14.1.05

Confusões na Saúde

Há poucos dias, os enervantes rodapés dos noticiários televisivos passavam a notícia de que Sócrates queria o "fim dos Hospitais-empresa". Durante a reportagem, as declarações de Sócrates em nada confirmaram esta ideia pois o quase certo primeiro-ministro referiu que a sua proposta era transformar os Hospitais S.A. em empresas públicas, o que, na prática e felizmente, pouco altera em relação ao tipo de gestão, que continua a ser empresarial. Enfim, mais um caso triste de confusão lançada pelos jornalistas que ainda não perceberam bem as diferenças entre privatização e empreserialização. No dia seguinte, ouvi várias pessoas, na sua maioria profissionais da área da saúde, a congratularem-se com esta alteração por entenderem que as coisas vão voltar a ser como dantes. Tentei, em vão, desiludi-las pois parece-me que o caminho da exigência e do rigor vai mesmo prosseguir, qualquer que seja o partido que vença as eleições. Infelizmente, poucas pessoas estão conscientes de que a sociedade já não está disposta a tolerar o esbanjamento e o desperdício existente no Sistema de Saúde, ainda que justificado por uma pretensa preocupação com o bem dos doentes. Quando se diz que não se pode poupar com a Saúde, ou que a Saúde não tem preço, isso só significa que se devem usar todos os meios disponíveis e comprovadamente úteis em determinada situação; este axioma não é justificação para o despesismo nem para manter privilégios.

1 comentário:

Horácio L. Azevedo disse...

Tens toda a razão. É chocante como alguém fala do passado como um paradigma a seguir. E nós sabemos bem a vergonha que é a função pública médica...