E tudo o vento levou...
Está época tem mostrado que os dois últimos anos do FCP tinham muito de Mourinho, quase tudo, até. Olhamos para aqueles jogadores que tantas alegrias e jornadas inesquecíveis deram ao futebol português, e só vemos doces recordações, num presente angustiante.
A equipa encontra-se totalmente à deriva, sem identidade, sem fio de jogo, sem disciplina, resumindo, olhamos para o Porto e não vemos nada.
O treinador não se cansa de pedir tempo, actuando como se a responsabilidade fosse de todos, menos dele. Sempre que o jogo lhe corre mal, aparece com o ar mais natural do mundo, a dizer que a equipa jogou mal, não seguiu as suas orientações, não pressionou, falhou golos e andou sempre atrás do resultado. O que ele ainda não percebeu é que é o treinador que tem de fazer alguma coisa para mudar a situação. É para isso que lhe pagam e é essa a sua função. Se for só para traçar diagnósticos, qualquer adepto que costume assistir a meia dúzia de jogos por época consegue chegar à conclusão que Fernandez chegou. Mas olhamos para o banco, e Fernandez parece o mais desesperado e impotente dos adeptos.
Dizia-se que esta não era a sua equipa, pois não tinha tido voz na escolha de nenhum jogador, além de Fabiano (o que, olhando para o seu rendimento, não deixa de ser sintomático).
Vai daí, dispensou-se Carlos Alberto e Derlei. Dizia-se que, com isso, fortalecia-se a disciplina e abafava-se, um pouco, o sotaque brasileiro do balneário. Mandou-se embora um dos jogadores com maior potencial que me lembro de ver jogar e um dos símbolos das últimas conquistas. E se a saída de Derlei até pode ter sido um bom negócio, a de Carlos Alberto é inexplicável.
A verdade é que, chega-se ao final, e o número de jogadores brasileiros até aumentou. Só ontem, a equipa do Porto tinha tantos brasileiros como portugueses no onze inicial. E, com o decorrer do jogo, ficou com uma equipa que certamente faria as delícias do brasileirão.
E, em relação à disciplina, as imagens (tão ao gosto da conselho de disciplina da liga, quando se trata ao FCP) falam por si...
Leó Lima veio subsituir Carlos Alberto. E se foi lesto em nos fazer lembrar o que de pior tinha o pequeno carioca, já quanto ao talento inato, capacidade de drible, de arranque e força, estamos conversados.
Fernandez teve ainda o mérito de nos mostrar que qualquer jogador é melhor do que aqueles que foram campeões da europa. Só assim se compreende que qualquer jogador novo, se chegar ainda a tempo de participar nos últimos 5 minutos do treino, tem, de imediato, lugar no onze.
A este propósito, pode-se questionar também da esolha de alguns jogadores (como Pepe e Fabiano) que poucos compreendem, mas penso que o problema vai muito para além de quem está ou não a jogar.
Não quero com isto diminuir o valor do Braga. Tem, sem dúvida, uma boa equipa, com alguns bons valores. Tem uma defesa muito segura (com destaque para Nunes), um meio campo forte (grande mérito para a descoberta desse craque que é João Alves) e um ataque interessante (onde Wender teima em surpreender, sobrando-lhe em eficácia o que lhe falta em estilo). Sem dúvida, a equipa portuguesa que venceu o Porto com maior contundência. No entanto, olhando para um e outro lado, nunca o jogo poderia ter levado o rumo que levou. Em dez jogos contra o Braga no Dragão, este Porto teria de vencer os dez. Mas pior do que perder, é a forma como perdeu.
A conclusão a retirar de tudo isto é que o prazo de validade de Victor Fernandez terminou, e apesar de a direcção do Porto estar numa posição muito difícil, em consequência do que se passou no início da temporada, e estar longe de se encontrar isenta de responsabilidades em tudo isto, neste momento, a solução passará sempre por tomar uma medida: demitir o treinador.
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