31.10.06

Importações

A Bola ao serviço do Benfica

Presumo que a resposta do Benfica ao comunicado do Porto sobre a lesão do Anderson tenha sido feita pelo jornalista Fernando Guerra, do jornal A Bola, em mais um brilhante artigo de opinião intitulado "Sem pingo de pudor" (link não disponível). É ao ler estas edificantes provas de independência jornalística que lembro como fiz bem em deixar de comprar este jornal.

Feriado e arredores...

Onde há um feriado, há uma pausa...
onde há uma véspera de feriado, há uma sexta-feira...
onde há um dia seguinte ao feriado, há uma segunda-feira...

e a produtividade, onde está?

Não entendo porque é que, a bem de todos, nunca se avançou com a ideia de juntar os feriados aos fins de semana... seria uma medida que, seguramente, traria ao país inúmeras vantagens de carácter económico e social.

Caos nas Urgências dos HUC

Nos Hospitais da Universidade de Coimbra está-se a passar algo de inusitado. O Director Clínico escalou, a título compulsivo, Médicos Internos de várias especialidades (entre as quais a minha) para prestarem 12h de serviço na Urgência, na área de Medicina Geral (vulgarmente conhecida como triagem, pela natureza pouco urgente dos casos que lá são vistos), já a partir de amanhã, alegando que não existem outros profissionais para executarem esse serviço que até ao momento era assegurado por Médicos do Internato Geral sob orientação de especialistas de Medicina Interna. Assim, o Conselho de Administração dos HUC, sob proposta do Director Clínico, determinou que a escala para a urgência de Medicina Geral é prioritária relativamente às outras escalas (isto é, à escala das urgências de cada especialidade) e ao restante serviço dos Médicos Internos. Com esta medida, os Médicos Internos vêem-se obrigados a cumprir trabalho indiferenciado em detrimento do exercício tecnicamente diferenciado no âmbitos das especialidades que frequentam e a que estão vinculados pelo Regime do Internato Médico, o que, quanto a mim, é inaceitável. De facto os Médicos Internos são contratados pelo Estado para se especializarem e se diferenciarem e não devem servir como mão de obra barata para suprir necessidades do Hospital, a que estão contratualmente vinculados apenas durante o seu tempo de formação, que devem ser colmatadas com Médicos pertencentes ao quadro da instituição ou Médicos contratados externamente.
Mas, à parte desta discussão, a verdade é que a medida foi tomada tão em cima do joelho e sem um conhecimento mínimo da realidade que alguns internos foram escalados em dias em que gozam férias, já devidamente aprovadas. Por outro lado, alguns Médicos Internos já fazem mais horas de urgência de especialidade do que são obrigados por lei (12h+12h por semana). Assim, espera-se que, a partir de amanhã, aconteça o pior no Serviço de Urgência dos HUC com faltas de alguns Médicos, impossibilitados de comparecer, mobilização compulsiva de outros, que terão que permanecer no Serviço de Urgência até que alguém os venha substituir, e, acima de tudo, com a desmotivação e a revolta daqueles que, querendo exercer a sua actividade regular (consultas externas, trabalho na enfermaria, bloco operatório, reuniões clínicas e actividade científica) se vêem obrigados a abdicar da sua formação, por ordem do próprio Hospital.

Outros horizontes

Igualmente sobre as relações do Estado com o aborto, ler o post exemplar, "aborto: todos socialistas", por rui, no Blasfémias.

Despenalizar, e depois?

O aborto é uma questão que me suscita muito mais dúvidas do que certezas. Não tenho o espírito iluminado daqueles que se auto-proclamam defensores da vida, como não encontro as razões indiscutíveis daqueles que, firmemente, afirmam "aqui mando eu".
No entanto, ainda mais dificilmente compreendo um Estado que, convivendo, sem grandes problemas de consciência, com extensas listas de espera nas cirurgias dos seus hospitais e preparando-se para introduzir novas taxas moderadoras e de internamento na saúde pública, disponibiliza, sem qualquer tipo de impedimento, todos os seus meios para a mulher que queira interromper a sua gravidez, sem que a sua vida ou a do feto estejam em risco.
A favor desta posição está o velho argumento de que, se assim não fosse, estar-se-ia a prejudicar aquelas mulheres que não têm meios para abortar.
Porém, isso já acontece com muitas pessoas de todos os sexos e raças que não têm o dinheiro nem o tempo que lhes permita sobreviver à espera da cirurgia salvadora num qualquer hospital público. E, em relação a estas, nunca, em lado nenhum, se viram cartazes furiosamente empunhados, nem barrigas indignadamente pintadas.
Quer isto dizer que, concordando com a despenalização total do aborto, nunca concordarei que este seja feito indiscriminadamente à custa do Estado.

