12.1.05

Portugal dos pequeninos

Foi anunciado que a SIC se prepara para fechar a sua delegação de Braga no espaço de um mês, transferindo os seus colaboradores para a sua delegação do Porto.
Trata-se de uma má noticia, sem dúvida. Não que tivesse notado uma especial atenção por parte da SIC aos principais problemas da nossa cidade ou até do distrito. No entanto, com esta medida ainda ficamos mais longe da atenção do resto do país, principalmente daqueles que podem influenciar e intervir junto dos órgãos de decisão.
Portugal é um país cheio de assimetrias, centralizado, em que tudo se passa em Lisboa e alguma coisa, pouca, no Porto. O resto do país é votado ao esquecimento, só sendo lembrado quando algo realmente fora do comum acontece (geralmente notícias quase circenses, dignas de um qualquer espectáculo de horrores e de puro "voyeurismo" televisivo). Por via disso, todos aqueles que exercem cargos de poder afastados dos grandes centros, como Lisboa ou Porto, não têm de passar pelo exame diário da sua actuação ou pelos juízos da opinião pública(da). Gozam constantemente de grande condescendência, sendo sempre aceites e tolerados, nem que seja pela simples antiguidade no cargo. É como se lá do alto da cadeira da capital se passasse um atestado de menoridade a todo o resto da população que não teve a "felicidade" de aí ter nascido.
A título de exemplo, podemos lembrar o caso de José Luís Judas que por ser autarca da zona de Lisboa, e onde vive gente com acesso à informação, viu as atrocidades que cometeu à frente da Câmara de Cascais expostas em todos os jornais nacionais.
Quem chega a Braga não vê nada melhor do que aquilo que foi (des)feito em Cascais, bem pelo contrário e bem mais reiterado, já que foi feito num espaço de tempo bem mais alargado. Porém, nunca vimos tais factos merecerem umas simples nota de rodapé, agora tão em voga nos espaços de informação televisiva dos nossos canais generalistas.
Este tipo de acções em nada favorecem a democracia, principalmente a democracia local, e apenas contribuem para um Portugal cada vez mais tacanho e sem ambição colectiva.

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