A campanha dos jornalistas
Existe algo verdadeiramente enervante em todas as campanhas eleitorais: o estilo paternalista, altivo e omnisciente dos repórteres que cobrem as iniciativas de cada partido.
Já não há pachorra para o tom sarcástico com que os jornalistas elaboram todas as suas reportagens. Todos eles são lestos em apontar as falhas e os truques primários que os políticos em campanha utilizam para tentar ganhar protagonismo e vencer a contagem no número de apoiantes.
No entanto, e como bem focou Pacheco Pereira, acabam sempre por medir o sucesso dessa mesma campanha utilizando as tais medidas que consideram impróprias e pouco edificantes.
Se um candidato não vai à rua beijar as criancinhas e apertar a mão aos reformados é porque tem medo, se o faz é porque é demagógico e populista. Todos sabem que os comícios já não têm um mínimo de espontaneidade, mas o número de pessoas a assistir é sempre devidamente levado em conta.
A comunicação social vive hoje num auto proclamado estatuto de juiz de última instância, infalível, acima de tudo e todos e imune ao erro, mas sempre que pode marcar a diferença, recusa-se a fazê-lo. Os políticos são populistas nas suas acções, a comunicação social, pelo contrário, limita-se a satisfazer a vontade do povo.
Em boa verdade, existe um candidato, que apesar de começar a sofrer na pele o desgaste dos anos, perdendo o efeito novidade, continua a gozar de uma certa complacência nas suas acções que é Francisco Louçã. Quando o vemos à porta das fábricas ou a percorrer as ruas de qualquer cidade, em nada se diferencia dos outros candidatos. Porém, a cobertura dos jornalistas assume sempre um carácter mais sério, atribuindo-lhe sempre um abrangente sentido democrático.
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