Papagaios
É sempre interessante ouvir os analistas a dissecar todos os acontecimentos em dia de Eleições.
Desde o que eles vêm e ouvem, até ao que julgam ver e ouvir e ao que gostariam de ter visto e ouvido, vale tudo.
Quando o tempo de antena é tanto, é natural que tenham que se criar factos para dar a ideia de que se vê sempre um bocado mais além que os outros.
Faz-me lembrar as análises às obras literárias que tinhamos que estudar no liceu, em que eu passava as aulas a imaginar as voltas que o Eça devia dar no caixão cada vez que um professor via uma profecia da desgraça futura na descrição de um puxador de uma porta de armário!
É precisa muita imaginação...
Por outro lado vale a pena ouvir quem realmente realça pontos que merecem ser realçados:
- Nuno Rogeiro por exemplo, esteve bem ao lembrar que Soares delineou o seu discurso à volta da sua derrota para Cavaco Silva, quando a sua maior derrota foi contra Manuel Alegre, a quem ele não dispensou uma palavra no seu texto;
- Lobo Xavier fez bem em realçar a dimensão Nacional destas eleições e as consequências que o PS e o Governo poderão e deverão retirar destes resultados.
Devo dizer que estava à espera de uma vitória mais categórica do meu candidato. E isso só não terá acontecido porque, ao contrário do que muitos têm dito, a sua campanha foi muito fraca.
Principalmente porque ela não teve nada de empolgante. Eu sei que temos uma população maioritariamente de centro-esquerda e que os tempos que correm não são grande alavanca ao entusiamo político num candidato, seja ele qual fôr, mas Cavaco soube-me a muito pouco e não esteve nada à altura da imagem que eu guardava dele.
Mas não perco a esperança de a voltar rever agora que ele vai voltar a fazer parte do nosso quotidiano. Felizmente.
2 comentários:
Preferis um bom candidato ou um bom presidente?
Defenderieis o "vale tudo" para a nossa candidatura tal como fazem aqueles por vós criticados?
Então e essa coerência?
É claro que eu não pretendia ver Cavaco Silva nem a fazer acusações constantes ao seus adversários (não que me importasse que o fizesse - e material para tal não lhe falta - embora ache bem que não o tenha feito) nem a respoder-lhes a toda a hora no tom rasteiro
e grosseiro com que foi assiduamente acusado.
Só que vai uma grande distância entre esses dois comportamentos possíveis e um outro que passava por não deixar que tudo fosse dito impunemente e sem resposta acerca da sua pessoa e do seu passado.
Bastava meia dúzia de pontos nos is certos, feita no tom educado e respeitador que felizmente o diferenciam na classe política. E se fosse um bocado veemente na resposta também me agradaria. No fundo o que me decepcionou foi a sua passividade que eu considerei exagerada.
Mas isso é passado e agora penso que não voltarei a ser desiludido. Nem poderia nunca ter suscitado qualquer dúvida no destino que iria dar ao meu dever do dia 22, como não suscitou.
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