30.10.06

Vírus noticioso

Hoje, no Público, on-line:

"Pandemia de gripe das aves poderia infectar quatro milhões de portugueses"

Há um ano que ouvimos, em tom alarmista, falar de milhares e milhões de hipotéticas mortes por causa da gripe das aves.

Entretanto, na mesma notícia:

"De acordo com o director-geral da Saúde, Francisco George, desde 2003 registaram-se em todo o mundo 256 casos de infecção em humanos com este vírus."

E a verdade é que até hoje, no nosso país, não se ouviu, sequer, um único espirro que indiciasse tamanha catástrofe.

Será que se pretende chamar a atenção do vírus? É que com um potencial tão elevado, os níveis de produtividade andam muito por baixo...

Maldosa ou Violenta

Pergunta João Bonzinho n'A Bola: "mas alguém insinua que Katsouranis teve entrada maldosa, ou violenta, sobre o infeliz Anderson?". Claro que não, respondo eu. Como é possível insinuar tais coisas!

Outros horizontes

Ver a moderna arte de comunicar em Vendo, Lendo, Ouvindo, Átomos e Bits, de 28 de Outubro de 2006, por José Pacheco Pereira, no Abrupto.

29.10.06

Fraquinho

O novo Gato Fedorento.

Jornalismo

Hoje, quando via o resumo do jogo Porto - Benfica na SIC, aparece o desgraçado do Anderson a lamentar-se de mais uma lesão. Quem viu na SIC deve ter pensado que a maleita lhe caiu do céu! Isto é, da entrada brutal do Katsouranis não houve registo...

28.10.06

Incompreensível

Onde é que a Sport tv vai arranjar os comentadores? Não havia pior?

27.10.06

PS3

Assustador.

Patetices

Escreve o braço escrito da direcção benfiquista (que a literacia não abunda por aquelas bandas encarnadas): Vieira sem medo no Dragão. Isto sim é coragem, mesmo sem o Micúli (segundo as regras de pronúncia italiana de José Veiga).

Blindados

Escreve Medeiros Ferreira no Bicho-Carpinteiro: "O DN publica hoje o resultado do seu Barómetro. Todos caem menos as forças à esquerda do PS , e os que ocupam cargos blindados à impopularidade". Eu até concordo que é fácil estar no topo da popularidade quando se é Presidente da República, parece é que desde que o cargo deixou de pertencer ao património da esquerda mudou de estatuto...

P.S. - Conclui-se que a popularidade de Soares era devida ao facto de ocupar "cargos blindados à impopularidade".

Contra o poder

Vasco Pulido Valente, hoje, no Público (link indisponível), defende que, quando existe um governo com maioria absoluta, o líder da oposição é sempre a figura mais criticada.
Permitam-me discordar. Em Portugal, o poder tem um peso desmedido no carisma da pessoa, pelo que quem o detém (seja ou não apoiado numa maioria absoluta) é sempre alvo de sedução e olhado com alguma subserviência por parte da imprensa e opinião pública.
Pelo contrário, quem tem a tarefa de censurar quem está no poder é constantemente objecto de violentas críticas, até que se comece a desenhar a mudança de ciclo político. Apenas nesta última fase é que o líder da oposição começa a gozar de respeitabilidade, ou não estivesse ele na iminência de se tornar no chefe do governo.
Basta olharmos para o modo como Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso (com excepção do período após a demissão de Guterres) e Ferro Rodrigues foram tratados. Todos eles eram considerados inaptos para o lugar, surgindo, constantemente, vozes que lhes indicavam a rua como único destino possível.
O único líder recente que não teve de passar por tamanha provação foi José Sócrates, mas, unicamente, porque o PSD lhe ofereceu, numa bandeja dourada, Pedro Santana Lopes.
Quer isto dizer que, a meu ver, a conclusão de VPV peca, mas apenas por defeito.

