O meu voto
Domingo vou votar em Cavaco Silva. E vou votar não por exclusão de partes, ou por ser um mal menor, mas porque acredito sinceramente que Cavaco Silva será um bom Presidente da República.
Em primeiro lugar, e pese embora o que de mal também foi feito, a história tem-me demonstrado que Cavaco Silva terá sido o melhor Primeiro-Ministro que Portugal já teve. É óbvio que isso, até pela diferente natureza das funções, não prova que será um bom Presidente, mas também não valida o contrário. Ou seja, porque é que quem foi um bom Primeiro-Ministro não poderá ser um bom Presidente da República? Tenho a certeza que as mesmas qualidades que evidenciou na altura poderão ser aplicadas, num âmbito diferente, nas novas funções. Não vejo porque é que expressões como “trabalho”, “dedicação, “serviço”, “responsabilidade”, “seriedade”, “vontade de fazer”, não podem ser associadas ao Palácio de Belém. Até porque, tenho a certeza, pelo menos algumas delas, já lá habitam neste momento.
Um Presidente da República pode ajudar muito um governo sem se imiscuir nos seus poderes e competências e sem gerar confrontos estéreis e meras provocações para satisfazer interesses pessoais e agendas políticas. Além disso, pode e deve dar uma imagem de honestidade e integridade para servir de exemplo à população e dar-lhe autoridade redobrada para se pronunciar sobre determinados assuntos e acontecimentos que, infelizmente, crescem no nosso quotidiano, como nomeações clientelares e problemas com a Justiça.
Em segundo lugar, Cavaco Silva tem um bom perfil político para desempenhar o lugar. O facto de ocupar como poucos o centro político permite-lhe não ficar de refém de nenhuma força partidária e poder temperar os seus devaneios mais sectários.
Portugal vive demasiado sobre a sombra do Estado para termos um Presidente que defenda que tudo dele (Estado) depende e que tudo lhe podemos cobrar. Ao mesmo tempo, é um país demasiado assimétrico e pobre para poder satisfazer o apetite economicamente liberal que muitos demonstram, ainda que simpatize com muitas dessas ideias.
Acho, portanto, que Cavaco poderá fazer como poucos a ponte entre esses dois pensamentos.
Também me parece que será o candidato que saberá dar mais estabilidade à actual solução governativa e a José Sócrates. Não só por concordar com as suas ideias, mas também por essa concordância ser esclarecida. E, presentemente, Portugal precisa muito de estabilidade.
Está genuinamente liberto e independente dos partidos, que não o poderão utilizar para guerrilha interna partidária, baseada em pequenas vinganças e jogos de poder, e oposição ao governo.
Também eu estou longe de achar que existem homens perfeitos, mas não tenho a menor dúvida que por si e por preferir Cavaco Silva à superficialidade de Alegre e à arrogância de Soares, que apenas têm demonstrado o vazio das suas candidaturas, o meu voto tem destino certo no próximo dia 22.
2 comentários:
E o meu vai logo a seguir ao teu. Logo pela manhã.
Já tenho pensado que, de todas as vezes que fui chamado a exercer o meu dever cívico (desde 1997), nunca me foi tão clara a escolha a fazer.
E deverei sair para comemorar em caravana com a mesma vontade com que o fiz na vitória de 1991 e que nunca mais se repetiu.
Espero podermos comemorar juntos.
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