18.10.06

Aborto

Relativamente ao problema do aborto também eu não tenho certezas. Tenho dois princípios gerais que regem a minha posição. Por um lado considero que o julgamento e a condenação de mulheres que praticaram o aborto não é solução para o problema e, pelo contrário, é algo que as coloca numa situação desumana de exposição pública, com divulgação e exploração de problemas sociais e familiares graves que estão, na maioria dos casos, por detrás destas situações. Um aborto não é um acto premeditado mas antes realizado sob forte perturbação emocional, quando a mulher encontra na gravidez não prevista um factor de grave desestabilização a vários níveis. Por outro lado, não posso ocultar a minha oposição total à eliminação, sem justificação médica séria, de um ser humano real, não imaginário, com existência própria, que se encontra ainda numa fase inicial do seu desenvolvimento e, devido a esse facto, está dependente da total protecção da mãe, o que inclui o isolamento do meio externo. Por isso, não concordo com a "liberalização" do aborto, isto é, penso que o Estado não deve proporcionar às mulheres meios para executar um aborto, salvo nas condições previstas na lei (e que incluem aspectos psicológicos graves da mãe). O Estado deverá proporcionar os meios para que a mulher não seja empurrada para o aborto como última solução dos seus problemas. Em conclusão, embora a actual lei preveja já as situações que eu considero admissíveis para abortar em estabelecimentos públicos ou privados, penso que deveria ser retirado o carácter criminoso de um acto que, fora dessas condições, seja praticado por iniciativa de uma qualquer mulher que se vê em desespero.

1 comentário:

José Augusto Lucas disse...

O problema estará em provar se a mãe (a que se refere a conclusão) estará ou não em situação de desespero...
Ou (porque não) se o pai estaria ou não também em situação de desespero!

Esta referência ao pai não é feita em sentido machista... a opção reduzir-se à mãe é que poderá ser vista como feminista!