26.10.06

Tudo pelo futebol


Em semana de FC Porto - Benfica, nunca é demais salientar o amor ancestral dos portugueses pelo jogo.

Ministro da Economia

Sempre que vejo algum grande investimento das grandes multinacionais em Portugal - como o caso mais recente da IKEA em Paços de Ferreira - não consigo deixar de imaginar o nosso Ministro da Economia a baixar as calças compulsivamente.
Além da imagem não ser nada agradável, vai até contra as minhas mais honestas esperanças e desejos de desenvolvimento, que até penso também, que passará por atrair investimento externo.
Mas a que preço? Com que garantias? Não podemos esquecer que não é o facto de as empresas se instalarem cá, que as vai impedir de amanhã se deslocalizarem, como tão frequentemente se tem visto. E isso não é, para mim, de maneira alguma censurável.
No fundo, o que interessa para o futuro do País não são estes acordos pontuais, que apesar de benéficos, não trazem sustentabilidade. Estes acordos são meros negócios, como tantos outros que se fazem diariamente. Uns melhores outros piores. E como quase sempre, aqui ganha mais quem tem mais astúcia.
Daí o meu receio. Não estou a ver o Manel como grande negociador - e é só disso que estamos a falar. Ainda por cima, o facto dos privilégios acordados não serem revelados, só me inquieta ainda mais. Nada é mais poderoso que uma imaginação descontrolada.

Cenas Memoráveis

Tive há momentos a felicidade de poder rever umas das cenas mais memoráveis de que me lembro, no que toca a filmes de acção.
Vou tentar descrever para ver se alguém a vai reconhecer à medida que fôr lendo:
Num bar do Alasca (já aqui está uma bela pista) estava um esquimó bêbado a ser desprezado e maltratado por um daqueles grupos de trogloditas que andam sempre aos molhos e embriagados a arranjar desacatos. Grande multidão a admirar a humilhação do pobre desgraçado sem se intrometer. Nisto chega O Maior. Nada menos que Steven Seagal com casaquinho de pele com ripas à índio. Propõe ao líder do grupo um pequeno jogo e o diálogo, brilhante, verdadeiramente memorável e inigualável, é mais ou menos o seguinte:
SS (atenção que isto é sempre com O Maior a sussurrar): Are you man enough to play a game with me?
Bandalho: Yeah, I´m a Man. I have big balls between my legs. I´m a Man. I´m a big Man.
- O jogo é nada menos do que o jogo da 'Sardinha'. Se O Maior acertar nas mãos do Bandalho, tem direito a espetar-lhe uma solha - É, repito, Brilhante!
SS: Well big man with big balls. Let's do it.
- O Bandalho leva uma, leva duas, leva três e começa a choramingar um pouco depois de ter ido ao tapete nas três vezes. A multidão, entusiasmada no início, começa a suspeitar que algo de muito importante se vai passar e fica apreensiva.
Com a cara toda ensanguentada e disforme, numa postura já totalmente submissa, o Bandalho ouve as sábias palavras d'O Maior -
SS: What does it take? Ah? What does it take to change the essency of a man?
Bandalho (a soluçar): I need time. I need time to change.
SS: Me too. Me too (palmadinha no ombro do Bandalho) - e O Maior abandona a sala porque tarefas muito mais importantes o aguardam. Tipo salvar o Alasca inteiro e os Esquimós todos. A multidão na sala tinha acabado de assistir à transformação de um homem mau, rude, que ganhou uma consciência a jogar à Sardinha...
Isto é Cinema.
Desculpem a extenção do post, mas não queria deixar nada de fora. Claro que recomendo vivamente o aluguer deste "Under Siege 2" porque só quem já viu esta cena, saberá o que se experimenta com a mesma.

