21.2.05

Indiferença de Santana Lopes

Santana Lopes protagonizou ontem, durante a noite eleitoral, mais um momento surpreendente (ou talvez não). Quando se esperava, no mínimo, uma pose séria, de consternação e tristeza devido à sua responsabilidade no embate sofrido, eis que surge um líder do PSD sorridente e com um ar despreocupado, agradecendo aos seus fiéis e ruidosos apoiantes.
O conteúdo do discurso veio depois justificar esta postura quando, com uma filosofia barata, Santana Lopes provou que as derrotas eleitorais são até proveitosas na medida em que permitem saborear melhor as vitórias.
Se o estilo desinibido e inconsequente de Santana era por todos bem conhecido e não constituiu surpresa, já a sua total indiferença afectiva perante um acontecimento tão marcante como foi esta derrota eleitoral chega a ser patológica. A postura inadequada do líder do PSD revela uma incapacidade de envolvimento emocional e pessoal na situação vergonhosa que o partido ontem viveu, que foi uma das mais negras páginas da sua história eleitoral, e que todos os seus militantes e simpatizantes viveram com angústia. Qualquer líder político, ainda que frio e insensível, teria ontem sentido claramente que a sua continuidade seria indesejável para a recuperação do partido nos próximos tempos. Ainda que Santana Lopes considere que tem condições para continuar, por uma questão de dignidade pessoal era obrigado a demitir-se ontem, nem que fosse para se recandidatar no próximo congresso.

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