Urgências
Reformar o serviço de urgência em Portugal é quase como fazer a quadratura do círculo. As dificuldades são mais que muitas. Um dos grandes problemas é sobreutilização que os portugueses fazem das urgências.
A quantidade de pessoas que recorrem sem um verdadeiro motivo é inumerável. Nós, talvez por qualquer razão cultural, nunca conseguimos fazer uma utilização racional de algo que é quase gratuito (pensamos nós). Pode-se argumentar que esta utlização desnecessária advém do mau funcionamento dos cuidados primários, o que é em parte verdade, mas não explica tudo. Por exemplo, qualquer médico que já tenha passado pela urgência geral, deparou certamente com as enchentes de segunda-feira, geralmente, em busca de uma qualquer justificação para não ir trabalhar. Claro que os problemas do S.U. não se resumem a isto mas não deixa de ser um problema pertinente.
No que diz respeito ao encerramento dos S.U. de 14 locais parece-me que 45 minutos de distância não será lá muito razoável...
3 comentários:
A relação custo percebido vs custo efectivo justifica parte deste assunto: o que cada "doente" adicional custa ao SNS é indirectamente reflectido a todos os contribuintes, pelo que a parte que tocará ao próprio será ínfima (e não perceptível).
Por isso, não entendo a resistência à aplicação de taxas mínimas obrigatórias (suficientemente altas para demover abusos) por utilização dos Serviços de Urgência, tendo em atenção determinadas categorias comprovadamente não abonadas para suportar esta despesa (ex: recorrendo às declarações de IRS directas ou de quem dependem).
A informação está disponível e pode facilmente ser aplicada (associada ao cartão do SNS), basta vontade política!
Não aceito o argumento de "sistema de saúde acessível a todos da mesma forma", uma vez que o que temos é um "sistema de saúde abusado por alguns e todos a pagar mais da mesma forma"!
Eu concordo que se utilizem taxas moderadoras e com valores mais altos que os praticados. Há tantos abusos no SNS, por exemplo, alguém tem um familiar com um regime especial de isenção, pede-se logo que passem todas as receitas em nome desse familiar... isto é só exemplo.
A realidade é que todas as boas práticas importadas dos países mais desenvolvidos e com enormes experiências de sucesso nesta área só funcionam com a mentalidade e o civismo desses mesmo paises. Nunca com o nosso pensamento de "chico esperto"...
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