25.10.06

Navegando à vista

O processo de introdução de portagens nalgumas SCUT´s, cujas incoerências foram reveladas hoje por alguns jornais, deixa transparecer um dos grandes problemas deste governo.
É verdade que este executivo tem demonstrado alguma vontade reformista e de afronta a alguns interesses estabelecidos e há muito enraízados na sociedade portuguesa.
No entanto, para quem assiste de fora, fica sempre ideia de que se tratam de medidas ad hoc, sem que exista um verdadeiro projecto nacional e uma visão enquadrada para o futuro. Esse sentimento ainda ganha mais força quando se constata que muitas das promessas que constavam do programa do governo, e que, à partida, deveriam justificar o seu mandato, não foram cumpridas, desdizendo-se com toda a desfaçatez o que se jurava a pés juntos no dia anterior.
O governo tem demonstrado coragem, sem receio de fazer sangue, mas corre-se o risco de se estar a gerar todo este desconforto e contestação, simplesmente, para tapar buracos, desperdiçando-se uma grande oportunidade (talvez a derradeira) para tornar Portugal viável.

Outros horizontes

Sobre o cobarde ataque a Miguel Sousa Tavares, ler "O país das invejazinhas", por Carlos Abreu Amorim, no Blasfémias.

Mozilla Firefox 2.0

Já está disponível, em português (PT), aqui.

24.10.06

Convenções

O Público de hoje noticia um relatório da Entidade Reguladora da Saúde sobre as convenções estabelecidas pelo estado:

"Há mesmo quem estime que 20 por cento do valor pago aos convencionados será por serviços nunca prestados, ou seja, por uma actividade fictícia."

"E isto porque as regras (os clausulados tipo) das convenções em vigor datam de meados da década de 80 e não foram actualizadas entretanto, salvo casos excepcionais, apesar de o decreto-lei que define o Regime Jurídico das Convenções (1997/98) estipular que deviam ser revistos no prazo de 180 dias."

"por vezes fazem-se trespasses de convenções a preços elevados".

DECO, defesa dos consumidores?

Penso que a DECO tem como um dos seus objectivos a defesa contra a publicidade enganosa, penso... É com espanto que vejo que recorrem a técnicas publicitárias mais que duvidosas, tipo Selecções Reader's Digest, com envio de documentos "prioritários", "serviço expresso " (com um logótipo de um avião no envelope) e outras balelas, tudo para nos fazer assinar a Proteste. Como considero este tipo de publicidade um insulto à inteligência dos consumidores, custa ver uma instituição útil subverter os seus princípios de actuação.

Mandato sem representação

Os partidos políticos culpam as dificuldades no cumprimento da nova lei e as suas "exigências tremendas", para as irregularidades apresentadas nas suas contas da campanha eleitoral das legislativas de 2005.
Parece impossível. Como é que, numa lei aprovada pelos deputados na Assembleia da República, ninguém se lembrou de ouvir os partidos...

Uma questão de mentalidade

O jogo entre o Sporting e o FC Porto foi fraquinho, sem grandes motivos de interesse, e apenas a entrega dos jogadores do Sporting e algumas defesas de Helton superaram a fasquia da mediania que dominou todo o jogo.
Não tenho dúvidas que o Sporting acabou por jogar melhor, sem, contudo, conseguir justificar uma hipotética vitória. O domínio territorial e da posse da bola nunca se traduziu em ocasiões flagrantes de golo e, apesar de em certas alturas ter obrigado o Porto a manter-se demasiado atrás, faltou sempre a estocada final.
O FC Porto, por seu lado, nunca conseguiu superar a ausência de Anderson, sendo uma equipa demasiado lenta e apática, com um Lucho que parece em constante esforço para correr e com Quaresma a ligar o complicador que o obriga a pensar em duas ou três fintas possíveis até se decidir pelo passe que já deveria ter feito há segundos atrás.
No entanto, existe algo que impedirá sempre o Sporting de ser um clube verdadeiramente vitorioso. É a mentalidade dos seus adeptos.
Começando logo no primeiro segundo de jogo, em que as bancadas de Alvalade fervem por causa de um simples lançamento de linha lateral a meio-campo, acabando em Dias Ferreira, ontem na Sic-N, que tentou culpar o árbitro pela incapacidade de chegar à vitória, todos no clube cultivam uma atitude desculpabilizadora que acaba sempre por desresponsabilizar os próprios jogadores e treinadores pelo insucesso.

