21.2.05

Hipocrisia

Santana tem a memória curta, ele que se queixa da falta de união, das punhaladas nas costas, esquece-se que no passado sempre foi um factor de divisão, que sempre reclamou espaço para criticar tudo e todos (era a versão enfant terrible que se transforma em menino-guerreiro) e chegando ao cúmulo (como a memória pode ser mesmo selectiva) de ameaçar fundar um novo partido.
Depois deste passado movido pela mais pura ambição pessoal vem agora preparado para queimar tudo à sua volta, um ajuste de contas contra os que não lhe reconheceram as virtudes que ele julga ter.
Acompanhado pelo que há de mais medíocre no PSD, o menino-guerreiro vai fazer a última (espero) birra que pode sair muito caro ao futuro do partido. Os ressentimentos estão à flôr-da-pele.

Mas o problema do PSD não se resume a Santana, o partido profissionalizou-se politicamente, no pior sentido da palavra. Marcos Antónios, Antónios Pretos tornaram-se paradigmas de um novo PSD, dependente do lobby autárquico, das jotas, em que a política se torna um objectivo per si, um modo de subsistência, um eufemismo para "arranjar um tacho". Personalidades sem qualquer relevo na vida civil, mesmo exemplos de mediocridade e de falta de honestidade, tornam-se reconhecidas e autorizadas vozes partidárias.
Claro que isto não é um problema individual do PSD e ameaça a vida de todos os partidos do arco do poder.
Está a atingir-se a ironia suprema, os cargos mais difíceis e exigentes vão sendo ocupados pelos menos capazes.

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