11.1.05

Uma questão de fé

Tendo em conta as pobres actuações do FCP no Estádio do Dragão e a sucessão de maus resultados, só comparável aos tempos mais recentes de Octávio Machado, é surpreendente a ainda considerável adesão do público ao estádio (mais de 30 mil no último jogo).
Para analisar correctamente esta aparente tranquilidade da relação entre o clube e a massa de adeptos temos que recuar alguns anos. A contratação de Fernando Santos foi o primeiro sinal desta doença degenerativa que afecta o FCP e a sua direcção. Nessa altura, a situação estava compensada devido ao fenómeno Jardel, que permitiu ainda a conquista sofrida do último campeonato do penta. Posteriormente, mesmo com a vitória em Taças de Portugal, era visível a crescente degradação da equipa, o que levou à substituição de Fernando Santos por Octávio Machado, símbolo de grandes conquistas no clube. Este treinador, ao fim de pouco tempo repudiado pelos associados, não conseguiu piores resultados do que um tal de Victor Fernandez, que ainda goza do benefício da dúvida dos adeptos.
E, perante estes dois casos de flagrante fracasso, porquê a diferença de tratamento pelo público?
A explicação só pode ser uma, resultante de um equívoco chamado José Mourinho! Após 2 anos de conquistas, com tanto de extraordinário como de improvável pela trajectória descendente da equipa nos tempos pré-Mourinho, retomou-se o rumo de desgoverno traçado pela Direcção de Pinto da Costa. O público, deslumbrado pelas vitórias recentes, nunca antes sonhadas, continua a rumar ao Estádio numa atitude quase religiosa para revisitar o lugar onde o milagre aconteceu. Fernandez não é mais do que um sacerdote, de fracas capacidades, que preside ao culto; o Deus Mourinho, esse já só está presente no espírito dos adeptos.

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