23.1.06

Manuel Alegre

O resultado de Manuel Alegre, apesar de extraordinário, não é totalmente surpreendente. De facto, vários factores favoreceram o desempenho da sua candidatura.
Em primeiro lugar, a candidatura de Mário Soares foi encarada por muitos socialistas como pouco credível e até mesmo absurda, o que provocou uma cisão dentro do próprio PS, que nem mesmo a obrigação de alinhamento partidário pôde evitar. Este sentimento de descrença em Mário Soares sentiu-se ainda mais nas camadas populares afectas ao partido socialista que se viraram para Manuel Alegre como opção lógica. A ter existido uma candidatura forte no PS, Manuel Alegre não teria certamente tantas facilidades.
Por outro lado, a condição de candidato não oficial do PS pode ter favorecido Alegre na medida em que o libertou da herança do Governo de Sócrates que, em face das medidas impopulares que tem tomado, vem criando animosidade na população. Se Manuel Alegre surgisse ao lado do primeiro-ministro e dos ministros do Governo durante a campanha, teria provavelmente suscitado reacções adversas de muitos eleitores.
O mérito de Alegre tem, apesar de tudo, de ser reconhecido. Apesar de ter muitas vezes afirmado que o seu objectivo era derrotar Cavaco Silva, o seu discurso não se limitou a isso, e talvez por não ter sido apenas um instrumento partidário, enriqueceu a campanha com ideias políticas próprias, o que é de louvar.

2 comentários:

João Pedro Martins disse...

Quanto às "...ideias políticas próprias..." é que eu desconfio um bocado. Mas também podia estar distraído com as asneiras sucessivas do Co Adriaanse...

Horácio L. Azevedo disse...

Também não vi grandes ideias...