Marie Antoinette


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Mín. * Máx. *****

23.10.06

Deixem-nos trabalhar

Para mal dos meus pecados, o empresário de jogadores de futebol (ou agente FIFA, como se diz agora) Manuel Barbosa deve estar em vias de regressar ao activo, já que decidiu remodelar as suas instalações (situadas logo acima da minha cabeça) à custa de violentas perfurações e estridentes marteladas que atiram a produtividade do escritório para níveis que fariam corar de vergonha qualquer trabalhador do Iémen.

Adenda - Em abono da verdade, o ilustre vizinho de cima pediu desculpas antecipadamente, referindo que tamanho tormento apenas iria durar um dia. Este facto apenas não foi referido antes por desconhecimento meu.

20.10.06

Resposta pronta

José Maria Aznar descobriu que a caneta não serve apenas para responder por escrito...

Tempestade sem fronteiras

Esta semana, com excepção da honrosa vitória do FC Porto contra o Hamburgo (pese embora todas as fragilidades que os alemães demonstraram no Dragão), o futebol português foi varrido por essa Europa fora.
O Sporting ainda tem a desculpa de ter jogado contra um colosso do futebol alemão, mas o Benfica e o Braga perderam, sem apelo nem agravo, contra equipas que, teoricamente, seriam do seu campeonato.

19.10.06

Beleza

"Cultura"

"(...) hoje, a "cultura" é o meio mais eficaz para obter propaganda.(...) os governantes mais iluminados perceberam que, investindo na "cultura", esssencialmente na "animação cultural", obtêm boa imprensa, legitimidade, figuras de cartaz e "nome". É caro, mas é eficaz, porque tem a enorme vantagem de proteger a propaganda com a intangibilidade da "cultura", que ninguém contesta nem discute, porque a criatividade está acima do debate vulgar da política. (...)"

Pacheco Pereira no Público de hoje (link não disponível), excerto de A "Rivolução" dos nossos dias.

Aborto II

Discordar de algo não implica que concordemos com a sua criminalização.

Duas realidades

Este governo tem gozado de um amplo consenso, da esquerda à direita, em muitas medidas que tem tomado, já que há a consciência de que são necessárias e imperativas para assegurar o futuro do país.
No entanto, a verdade é que Sócrates só está nessa posição porque mentiu aos portugueses na campanha eleitoral e porque, desde que tomou posse, tem feito tábua rasa em relação ao seu comportamento enquanto era líder da oposição.
Quem viu o primeiro-ministro na bancada da oposição e agora assiste a medidas do seu governo como o aumento do I.V.A., a introdução de novas taxas moderadoras e de internamento nos hospitais e o fim (anunciado) de algumas SCUT, só pode pensar que está na presença de alguém com distúrbios esquizofrénicos graves.
Este tipo de comportamento eleitoralista e oportunista até pode produzir resultados a curto prazo, mas, a longo prazo, é o próprio sistema democrático que irá pagar a pesada factura.

18.10.06

Aborto

Relativamente ao problema do aborto também eu não tenho certezas. Tenho dois princípios gerais que regem a minha posição. Por um lado considero que o julgamento e a condenação de mulheres que praticaram o aborto não é solução para o problema e, pelo contrário, é algo que as coloca numa situação desumana de exposição pública, com divulgação e exploração de problemas sociais e familiares graves que estão, na maioria dos casos, por detrás destas situações. Um aborto não é um acto premeditado mas antes realizado sob forte perturbação emocional, quando a mulher encontra na gravidez não prevista um factor de grave desestabilização a vários níveis. Por outro lado, não posso ocultar a minha oposição total à eliminação, sem justificação médica séria, de um ser humano real, não imaginário, com existência própria, que se encontra ainda numa fase inicial do seu desenvolvimento e, devido a esse facto, está dependente da total protecção da mãe, o que inclui o isolamento do meio externo. Por isso, não concordo com a "liberalização" do aborto, isto é, penso que o Estado não deve proporcionar às mulheres meios para executar um aborto, salvo nas condições previstas na lei (e que incluem aspectos psicológicos graves da mãe). O Estado deverá proporcionar os meios para que a mulher não seja empurrada para o aborto como última solução dos seus problemas. Em conclusão, embora a actual lei preveja já as situações que eu considero admissíveis para abortar em estabelecimentos públicos ou privados, penso que deveria ser retirado o carácter criminoso de um acto que, fora dessas condições, seja praticado por iniciativa de uma qualquer mulher que se vê em desespero.

