27.10.06

Contra o poder

Vasco Pulido Valente, hoje, no Público (link indisponível), defende que, quando existe um governo com maioria absoluta, o líder da oposição é sempre a figura mais criticada.
Permitam-me discordar. Em Portugal, o poder tem um peso desmedido no carisma da pessoa, pelo que quem o detém (seja ou não apoiado numa maioria absoluta) é sempre alvo de sedução e olhado com alguma subserviência por parte da imprensa e opinião pública.
Pelo contrário, quem tem a tarefa de censurar quem está no poder é constantemente objecto de violentas críticas, até que se comece a desenhar a mudança de ciclo político. Apenas nesta última fase é que o líder da oposição começa a gozar de respeitabilidade, ou não estivesse ele na iminência de se tornar no chefe do governo.
Basta olharmos para o modo como Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso (com excepção do período após a demissão de Guterres) e Ferro Rodrigues foram tratados. Todos eles eram considerados inaptos para o lugar, surgindo, constantemente, vozes que lhes indicavam a rua como único destino possível.
O único líder recente que não teve de passar por tamanha provação foi José Sócrates, mas, unicamente, porque o PSD lhe ofereceu, numa bandeja dourada, Pedro Santana Lopes.
Quer isto dizer que, a meu ver, a conclusão de VPV peca, mas apenas por defeito.

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