Mário Soares
Se o anúncio da sua candidatura foi muito surpreendente, o resultado que obteve nas eleições foi bastante previsível. Mário Soares foi claramente uma solução de recurso do PS que sabia, de antemão, que teria que enfrentar a temível candidatura de Cavaco Silva. Face à indisponibilidade de figuras como António Vitorino e António Guterres, que seriam candidatos indiscutivelmente fortes, a liderança do partido viu-se na incómoda situação de não ter um candidato presidencial com elevada notoriedade. A escolha de figuras de 2º plano, como Manuel Alegre (que já se tinha disponibilizado), seria certamente problemática pois encontraria resistências em facções do partido que reclamariam pela escolha de outro nome. Assim, dadas as difíceis circunstâncias, para encontrar alguém com notoriedade pública mantendo a unidade interna do PS, Sócrates viu-se constrangido a empurrar Mário Soares para a luta eleitoral, mesmo com pouca convicção. Ora, desde logo se viu que a candidatura de Mário Soares não tinha fundamento político e muito menos bases de apoio na população, era sim uma solução de último recurso, usada por Sócrates para não desprestigiar o maior partido português. Conseguiu-o, de facto, à custa da humilhação de Mário Soares que não merecia, pelo seu passado e pelos altos cargos que desempenhou, ter sido submetido a tão duro sacrifício. Felizmente, toda a gente percebeu que Mário Soares não participou genuinamente nestas eleições e isso atenua as consequências pessoais e políticas para o candidato derrotado do PS.
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