Afinal sempre vale a pena...

Ficámos hoje a saber que o Governo irá colocar portagens em três SCUT. A aplicação desta medida foi justificada com a poupança anual de 100 milhões de euros ao Estado.

Como defensor do princípio utilizador/pagador, considero que esta decisão teria que ser tomada.
Só não entendo porque é que os governantes não entenderam este benefício desde o início, tendo com esta protelação de dois anos perdido 200 milhões de euros.
Caem ainda no ridículo de não assumirem o referido princípio (utilizador/pagador), justificando-se com o resultado financeiro que poderão encontrar. Como é que não pensaram nele antes?

(défice... a quanto obrigas)

Volta de 360º

Ao que parece, o governo vai mudar as regras do imposto automóvel, diferindo parte do seu pagamento para os anos seguintes ao da compra do veículo.
Quer isto dizer que, aparentemente, comprar carro vai passar a ser mais barato. Mantê-lo é que vai ficar mais caro...

17.10.06

Viajar em Roma

Estive, pela primeira vez, em Roma há cerca de uma semana, e devo dizer que fiquei estupefacto pela fidelidade da caricatura dos condutores e motociclistas romanos, que se comportam como se aquele semáforo ou direito de prioridade fosse a última batalha das suas vidas.
O dia-a-dia da cidade, apesar de ter como pano de fundo a grandiosidade da sua história e a singularidade dos seus monumentos, é preenchido pela irritante e frenética sinfonia de apitos e pela ansiedade provocada pelo aproximar do momento em que vamos ter de atravessar uma rua.
Posto isto, e pensava eu, enquanto por lá andava, que nada seria mais seguro do que andar de metro...

Controlo da População Mundial

A ver!!

http://www.worldometers.info/

16.10.06

Uma verdade inconveniente














Trata-se de um documentário onde, utilizando entrelinhas cuidadosamente demagógicas, se apresenta uma candidatura baseada num programa que poderá ser extraordinariamente limitado.
A potencial verdade inconveniente poderá ser conhecida nas presidenciais 2008...

Aborto

Quando penso na questão do aborto, o que mais me vem à cabeça são dúvidas, interrogações. Isto é, pensamentos diametralmente opostos dos mais fervorosos defensores de ambos os lados. Aliás, cada vez que leio um artigo de algum fanático (que abundam nos dois lados da barricada), cheio de certezas, penso que é mais um ponto que estão a conceder aos seus adversários. Acho que (quase) ninguém nutre simpatia pelo primarismo do regresso do nazismo ou do orgulho "eu já abortei". Esperar-se-ia era um debate sério e esclarecedor, livre de fanatismos, o que parece impossível sempre que esta temática volta a ser abordada

P.S. - Esclareço, no entanto, que me inclino para a despenalização da interrupção voluntária da gravidez depois de me ter abstido no último referendo.

Rivoli

Os manifestantes que "sitiaram" o Rivoli ilustram bem o espírito da cultura portuguesa.
Atente-se que o Rivoli não vai ser vendido nem vai ver o seu estatuto de equipamento cultural alterado, como sucedeu há uns anos com o Coliseu. Nem, em momento algum, foi dito àqueles que lá estão que nunca mais poderiam exibir as suas obras e criações naquele espaço.
A câmara municipal do Porto apenas alterou o modelo de gestão, passando-o para as mãos privadas. Mas, mesmo esse modelo de gestão e as suas implicações não estão definidos, uma vez que ainda está a decorrer o concurso público com vista à sua adjudicação.
O que apavora os "agentes culturais" que se encontram fechados no Rivoli é a simples perspectiva de ver a sua obra apreciada e avaliada por pessoas normais, sem os falsos elitismos ou aparentes erudições, habitualmente discutidos e declarados com força obrigatória geral nas recônditas reuniões de velhos amigos e conhecidos e que remetem imediatamente para a categoria de ignorantes e incultos aqueles que não conseguem vislumbrar tamanha genialidade.
É óbvio que a cultura tem especificidades que devem ser discutidas e protegidas, mas nenhuma outra actividade convive tão bem com a crónica dependência de subsídios e a falta de adesão de público, que, muitas vezes, até chega a ser vista pelos criadores como mais uma prova do seu incompreendido brilhantismo.

