito, os métodos contraceptivos permitiram diferenciar claramente a componente afectiva da componente reprodutiva que, durante toda a história da Humanidade andaram de mãos dadas. Actualmente, é portanto possível conceber a sexualidade como uma manifestação puramente afectiva, o que é positivo. O que a Igreja Católica teme é que esta separação possa levar a excessos, nomeadamente à vulgarização do acto sexual em si mesmo e também à desvalorização da função reprodutora que passa a ser encarada quase como um efeito secundário. Assim se compreendem as cautelas com que a Igreja aborda o assunto nos seus documentos oficiais quando se sabe que a posição de grande parte do clero não é tão restritiva.
Ao contrário, atitudes como a do padre Nuno Serras Pereira, que publicou num jornal nacional um aviso ameaçador aos seus paroquianos acerca deste tema, parecem ser um passo atrás. E, mais grave, põem em causa a relação de confiança entre o clero e os fiéis que assim, ao serem rotulados de pecadores e merecedores de excomunhão, se afastam cada vez mais da Igreja. O padre Nuno Pereira dá argumentos de sobra aos que criticam para além do razoável a posição conservadora da Igreja. Este presbítero parece ser mais papista do que o próprio Papa...

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