12.2.05

Maioria absoluta

A análise da história recente da política portuguesa leva-me a concluir que seria altamente desejável que, nas próximas eleições, surgisse uma maioria absoluta (de um ou mais partidos) para sustentar as necessárias medidas impopulares de um futuro Governo. As maiorias relativas dão origem a governos fracos que, para garantir a sobrevivência, seguem um trajecto sinuoso de cedências, à esquerda e à direita, que torneiam os problemas de forma tangencial sem os resolver. A vida política passa a estar centrada nas negociações, nas votações e na aprovação das leis, sendo colocada para segundo plano a concretização de um programa de Governo. A gravidade da situação em que o País se encontra exige que se identifiquem e se resolvam definitivamente os problemas estruturais que têm estrangulado o desenvolvimento económico e social. Numa palavra, neste momento precisamos de um Governo forte e com poder de decisão.
Se isto é verdade, também é certo que nenhum dos candidatos a primeiro-ministro oferece qualquer garantia de qualidade. De um lado temos um Santana Lopes excessivamente espontâneo e descontrolado, sem qualquer estratégia, que dia a dia, perante um microfone, solta as suas emoções de forma impulsiva, assumindo uma postura desesperada que lhe retira qualquer crédito, sendo a principal figura de uma campanha infeliz que tenta, a todo o custo, descredibilizar os opositores e apostar na vitimização. Do outro lado, vemos um José Sócrates sem perfil de líder, reduzindo as suas intervenções públicas ao mínimo, com um discurso ensaiado, fraco e vazio, dando a diferentes perguntas sempre as mesmas respostas, e fazendo-se rodear das figuras mais marcantes do guterrismo.
A situação do País é tanto mais dramática quanto, no momento em que precisava de liderança, competência e estabilidade, se vê no constrangimento de ter que escolher entre 2 dos piores candidatos que conheceu nos últimos anos. Faço votos, ainda assim, para que a estabilidade do próximo Governo não dependa dos partidos à esquerda do PS.

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