15.10.06

Outros horizontes

Ler forças ocultas - parte 2, no Blasfémias.

14.10.06

Nações Unidas

Nos últimos tempos, têm-se sucedido vários episódios que vêm por em causa o estatuto da ONU como entidade supra-nacional reguladora da segurança e das relações internacionais. Já para não falar na intervenção militar do Iraque, feita à margem das Nações Unidas, tem-se assistido a uma falta de firmeza e de capacidade desta organização para por fim a situações intoleráveis, como a situação calamitosa no Darfur e, mais recentemente, nos testes nucleares do regime totalitário da Coreia do Norte. A ONU tem sido utilizada fundamentalmente como um travão, à custa do direito de veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança, que é utilizado alternadamente pelos diversos países. A ideia que a ONU nos transmite é de uma organização não representativa onde os Estados poderosos decidem, consoante os seus interesses específicos, o destino dos povos. Não há, portanto, uma verdadeira entidade supra-nacional e independente com princípios claros de actuação mas sim uma organização que, sob a designação de "diplomacia", é usada para troca mútua de favores e interesses. Assim, uma decisão tomada "no âmbito nas Nações Unidas" será aquela que cumprir esse objectivo, o de satisfazer os membros permanentes do CS, ainda que não seja minimamente eficaz na resolução do problema.

13.10.06

Isto é Portugal

Estou a ver o jogo Beira-Mar vs Braga, transmitido pela Sport TV, num estádio praticamente vazio. E parece que é sempre assim, meia dúzia de almas penadas costumam frequentar aquele recinto desportivo.
Esta semana, o jornal Público, noticiava que 40% do endividamento autárquico de Aveiro correspondia aos compromissos assumidos para a construção do estádio municipal.

A Dália Negra


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Mín. * Máx. *****

Outros horizontes

Para quem está habituado a ver o contorcionismo de Vital Moreira na pareciação de medidas quase idênticas de governos de diferentes cores partidárias, ler "Maldita memória...", por Paulo Gorjão, no Bloguítica.
Infelizmente, na grande maioria das democracias, a política vai-se fazendo assim.

As virtudes do silêncio

Alguém poderia dizer a este senhor que as eleições já foram há mais de meio ano e que ele as perdeu?...

12.10.06

Guimarães é Espanha?


Depois de assistir à exibição de Petit e Costinha, no jogo de ontem frente à Polónia, cheguei à conclusão que este senhor só pode ser espanhol.

10.10.06

O milagre da matemática

€ 5.000.000 - José Mourinho
€ 30.000.000 - Ricardo Carvalho
€ 20.000.000 - Paulo Ferreira
€ 15.000.000 - Deco
€ 5.000.000 - Derlei
€ 20.000.000 - Maniche e Costinha
€ 10.000.000 - Seitaridis

Em duas épocas, a direcção da SAD do FC Porto não só conseguiu desbaratar todo este dinheiro, como ter o desplante de ainda apresentar € 30.400.000 de prejuízo, pagando salários a jogadores como Cláudio Pitbull, Leandro, Leandro do Bonfim, Ezequias, Tarik Sektioui, entre outros, como uma "opção consciente".

A arte de bem negociar

Numa clara demonstração de boa-fé e de espírito de abertura, a Coreia do Norte, certamente adensando ainda mais as dúvidas (ou certezas) de Bernardino Soares, veio, através de um responsável do seu governo, declarar que "admite lançar um míssil com uma ogiva nuclear", se as negociações com os países representantes da O.N.U. falharem.

9.10.06

Pinto da Costa

Hoje, na entrevista de Pinto de Costa ao jornal O Jogo, não estava à espera de perguntas difíceis. Já se sabe como é o pseudo-jornalismo desportivo português (não é uma singularidade nossa), estas entrevistas são uma farsa absoluta. Assim é normal que tendo em conta as contas apresentadas pelo FCP, ninguém tenha tido coragem de perguntar, como é que após as receitas ímpares conseguidas nas épocas passadas seja possível apresentar tais resultados. Sabemos que chegaram camionetas de jogadores, alguns a que nem vimos a face, que partiram com a mesma velocidade... Em relação ao Apito Dourado, como sempre, P.C. só fala do que lhe convém e as perguntas...

