9.1.05

Férias em São Tomé

Morais Sarmento está, de acordo com o que foi hoje veiculado nos noticiários, a passar uns dias de férias em São Tomé e Príncipe, após uma viagem oficial em que o ministro foi assinar um acordo de cooperação entre a RTP e a televisão desse país. Evidentemente, os dias que excedem o período da viagem oficial estão a ser pagos pelo ministro e não pelo Estado português. Até aqui, devo dizer com franqueza, não consigo vislumbrar qualquer comportamento criticável do ministro uma vez que não há encargos adicionais para o Estado em virtude de ele prolongar a sua estadia em São Tomé. Podemos, no entanto, conceder que nesta situação há o aproveitamento de uma viagem oficial para satisfazer interesses pessoais, o que mesmo sem lesar o Estado, pode levantar problemas éticos.
Ora, acontece que José Junqueiro, um dirigente do Partido Socialista, a propósito desta notícia, acusou o ministro Morais Sarmento de estar a "delapidar o Estado português" numa altura em que o país atravessa uma grave crise orçamental. Esta crítica do PS parece-me incompreensível nos termos em que foi feita. A existir "delapidação" não parece ter sido por o ministro ter prolongado a viagem mas sim pela viagem oficial propriamente dita se, de facto, a visita a São Tomé era supérflua e inútil.
O que realmente me preocupa com esta intervenção de Junqueiro é se o PS quer convencer as pessoas de que evitando esta delapidação do Estado português se pode controlar o défice sem outras medidas profundamente impopulares mas consideradas essenciais pelos especialistas. O corte em certas regalias dos políticos e a poupança nas festas e nas viagens parecem-me medidas totalmente correctas mas não são, de modo nenhum, a solução para os problemas do país.

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