E se não saísse da cama...

Para acordar bem disposto à segunda-feira, nada melhor que sintonizar um dos nossos canais de televisão.
De desgraça em desgraça, começando nas reacções ao tiroteio mortal entre dois assaltantes e soldados da G.N.R. e acabando numa desinteressante reportagem sobre a hepatite C, é difícil passar o trajecto matinal, desde o desfazer da barba até à última investida na chávena do leite, sem soltar um suspiro de desolação…

P.S. E, felizmente, não vivo nem trabalho no Porto ou em Lisboa, pelo que as habituais más notícias sobre o trânsito pouco ou nada me dizem.

4.10.06

Roma


Estarei por aqui até Domingo...

3.10.06

Então?

Dizia Luís Fazenda no jornal das 9 na SIC-N, referindo-se ao muro que os EUA pensam construir na fonteira com o México: "os deserdados do mundo querem ir para os países mais prósperos" (cito de cor). Pensava que segundo a cartilha do BE os Estados Unidos eram um inferno para viver...

Máscaras


Bem mais divertidas que as vulgares máscaras cirúrgicas. Mas como os hospitais portugueses andam a tentar conter despesas...

Ainda o major

Desculpem a recorrência do tema, mas é preciso um desplante desmesurável para que o ex-presidente da Liga, sabendo das escutas telefónicas que vieram a público, venha agora dizer que os problemas do futebol se resumem à arbitragem e à disciplina. Haja lata!

Urgências

Reformar o serviço de urgência em Portugal é quase como fazer a quadratura do círculo. As dificuldades são mais que muitas. Um dos grandes problemas é sobreutilização que os portugueses fazem das urgências.
A quantidade de pessoas que recorrem sem um verdadeiro motivo é inumerável. Nós, talvez por qualquer razão cultural, nunca conseguimos fazer uma utilização racional de algo que é quase gratuito (pensamos nós). Pode-se argumentar que esta utlização desnecessária advém do mau funcionamento dos cuidados primários, o que é em parte verdade, mas não explica tudo. Por exemplo, qualquer médico que já tenha passado pela urgência geral, deparou certamente com as enchentes de segunda-feira, geralmente, em busca de uma qualquer justificação para não ir trabalhar. Claro que os problemas do S.U. não se resumem a isto mas não deixa de ser um problema pertinente.

No que diz respeito ao encerramento dos S.U. de 14 locais parece-me que 45 minutos de distância não será lá muito razoável...

2.10.06

O seu a seu dono

Segundo a edição on-line do jornal A Bola, o novo presidente da liga, Hermínio Loureiro (o apelido não augura nada de bom), referiu-se ao Apito Dourado como "uma vergonha para a Justiça portuguesa". Antes de mais, até por que devia estar presente o grande Major como Presidente da AG, devia dizer que o Apito Dourado é uma vergonha do futebol português. Independentemente da inoperância da nossa justiça devemos é reflectir na miséria (um eufemismo neste caso) que é o dirigismo desportivo português. Também é de salientar a brandura com que o jornalismo desportivo (que nem é bem jornalismo) tem lidado com esta história...

O saudável poder autarca

O presidente da Junta de Freguesia de Crespos, do concelho de Braga, viu o seu mandato declarado extinto pelo Tribunal Adiministrativo e Fiscal de Braga, por ter autorizado a construção de uma habitação em terrenos da Reserva Agrícola Nacional.
De referir que a pessoa que beneficiou dessa autorização foi a sua esposa.
O citado presidente defende-se, argumentando que a obra estava devidamente licenciada pela Câmara Municipal de Braga, essa verdadeira escola de virtudes...

Democracia

Tem sido interessante apreciar o silêncio e o assobio para o ar, por contraposição às reacções ao que se passa um pouco mais a norte, com que muitos têm acompanhado a verdadeira via sacra de Lula da Silva, nos últimos tempos, a propósito dos escândalos de corrupção que constantemente o rodeiam, seja no governo, no partido, ou mesmo na organização da sua campanha.
Ao que parece, os brasileiros estavam um pouco mais atentos…